Recursos humanos: veja como será esse mercado de trabalho em 2018 (Jirsak/Thinkstock)
Claudia Gasparini
Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 22 de dezembro de 2017 às 06h00.
São Paulo — Após um longo período de desemprego e perda salarial, a perspectiva de retomada da economia brasileira em 2018 promete boas notícias para diversas áreas de atuação, tais como finanças, direito e engenharia. O mercado para profissionais de recursos humanos e operações não é exceção dentro desse quadro.
No caso específico de operações, o ano que vem deve dar sequência a uma tendência já iniciada no segundo semestre de 2017: uma onda de novas oportunidades profissionais na área de supply chain. “Aquele movimento de demissões e substituições, típico de 2016, não deve mais acontecer em 2018”, explica Carolina Cabral, gerente de recrutamento da Robert Half. “A tendência é a abertura de vagas novas, porém com maiores exigências”.
Além de entender dos aspectos mais táticos de logística, suprimento e atendimento ao cliente, o perfil mais procurado em supply chain agora precisará ter um olhar mais estratégico para a área a fim de encontrar oportunidades para aperfeiçoar processos e reduzir os custos da operação.
Segundo Cabral, outros cargos da área de operações também deverão ser mais demandados a partir do meio do ano. “Até o 2º trimestre de 2017, percebemos um aumento no número de contratações para diversos níveis na área comercial”, explica ela. “Daqui a pouco, isso necessariamente vai puxar para cima as contratações no departamento de operações, já que as vendas exigirão essa estrutura”.
De forma geral, o profissional da área precisará investir ainda mais em suas habilidades de comunicação para ser capaz de dialogar com um público heterogêneo, composto por clientes, fornecedores e outros departamentos da empresa. Além disso, será esperado que ele tenha experiências específicas no seu setor de atuação e conheça profundamente suas peculiaridades.
Já o mercado para recursos humanos deve priorizar profissionais com características mais analíticas — as famosas hard skills. Segundo análise da consultoria HAYS, as vagas em RH exigirão candidatos capazes de fazer um bom planejamento financeiro, além de dominar a gestão de remunerações e benefícios de forma consistente.
Segundo Mariana Horno, gerente sênior da Robert Half, o ano de 2018 deve consolidar uma tendência que já começou este ano: o RH deixa de ser visto como uma área que “apaga incêndios” e passa a ser encarado como um parceiro do negócio. Daí previsão de busca reforçada por profissionais que ocupam posições estratégicas, como o diretor de RH e o business partner.
Paralelamente, continuarão a ser buscados profissionais mais generalistas em posições mais operacionais. Com um detalhe: é fundamental que tenham foco em obter engajamento máximo em um ano que promete trazer novo fôlego para a economia.
A entrada em vigor reforma trabalhista também acarretará mudanças no perfil dos candidatos. “Ainda não temos um histórico nesse sentido, porque ainda é muito recente, mas provavelmente a reforma exigirá conhecimento profundo desse assunto e uma capacidade de engajamento com o departamento jurídico para abordar questões que podem impactar o negócio”, afirma Horno.
Diante de todas essas movimentações, o site EXAME pediu a três consultorias de recrutamento para listarem os cargos em RH e operações que mais devem ser solicitados no ano que vem. Veja abaixo suas respostas:
O que faz: Faz a gestão dos elos entre os componentes da cadeia produtiva. Organiza pessoas, recursos, informações e tecnologias para movimentar um produto ou serviço e atender às necessidades do cliente.
Perfil: Graduação em engenharia, logística ou administração, além de forte conhecimento em operações.
Por que estará em alta em 2018: Segundo a consultoria STATO, trata-se de uma posição essencial para garantir a eficiência de todo o processo de distribuição e, consequentemente, gerar economia e otimização de recursos para a empresa.
O que faz: Apoia as operações da empresa de forma multidisciplinar com o objetivo de assegurar a funcionalidade do ambiente construído, por meio da integração das pessoas, propriedades, processos e tecnologias. Sua missão é garantir a produtividade e a qualidade de vida dos seus usuários.
