Fernando Rocha: após a demissão, vieram os novos projetos, tocados de casa. E, então, a pandemia. "Eu já estava acostumado com o home office e com a vida 'apijamada'", conta. (Ramon Vasconcelos/TV Globo/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 16h17.
Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 18h45.
Em fevereiro do ano passado, o jornalista Fernando Rocha, recebeu uma notícia nada agradável: ele estava demitido da TV Globo, onde trabalhou por quase três décadas e, desde 2011, ancorava o programa Bem Estar, nas manhãs da emissora.
A notícia da demissão veio de uma maneira brusca, diz ele. "A sensação que eu tive quando eu tive uma reunião de 3 minutos e quase 30 anos de história esfarelam assim na minha frente foi de um desamparo total, de perder coisas essenciais na minha personalidade", diz Rocha, entrevistado desta semana do Como Cheguei Aqui, podcast da EXAME sobre a trajetória profissional de personalidades brasileiras do mundo corporativo e da tevê.
Num bate-papo com a jornalista Luísa Granato, que cobre assuntos de Carreira em EXAME, Fernando Rocha contou histórias de sua carreira e compartilha aprendizados do seu novo livro “Como Ser Leve em um Mundo Pesado”.
Lançada recentemente pela editora Rocco, a obra retrara a jornada do apresentador de tevê na busca de um propósito de vida após a demissão da emissora.
A conclusão: "ser demitido é parte integrante do mundo corporativo", diz o jornalista. "Não quero ficar lamentando e nem me vitimizando sobre isso." No episódio de Como Cheguei Aqui, Rocha dá cinco dicas a quem perdeu o emprego e está em busca de um novo sentido para a vida:
Para Rocha, uma demissão é precedida de sinais relevantes sobre esse desfecho. Os sinais para o jornalista apareceram quando os âncoras do Bem Estar foram deslocados à cidade mineira de Brumadinho para cobrir a tragédia causada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, em janeiro do ano passado. "O trabalho era procurar segmentos de corpos e restos de gente", conta Rocha, para quem isso tinha pouco a ver com o próposito de um programa chamado Bem Estar. "Era um sinal de falta de rumo e de entendimento", diz ele, demitido no mês seguinte. Em março daquele ano o programa perdeu espaço na emissora.
O jornalista sustenta o argumento de que é preciso moldar-se às necessidades do mundo corporativo. Em 2019, conta ele, a demissão fez ele imaginar ter caído de "um caminhão de mudança" tamanha a sensação de vazio que a notícia causou. Desde então, ele investiu em projetos paralelos, como o podcast Na Medida do Possível, sobre assuntos de comportamento - um projeto que também virou livro. Em 2020, quando os projetos já estavam encaminhados, veio a pandemia. "Eu já estava acostumado com o home office e com a vida 'apijamada'", conta.
Rocha diz ser contrário às vitimizações. "Isso é um pântano que quando alguém entra fica com dificuldade de sair", conta. Para ele, o ideal é ter um plano B na manga e ir atrás do seu propósito de vida num momento de demissão. "Enquanto o plano B for B nunca vai ser A", diz.
O jornalista diz que dar risada das intempéries da vida torna tudo mais leve - até mesmo uma situação chata como a demissão. "Se as pessoas vão rir porque não vou rir primeiro?", diz ele.
As pessoas devem encontrar maneiras de olhar para dentro de si em busca daquilo que faz sentido para elas - e culpar-se menos pelos erros cometidos. "Temos um furacão dentro da gente", diz ele, para qum essas sensações podem ficar indomáveis caso não sejam tratadas com o devido cuidado.