Warren Buffett é considerado por muitos um investidor de sucesso inspirador (Paul Morigi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2018 às 15h00.
Última atualização em 20 de novembro de 2018 às 15h40.
Para ser o CEO de uma holding multinacional bem-sucedida, como é a Berkshire Hathaway, Warren Buffett – que, além de tudo, é considerado um dos homens mais ricos do mundo – tem algumas cartas na manga. Uma delas é o conceito de círculo de competência, que ele aplica há anos em sua companhia para orientar o trabalho de seus investidores. Em uma carta para acionistas de 1996, ele resumiu-o da seguinte forma:
“O que um investidor precisa é a capacidade de avaliar corretamente as empresas selecionadas. Observe a palavra “selecionada”: você não precisa ser um especialista em todas as empresas, ou até mesmo em muitas. Você só precisa avaliar empresas dentro de seu círculo de competência. O tamanho desse círculo não é muito importante; conhecer seus limites, no entanto, é vital.”
Shane Parrish, criador do site Farnam Street (inclusive, o nome da rua onde é localizada a Berkshire Hathaway), dedicou um artigo ao tema. De acordo com ele, o círculo de competência diz respeito às áreas em que cada um mais “acumula” conhecimento útil. “Algumas áreas são entendidas pela maioria de nós, enquanto outras exigem muito mais especialização para avaliar”, diz.
Por exemplo, o básico da economia de um restaurante: muitos sabem que é preciso alugar ou comprar uma sede, adequar o local e contratar colaboradores. “No entanto, a maioria de nós pode dizer que entende o funcionamento de uma empresa de microchips ou de uma empresa farmacêutica de biotecnologia da mesma forma?”, questiona Parrish. Provavelmente, não.
Com base na teoria do círculo de competência, muito mais importante do que entender tudo sobre diversas áreas, incluindo as mais “exóticas”, é ter clareza sobre as áreas de seu conhecimento, de fato – e se ater à elas.
Para Parrish, que se dedica a decifrar e disseminar modelos mentais em seu site, o círculo de competência pode ser aumentado, mas vagarosamente, ao longo do tempo. Sem a disciplina, mais chances de decisões erradas. A dedicação com foco resulta em grande efetividade na hora de superar obstáculos de desenvolvimento. Consequentemente, aumenta as chances de alcançar o sucesso.
É essa a pergunta que o círculo de competência responde. Já que o tempo é limitado, o conceito é bastante relevante. Charlie Munger, bilionário e “braço direito” de Buffett, concorda com sua importância – e mostra como se ater ao círculo não é algo voltado apenas para o âmbito profissional, mas para a vida em geral.
“Você tem que descobrir quais são suas próprias aptidões. Se você joga jogos em que outras pessoas têm aptidão e você não, você vai perder. E isso é o mais próximo possível de qualquer previsão que possa ser feita. Você tem que descobrir onde tem uma vantagem. E você tem que jogar dentro do seu próprio círculo de competência.
Se você quer ser o melhor tenista do mundo, você pode começar a tentar e logo descobrir que é impossível – que outras pessoas explodem ao seu lado. No entanto, se você quiser se tornar o melhor empreiteiro de encanamento em Bemidji, isso provavelmente já é possível em dois terços de você. É preciso vontade. É preciso de inteligência. Mas depois de um tempo, você gradualmente conheceria tudo sobre o negócio de encanamento em Bemidji e dominaria a arte. Esse é um objetivo atingível, dada a disciplina suficiente. E pessoas que nunca conseguiriam ganhar um torneio de xadrez ou ficar no centro em um torneio de tênis respeitável podem crescer bastante na vida desenvolvendo lentamente um círculo de competência – que resulta, em parte, a partir do que têm desde o nascimento e, em parte, a partir do que desenvolvem lentamente trabalhando.”
Não significa desistir de sonhos difíceis, mas se conhecer bem o bastante para saber em que área concentrar o esforço de desenvolvimento ao longo da vida. “Se você quer melhorar suas chances de sucesso na vida e nos negócios, defina o perímetro do seu círculo de competência e opere dentro dele. Com o tempo, trabalhe para expandir esse círculo, mas nunca se engane sobre onde ele está hoje e nunca tenha medo de dizer ‘eu não sei'”, resume Parrish.