Perfil da vaga: Profissional multitarefa com experiência em negociação e administração de contratos, gestão de equipes e capacidade de implementar e gerenciar indicadores de desempenho.
Por que estará em alta em 2018: Em razão da crise econômica, os orçamentos estão cada vez mais enxutos. Segundo a Michael Page, esse profissional será valorizado por trazer reduções de custos expressivos com otimização de processos e renegociação de contratos para a empresa. O salário estimado pela consultoria para a posição está entre 15 mil e 22 mil reais.
O que faz: Mapeia e resolve problemas de eficiência em áreas como produto, gestão de fornecedores, entre outros processos organizacionais.
Perfil: Formação em administração de administração ou engenharia, além de certificações específicas para cada área.
Por que estará em alta em 2018: Muitas empresas fecharam vagas em 2016 e 2017, inclusive de cadeiras especializadas em produtividade. Porém, os problemas de eficiência em alguns setores se agravaram. No próximo ano, afirma a consultoria STATO, o mercado tende a voltar a demandar profissionais com senioridade para resolver essas questões nos segmentos mais críticos.
O que faz: É responsável pela gestão de indicadores de pessoas, elaboração de políticas de remuneração e benefícios, realização de pesquisas salariais, planos de carreira e programas de avaliação, entre outras atribuições.
Perfil: Formação acadêmica em administração, contabilidade, matemática, economia ou engenharia. Inglês avançado é obrigatório para vagas em multinacionais.
Por que está em alta em 2018: Com o cenário econômico instável nos últimos dois anos, muitas empresas reduziram ou redesenharam suas estruturas. Segundo análise da consultoria de recrutamento Robert Half, esse é o motivo pelo qual o profissional de remuneração e benefícios está sendo cada vez mais buscado pelas companhias. Com a “dança das cadeiras” no mercado, essa figura ajuda a elaborar políticas mais competitivas de atração dos melhores profissionais.
O que faz: Sua missão é mudar ou fortalecer a cultura da empresa. Entre suas atribuições estão a avaliação de desempenho por competências, o mapeamento de profissionais de alta performance e a identificação de posições-chave para o crescimento da companhia.
Perfil: Formação em psicologia ou administração de empresas.
Por que estará em alta em 2018: Após passar por um momento de redução de custos e recursos, as empresas estão enxergando a necessidade de fortalecer seu time para o momento de retomada de mercado. Daí a necessidade de estruturação e amadurecimento cultural para atração e retenção de talentos, diz a consultoria Michael Page. O salário para a posição deve girar entre 7 mil e 10 mil reais no ano que vem.
O que faz: Aproxima o RH das outras áreas da empresa e define padrões de cultura e valores organizacionais. É seu papel desenvolver a melhor estratégia de recursos humanos para agregar valor ao objetivo do negócio.
Perfil: Formação em administração, psicologia e áreas correlatas. Inglês avançado é essencial. Um bom diferencial é ter formação extracurricular nas áreas de desenvolvimento de pessoas, coaching e gestão de negócios.
Por que estará em alta em 2018: Diante da necessidade de fazer mudanças estruturais, as empresas estão percebendo que precisam ter um representante de pessoas que esteja mais próximo do negócio e tenha visão de custo. Esse papel articulador e com foco no negócio é capaz de ajudar os líderes a manter seus times motivados e gerar índices de performance mais competitivos, avalia a Robert Half. A consultoria Michael Page também enquadra essa carreira no rol das mais promissoras para o ano que vem, com estimativa salarial entre 20 mil e 30 mil reais.
O que faz: É responsável por gerir a área de recursos humanos em acordo com a estratégia organizacional.
Perfil: Graduação em psicologia, administração de empresas ou engenharia. É requisito ter forte capacidade de relação interpessoal, pensamento estratégico e visão de negócios.
Por que estará em alta em 2018: Segundo a consultoria STATO, a mudança na legislação trabalhista exigirá uma reconstrução dos processos e políticas de recursos humanos. A diretoria de RH estará em alta por ser capaz de aproveitar as oportunidades sem colocar em risco os pilares de gestão, como atração, retenção e comprometimento dos funcionários.