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Esse é o benefício número 1 que fez esta empresa dobrar de tamanho e crescer 100% em receita

Com um modelo "primariamente remoto", a Caju Benefícios atraiu talentos de 193 cidades – e o segredo não está apenas no regime de trabalho, mas na sua condução

Lucas Fernandes, diretor executivo de Pessoas da Caju: “Monitoramos resultados, não a presença dos funcionários” (Caju Benefícios /Divulgação)

Lucas Fernandes, diretor executivo de Pessoas da Caju: “Monitoramos resultados, não a presença dos funcionários” (Caju Benefícios /Divulgação)

Publicado em 1 de abril de 2025 às 11h30.

Última atualização em 1 de abril de 2025 às 12h04.

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Em um momento em que grandes empresas têm pressionado pela volta ao escritório, a Caju Benefícios segue na contramão. A startup de tecnologia com foco em benefícios para RH não apenas manteve o home office como modelo principal de trabalho como também cresceu mais de 100% em receita no último ano.

“Ser remoto não prejudicou nossa produtividade. Pelo contrário: nos permitiu expandir o acesso a talentos e escalar com eficiência”, afirma Lucas Fernandes, diretor executivo de Pessoas da Caju, em entrevista à EXAME. A empresa também dobrou o número de funcionários em 2024, sendo que metade das contratações foi para a área de tecnologia.

Criada em 2019 e com o primeiro produto lançado em 2020, a Caju nasceu com a proposta de revolucionar a relação entre funcionários e empresas. Hoje, atende mais de 40 mil empresas, com soluções que vão do cartão multibenefícios à gestão de despesas corporativas e de pessoas — tudo integrado em uma única plataforma.

“Nascemos com 4 funcionários e na época era presencial, mas com a pandemia, tivemos que testar o home office, um regime que está dando certo para nós até hoje”, afirma.

Cultura intencional é em qualquer lugar do mundo

Com 600 funcionários distribuídos em 193 cidades do Brasil, o segredo para a Caju crescer 100% no último ano em receita foi continuar adotando o conceito de "modelo primariamente remoto": existe um escritório em São Paulo disponível para quem quiser trabalhar presencialmente, mas a rotina majoritária é em casa — ou em qualquer lugar do Brasil. A empresa permite, inclusive, períodos de trabalho no exterior, com regras e acompanhamento, por cerca de 6 meses.

“A gente não tenta fazer com que o escritório se torne um lugar onde as pessoas queiram ficar por horas e horas e dias. Nosso objetivo não é tornar o escritório irresistível, e sim um complemento,” afirma Fernandes.

A cultura distribuída não impediu a construção de uma identidade forte. Segundo Fernandes, a Caju mantém rituais semanais e espaços de troca que estimulam o pertencimento, como o “Abrindo a Roda”, um encontro quinzenal com temas humanos e sociais, e o “Jogamos Limpo”, um canal aberto para dúvidas diretas sobre a gestão da empresa — incluindo temas delicados como demissões.

“Ser remoto não significa ser menos humano. Ao contrário. A gente aposta em transparência e intencionalidade para criar conexão”, diz o diretor de RH.

Um home office que funciona

Os resultados mostram que o modelo remoto pode funcionar — desde que bem estruturado. A Caju mantém:

  • eNPS (índice de satisfação interna) acima de 86 nos últimos três anos (numa escala de -100 a 100);
  • Turnover voluntário médio de 7%, bem abaixo da média em startups de tecnologia;

O segredo? Uma cultura forte, aliada à autonomia e responsabilidade, afirma Fernandes. “Nosso modelo é baseado em performance, não em vigilância”, diz. “Monitoramos resultados, não se a pessoa está na frente do computador”.

Desafios no home office? Sim, eles existem

Claro que nem tudo são flores. O executivo reconhece que o trabalho remoto não funciona para todo mundo. “Já tivemos pessoas que preferiram sair da Caju porque sentiam falta do escritório no dia a dia. E está tudo bem. Para alguns, o contato humano presencial é fundamental”.

Outro desafio enfrentado no início foi o equilíbrio em reuniões híbridas. “Hoje, priorizamos o formato remoto, mesmo quando há pessoas presencialmente no escritório. Todos entram pela mesma plataforma, com os mesmos recursos”, afirma.

Além disso, a empresa monitora possíveis sinais de isolamento ou sobrecarga, especialmente entre profissionais mais jovens. "A gente treina lideranças para identificar e acolher esses casos."

Benefícios flexíveis e para todos 

O home office, segundo Fernandes, também é um diferencial na atração e retenção de talentos - mas não é o único.

Os funcionários da Caju recebem, por exemplo, um valor inicial para montar o home office (cadeira, monitor, etc.) e para ajudar com outros custos do remoto, o time tem direito a horários flexíveis com foco em entregas; a possibilidade de ajustar os benefícios de acordo com suas necessidades familiares e participam de eventos presenciais intencionais — ao menos uma vez por ano, onde se reúnem em encontros imersivos em diferentes cidades para gerar conexão e alinhamento.

“Para nós, o maior benefício é permitir que a pessoa escolha onde e como viver, com mais qualidade de vida”, afirma Fernandes. "O importante é que ela entregue com excelência."

O futuro do trabalho pode ser remoto

Com o nome inspirado na fruta versátil e genuinamente nacional, Fernandes afirma que a Caju busca ser uma startup brasileira de tecnologia feita para brasileiros. E, ao que tudo indica, sua aposta em autonomia, flexibilidade e cultura remota deve continuar focada no mercado brasileiro.

“Nossos resultados provam que o remoto funciona — quando bem-feito. A gente não força o presencial, porque acredita que confiança, responsabilidade e performance podem andar juntas. E para nós, têm dado certo.”

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