Por mais que existam leis que amparem PCDs, empresas com mais de 200 pessoas colaboradoras) ainda tem números baixos de contratações desse público, diz estudo da Gupy
Repórter
Publicado em 30 de outubro de 2023 às 14h58.
Última atualização em 30 de outubro de 2023 às 15h16.
Falar sobre diversidade no Brasil está ganhando força com muitas empresas buscando desenvolver e aplicar iniciativas para diversificar suas equipes e lideranças. Seja por raça, gênero ou idade, a diversidade está se tornando algo comum no ambiente de trabalho e uma estratégia de negócio – mas ainda há muito trabalho pela frente:
Esses são alguns dos recortes do “Relatório de Empregabilidade”, realizado pela Gupy, empresa de soluções para RH no Brasil, que mostra como a diversidade brasileira está no mercado de trabalho, de acordo com o tamanho, região e segmento da companhia.
“Falar de inclusão vai além de ter um local de trabalho diverso. Incluir requer um planejamento de ações que contemple as necessidades das pessoas para que possam se sentir valorizadas e pertencentes, o que está relacionado à qualidade da experiência humana,” afirma Guilherme Dias, CMPO e cofundador da Gupy.
O estudo considera uma base de 2.453 empresas cadastradas no banco da Gupy, que foram analisadas entre setembro de 2022 e agosto de 2023 no Brasil. As companhias foram divididas por categorias:
Para apresentar os dados a seguir, o estudo considerou as seguintes opções de respostas para raça/cor: Branco, Preto, Pardo, Indígena e Amarelo.
Segundo dados do IBGE (2022), a população declarada de raça/cor parda é a maioria no país, com 45,3%, seguida pela branca, 42,8%. Estes dados podem explicar o maior número de contratações de pessoas pardas em todos os portes e segmentos da pesquisa:
Por tamanho da empresa:
Por região:
Por segmento:
“De acordo com o IBGE, mais da metade (53,8%) dos trabalhadores do país em 2021 eram pretos ou pardos, mas esses grupos, somados, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto os brancos ocupavam 69,0% deles. Ou seja, mesmo com grande representatividade numérica, alguns grupos sociais ainda enfrentam inúmeras barreiras extras, como a de acesso a direitos e condições de desenvolvimento, por exemplo,” afirma Dias.
Mais de 99% das contratações em todos os portes, segmentos e regiões são de pessoas que se autodeclararam principalmente do gênero feminino e masculino (considerando as respostas: Feminino, Masculino, Não-binárie, Prefiro não responder e Outros).
“Os dados Gupy indicam uma mudança no cenário corporativo com uma maior e relevante presença do gênero feminino nas empresas em todos os recortes analisados, mas apesar do aumento da inserção das mulheres nas organizações em diversos cargos, inclusive nas lideranças, a literatura nos mostra que ainda prevalecem desigualdades quando comparadas aos homens,” diz Dias.
O estudo ressalta que ao longo dos recortes, uma porcentagem relevante de pessoas preferiu não responder sobre como se identificam, o que pode indicar que ainda não se sentem seguros em se expressarem dessa forma no ambiente de trabalho.
Por porte:
Por segmento:
“É preocupante a baixa porcentagem de contratações de pessoas trans e esses dados podem se dar pelas barreiras enfrentadas por esse público, principalmente por conta do preconceito e a violência enraizados na sociedade, que impactam em todos os aspectos de suas vidas, como a escolaridade e, em consequência, com a inserção no mercado de trabalho,” diz Dias.
Ao excluir o número de pessoas que se identificam como cisgêneros, o estudo avaliou que mais de 95% das pessoas contratadas optaram por não responder como se identificavam em relação à sua identidade de gênero. Isso mostra que a porcentagem de contratações de pessoas trans é muito reduzida, não alcançando nem mesmo a marca de 5%.
“Chama atenção também o percentual de não respondentes em relação à Identidade de Gênero, em todos os recortes, o que reforça a necessidade de que as empresas desenvolvam iniciativas efetivas em diversidade e inclusão para que as pessoas possam se sentir confortáveis e acolhidas para expressarem quem de fato são, também em seus trabalhos,” afirma Dias.
Para apresentar os dados a seguir, o estudo considerou as seguintes opções de respostas para geração, de acordo com intervalo de ano de nascimento: Veteranos, Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z.
Por porte de empresa:
“O etarismo é um problema que precisa de atenção, pois de acordo com o Relatório do Banco Mundial (2011), a velocidade do envelhecimento da população no Brasil será maior quando comparada ao ocorrido nos demais países no século passado. Assim, o Brasil encontra-se diante de uma transição demográfica, caracterizada por baixa fecundidade, baixa mortalidade e predominância de idosos,” afirma Dias.
Por setores:
Por região:
“A diversidade geracional é indispensável para qualquer organização moderna, pois ela contribui para que o clima organizacional seja muito mais positivo, melhorando a convivência e o aprendizado entre as diferentes gerações,” diz Dias.
No Brasil, existem leis que amparam as pessoas com deficiências em relação ao trabalho, como por exemplo a Lei n. 8.213, de 1991 (conhecida como Lei de Cotas) que obriga a contratação de PCDs a partir de 100 ou mais funcionários, posteriormente complementada pela Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei n. 13.146 de 2015.
Por porte:
Por segmento:
Por região:
Segundo dados da Pnad Contínua de 2022, a população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária.
“O Estatuto da Pessoa com Deficiência diz que ela tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. E mesmo assim, apesar de existir uma obrigação legal, o cenário revela que poucas organizações estão preparadas para receber em seus quadros, profissionais com deficiência,” diz Dias.