(Fin4She/Divulgação)
Beatriz Correia
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 10h48.
Blockchain, criptomoedas, NFTs, metaverso, inteligência artificial. De um lado, todas essas novidades tecnológicas entraram para a lista de prioridades da maioria das empresas no meio corporativo e, sobretudo, no mercado financeiro; de outro, a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é um problema real dentro das corporações.
É inegável que cada uma dessas inovações traz uma revolução não apenas nas ferramentas disponíveis para as companhias, mas também no comportamento da sociedade. Afinal, lidar com o dinheiro, por exemplo, nunca foi tão fácil quanto hoje, bastam alguns cliques na tela do smartphone.
No entanto, as mesmas instituições que apostam no poder dos algoritmos ainda sustentam culturas e normas que desvalorizam as mulheres como profissionais e consolidam a falta de equidade de gênero no meio corporativo. A presidente da Caixa Econômica Federal, Daniela Marques, chamou atenção para esse abismo social: “Enquanto discutimos sobre blockchain, ainda existe diferença salarial entre homem e mulher”, afirmou a executiva.
A discrepância entre os avanços tecnológicos e a diferença entre homens e mulheres no meio corporativo foi foco de um dos painéis de discussão do Women in Finance, evento organizado pela Fin4She que reuniu centenas de mulheres do mercado financeiro e promoveu a liderança e o empreendedorismo femininos. (A gravação na íntegra do Women in Finance foi disponibilizada neste link).
De acordo com a Pesquisa Global de Riscos 2022, realizada pela PwC, as empresas brasileiras aumentaram em 68% os investimentos em tecnologias como análise de dados e automação de processos. Quase 90% das instituições nacionais reforçaram a importância de acompanhar a velocidade das transformações digitais para o gerenciamento de riscos.
De fato, acompanhar a revolução tecnológica é de suma importância para a prosperidade dos negócios. Mas, em comparação, pautas de equidade têm sido deixadas para trás na discussão e nas ações.
Basta observar os dados do IBGE sobre a diferença salarial entre homens e mulheres no país. Segundo o órgão, hoje, no Brasil, as mulheres ganham 22% a menos que os homens. É fato que a diferença vem diminuindo (em 2012 era 32%), mas ainda há muito o que melhorar.
O mesmo cenário é visto com a ocupação de cargos de liderança. Atualmente elas ocupam apenas 38% dos cargos de gestão do país. Um levantamento da Grant Thornton mostrou que embora ainda abaixo do necessário, o número vem aumentando, uma vez que em 2019 elas estavam em apenas 25% dos cargos de liderança.
A desigualdade salarial e de posição entre homens e mulheres é apenas um dos contrastes evolutivos do meio corporativo. Dezenas de outras pautas urgentes também seguem na retaguarda.
“Estamos na era do conhecimento e da tecnologia, não deveríamos precisar falar de gênero, raça e orientação sexual no ambiente de trabalho. Me sinto em uma pauta que está 80 anos atrasada, ou seja, é mais do que urgente”, destacou a presidente da Caixa durante participação em painel do Women in Finance.
Para reverter esse cenário é necessária uma ação conjunta de empresas, profissionais e instituições como a Fin4She, que trabalha para promover a equidade de gênero. Para mulheres que buscam maneiras de se destacar, uma oportunidade é a plataforma gratuita 4She, lançada durante o Women in Finance.
No site, executivas, empreendedoras e profissionais de qualquer área podem se cadastrar em um banco de currículos acessado por grandes empresas; conferir vagas e oportunidade; acessar cursos e conteúdos que promovem o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres, além de participar da comunidade criada na plataforma.