Ao encontrar uma função menos exigente na Amazon, Kristi Coulter aprendeu a importância de desacelerar e usar esse tempo como uma estratégia para crescer profissionalmente (Freepik)
Redator na Exame
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 08h18.
Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 08h21.
Kristi Coulter, ex-funcionária da Amazon, encontrou uma forma inesperada de melhorar sua vida profissional: um trabalho "fácil". Após anos de desafios intensos e uma rotina exaustiva, ela sentiu culpa ao perceber que estava "queimando tempo" em sua nova função. No entanto, essa abordagem menos estressante acabou aumentando sua confiança e eficácia no trabalho.
Segundo a Business Insider, Coulter, que trabalhou na Amazon por mais de oito anos, assumiu um novo cargo na área de Desenvolvimento Executivo da empresa e, para sua surpresa, percebeu que o ritmo era muito mais tranquilo do que o que estava acostumada. Em vez do caos frenético que marcava sua rotina anterior, ela encontrou um ambiente semelhante ao de um departamento de pesquisa universitária. O trabalho era previsível, estimulante intelectualmente e tirava proveito de suas habilidades naturais em pesquisa, escrita e ensino.
Embora se sentisse culpada no início por não estar sob pressão constante, como havia sido treinada na Amazon, Coulter logo percebeu os benefícios em seu novo cargo. Ela dormia melhor, comia refeições adequadas, e, pela primeira vez, conseguia realizar seu trabalho durante o horário comercial, sem precisar estender suas atividades pela noite.
A virada aconteceu quando Coulter se abriu com uma vice-presidente de tecnologia da Amazon, confessando que se sentia mal por achar o trabalho "fácil". A VP riu e a tranquilizou, explicando que é saudável desacelerar de vez em quando, e que o importante era que ela estivesse se preparando para futuros desafios. Essa conversa foi o ponto de virada para Coulter, que começou a valorizar seu tempo como uma forma de se tornar uma profissional mais estratégica, comunicativa e confiante.
A experiência de Coulter no novo cargo a ensinou que "coasting" não significa "quiet quitting", termo traduzido como demissão silenciosa para o portugês. Pelo contrário, ela aprendeu a equilibrar sua carga de trabalho sem comprometer sua saúde e felicidade. Ela também descobriu que, ao focar em suas forças naturais, pôde aprimorá-las e desenvolver novas habilidades complementares.
No ambiente de trabalho da Amazon, onde a gestão de desempenho frequentemente enfatizava as "lacunas" dos funcionários, Coulter se viu constantemente perseguindo habilidades que ainda não possuía, negligenciando seus pontos fortes. No entanto, seu novo cargo deu a ela a oportunidade de investir em suas principais habilidades e, como resultado, seu desempenho e confiança aumentaram drasticamente.
Coulter acredita que essa abordagem pode ser benéfica para outros profissionais. O coasting oferece uma pausa estratégica em que se pode respirar e se reenergizar, sem desligar completamente do trabalho. Ela enfatiza que não é necessário transmitir esse período para os colegas, mas sim manter uma atitude discreta e aproveitar a chance de descansar sem culpa.
Embora o coasting tenha sido uma experiência transformadora, Coulter sabia que esse período teria um fim. Ela desenhou sua função como rotacional, planejando permanecer por dois anos antes de voltar a uma função mais exigente. Quando chegou a hora de sair, Coulter se sentiu preparada e confiante para enfrentar novos desafios, sem a sensação de estar exausta ou despreparada.
Ao assumir um novo cargo em uma área futurista e acelerada da Amazon, Coulter pôde encarar seu chefe com confiança e afirmar: "Sou a melhor pessoa em toda a empresa para este cargo", e ela realmente acreditava nisso.