Repórter na Exame Corporate Education
Publicado em 16 de julho de 2024 às 11h23.
Última atualização em 17 de julho de 2024 às 14h45.
"Se eu parto de um lugar que eu sei que eu estou certo, por que eu mudaria?" Essa foi a provocação que Alexandre Kiyohara, head de diversidade e inclusão da B3, trouxe para o Petit Comité de RH da Exame, que reúne mensalmente líderes de grandes empresas e um convidado especial para troca de experiências, conhecimento, insights e networking.
Machismo, etarismo, racismo, capacitismo, LGBTfobia, gordofobia, xenofobia, elitismo… ninguém está livre de ter julgamentos preconceituosos. Alexandre explica que mesmo de forma inconsciente ou não intencional todo mundo tem vieses de afinidade que acabam se transformando em barreiras para que haja mais inclusão em ambientes diversos.
“Ainda estamos convivendo muito em bolhas e para quebrar esses vieses todos precisam admitir que têm algum tipo de preconceito a ser combatido. É desconfortável admitir quando não estamos certos, mas mesmo eu, que sou um homem trans e defendo a causa, carrego preconceitos da minha cultura, geração e criação", disse ele.
Alexandre é graduado em publicidade e propaganda, especializado em Gênero e Sexualidade, pós-graduado em Diversidade e Inclusão e tem uma carreira sólida, com passagens por empresas como P&G, Electrolux e Quinto Andar. Hoje, à frente da B3, ele também promove boas práticas de diversidade e inclusão para todo o ecossistema da bolsa de valores do Brasil, tendo colaborado com projetos de empresas como Pantys e Boticário.
“Não basta selecionar, é preciso atrair talentos diversos. E essa atração está relacionada a como uma empresa transparece seus valores, realmente aceita a diversidade e faz a pessoa se sentir segura e em um ambiente inclusivo”, disse o head de diversidade durante o evento.
Alexandre também defendeu a criação de vagas afirmativas, entre 5 práticas fundamentais para promover diversidade e inclusão nas empresas.
1.Gere e gerencie dados sobre diversidade e inclusãoFaça pesquisas de declaração e opinião para descobrir o tamanho do desafio na empresa e gerar dados. O ideal é que as pesquisas e consultorias sejam feitas de forma anônima e terceirizadas para garantir honestidade e segurança nos depoimentos.
2.Adote o currículo oculto nos processos seletivos
Omitir informações como nome, gênero, raça e endereço ajudam a evitar os vieses inconscientes nos critérios de eliminação e fazer com que as pessoas sejam contratadas pelas suas competências
3.Crie vagas afirmativas
“Para haver diversidade é preciso haver equidade de oportunidade. De 2019 para 2024 a B3 aumentou de 8% para 26% o números de pessoas negras, através de vagas afirmativas”, disse Alexandre. Procure empresas de recrutamento inclusivo para encontrar qualificações específicas.
4.Ofereça treinamento para líderes e colaboradores
Um ambiente inclusivo começa por uma liderança inclusiva, letrada na causa, empática e facilitadora. Prepare a liderança para promover um ambiente colaborativo e com segurança psicológica para abraçar as fragilidades que envolvem todos esses temas no mercado de trabalho.
Treinamentos sobre diversidade são fundamentais para capacitação, autoconhecimento, conscientização e boa convivência entre todos os colaboradores.
Quer conhecer os cursos de diversidade e inclusão da Exame? Confira nossa trilha completa aqui.5.Lembre que infraestrutura também é diversidade
Uma infraestrutura inclusiva vai muito além da acessibilidade, como banheiros inclusivos, salas de amamentação, creche etc.
Por fim, Alexandre também reforçou que a diversidade também precisa ser impulsionada por investimentos e impactos financeiros.
“Só posicionamento não basta, precisamos mexer no bolso das companhias. Aqui na B3, por exemplo, não trabalhamos com fornecedores que não têm cláusulas de diversidade”, concluiu Alexandre.
O encontro contou com a presença de representante das seguintes empresas:
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