Profissionais do Bradesco na sede, em Osasco: 47% dos jovens se veem trabalhando no banco pelos próximos dez anos (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 19h23.
São Paulo - Atualmente, o Banco Bradesco consegue o que é um verdadeiro sonho para boa parte das empresas brasileiras: reter talentos. Em tempos de escassez de mão de obra, a instituição tem uma rotatividade de jovens de 6,2% — dos quais apenas 2% saem voluntariamente.
A média entre as participantes da pesquisa é de 21,8%. Entre os mais novos, 47% se veem trabalhando na companhia pelos próximos dez anos. Como a empresa faz essa mágica?
A resposta está no plano de carreira sólido e no largo alcance da organização. Conhecido por ser formador de profissionais, o início no banco é aos 19 anos. A maior prova está na presidência, nas mãos de Luiz Carlos Trabucco Cappi, funcionário de carreira da instituição, onde entrou aos 18 anos, em 1969.
A mesma história se repete com toda a diretoria. “Recentemente, dois executivos se aposentaram, isso gerou a movimentação de 17 pessoas que foram promovidas”, afirma José Luiz Rodrigues Bueno, diretor de recursos humanos, lembrando uma reestruturação na diretoria da empresa.
Para chegar até a presidência, Trabucco levou 22 anos, mas a galera do Bradesco não parece ter muita pressa. Ficar no banco por muitos anos não é um problema. Prova disso é que, dos 86 263 funcionários, 3 584 são ex-alunos da Fundação Bradesco, uma iniciativa social no setor de educação. As promoções geralmente são atreladas à rotação de cargos ou à expansão estrutural da instituição — no ano passado 45% dos jovens foram promovidos.
Por enquanto, o Bradesco cresce, mas a moçada teme pela estabilização do cenário. O salário, pouco acima da média de mercado, é elogiado. Os gestores já se mostram mais hábeis na redução das formalidades e na aproximação com essa geração.
“Em um evento, tive liberdade de pedir a palavra para o presidente. Isso é único”, diz um dos jovens. O que permanece é a obrigatoriedade dos trajes formais — e eles não fazem a menor questão de abandonar a gravata.
No que tange à rotação de cargos, embora José Luiz Bueno garanta que não há qualquer impedimento para movimentações laterais, porém, quem está na estrutura administrativa do Bradesco não se sente parte dessa dinâmica. O pessoal que trabalha atrás da linha de frente das agências “acaba ficando sem visibilidade”, diz um funcionário.
A turma adora os treinamentos disponibilizados pela instituição — foram 171 milhões investidos no último ano —, mas acredita piamente que a maior parte do aprendizado acontece durante o horário de serviço. Principalmente porque o trato diário com o mais variado público traz experiências além dos quesitos técnicos. “Eu aprendo diariamente a lidar com pessoas”, afirma um empregado.