Aprender: o primeiro passo é simples, porém decisivo (Westend61/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2019 às 06h00.
São Paulo - Se você for organizar um jantar em casa com seus amigos e quiser cozinhar um prato novo, qual a sua estratégia?
A. Sair do trabalho e compra um livro de receitas, estudar e depois ir ao supermercado com uma lista de compras;
B. Pesquisar a receita no celular e ir ao supermercado atrás dos ingredientes;
C. Procurar um vídeo no Youtube, anotar os ingredientes e depois ir no supermercado.
Não existe resposta errada e é possível tomar diversos caminhos alternativos nessa empreitada culinária. A especialista de treinamento e em design de aprendizagem, Flora Alves, usa esse exemplo para mostrar como a forma que aprendemos está evoluindo.
Nós não aprendemos mais apenas com sessões longas de estudo e conteúdo, mas variando entre diferentes fontes de conhecimento e formas de exposição, intercalando estudo e prática.
“É relevante saber qual seu canal preferencial para aprender. Ler uma receita não é o mesmo que ver alguém fazendo. Saber sua forma de aprender torna o processo mais gostoso”, explica ela.
Estamos aprendendo coisas novas a todo momento, o diferencial saber utilizar as novas fontes de conhecimento para se atualizar conscientemente e encontrar um foco. Esse é a habilidade de aprendizado contínuo, que será essencial para o futuro do trabalho, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial.
E você pode começar hoje. Segundo a especialista, é possível aprender a aprender qualquer coisa e com agilidade.
Para quem busca adquirir novos conhecimentos, o primeiro passo é simples, porém decisivo. Segundo Flora, aqui não há segredo: nós aprendemos quando temos vontade e vemos uma necessidade.
“Não existe relação com idade ou geração. Existem jovens que criam resistência a novos aprendizados e pessoas mais velhas com a mente muito aberta. Em treinamentos corporativos, as faltas de conhecimentos técnicos são mais fáceis de ser eliminadas, contudo, se houver uma resistência em aprender, a pessoa vai demorar mais tempo. A quebra de um paradigma, de uma mentalidade, requer mais esforço”, diz ela.
Mudar a mentalidade é mais fácil quando encontramos uma razão, ou necessidade, para aquele conhecimento. Uma vez possuindo essa nova perspectiva, a pessoa pode se colocar à frente e planejar seu desenvolvimento. É o que especialistas chamam de aprender de acordo com o momento da vida.
“É preciso perceber que precisa do novo aprendizado para executar algo na vida, seja um assunto técnico no trabalho ou pensar na sustentabilidade do mundo. Quando percebo que é importante, quero aprender. Já vi pessoas aprendendo em espaço de tempo assustadores, só por reconhecer a relevância daquilo”, explica ela.
Ao derrubar essa primeira barreira e definir o que quer aprender, a pessoa deve estabelecer três coisas essenciais: o método, a meta e a rotina.
Como você vai aprender? Onde você quer chegar? Em quanto tempo? A resposta de cada pergunta vai influenciar a outra, pois você deve adaptar os três para que se encaixem ao seu estilo de vida e ainda sejam realistas.
Uma aula presencial como método deve se adequar ao tempo livre disponível na semana e a duração do curso vai influenciar o cumprimento da meta. Aulas online são mais flexíveis, mas exigem maior responsabilidade para colocar na rotina.
“É muito importante colocar uma meta alcançável e que se relacione com o seu propósito. Como algo que você quer na carreira. Pensando na sua meta, você escolhe o melhor método para você e encaixa no espaço de tempo ideal”, fala Flora.
Se seu objetivo é aprender inglês, por exemplo, ela sugere que a meta seja algo vinculado à realidade, como ser mandado para um congresso no exterior pelo trabalho ou conversar com clientes estrangeiros da empresa.
Então, você busca cursos e trilhas de aprendizado que ajudem nessa meta e estabelece um roteiro com objetivos de curto e longo prazo. “Hoje eu não falo inglês, mas em 2020 quero ir ao congresso do trabalho. Essa pode ser minha meta”, exemplifica ela.
A especialista reforça o poder do hábito para facilitar o aprendizado, uma vez que é preciso consistência para atingir seus objetivos de modo eficaz.
“Você precisa dedicar tempo regularmente e dividir seu caminho em pequenas caminhadas diárias. Não adianta tentar fazer uma maratona. Uma grande verdade é que a prática faz a perfeição”, diz.
Agora vai a dica de ouro: encontre um confidente para conversar sobre sua jornada de aprendizado. Para Flora, o chamado “suporte à performance” ou “peer coach” será a grande tendência na educação, sendo utilizado por muitos de seus clientes.
A ideia é buscar alguém para ser seu companheiro e apoio no processo de aprendizagem. É como buscar um mentor, sendo até mais eficaz se a pessoa já atingiu uma meta parecida com a sua.
“Você pode ter a pessoa como referência do que quer aprender e pedir ajuda a ela quando encontrar problemas no seu caminho. Compartilhar o que está aprendendo e suas conquistas também mantém a dedicação aos estudos”, comenta ela.
Segundo Flora, essa dica não só facilita o processo, como o torna mais rápido, vinculando os conhecimentos adquiridos à realidade prática.