Sana Al Daoumi, da Edge Group: "Nos Emirados Árabes, as crianças são estimuladas na escola a conhecer mais sobre as oportunidades de trabalho nas áreas de exata, principalmente em engenharia” (Edge Group/Divulgação)
Repórter
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 14h18.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 16h43.
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência foi estabelecido pela ONU em 2015 e é celebrado todo dia 11 de fevereiro. A data foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em parceria com a Unesco e a ONU Mulheres para promover a participação feminina na área de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), além de conscientizar sobre a desigualdade de gênero nessas áreas.
Uma das empresas que têm investido fortemente na inclusão feminina na engenharia é a Edge Group, conglomerado de tecnologia e defesa baseado nos Emirados Árabes Unidos. Atualmente, cerca de 50% do time de engenheiros da empresa é formado por mulheres.
"Nos Emirados Árabes existe uma diretriz do governo que gera esse movimento de mais profissionais nas áreas de STEM, inclusive mulheres. As crianças são estimuladas na escola a conhecer mais sobre as oportunidades de trabalho nas áreas de exata, principalmente em engenharia”, conta Sana Al Daoumi, vice-presidente sênior de Capital Humano da Edge Group.
Além da diversidade de gênero, a diversidade de profissionais que veem de outros países também é um alvo para a Edge Group. “Atualmente, a Edge Group tem mais de 14 mil funcionários representando 95 nacionalidades. Entre as estratégias da empresa, o investimento em talentos globais tem sido uma prioridade desde sua fundação em 2019”, afirma Sana que trabalha 20 anos de experiência em gestão de recursos humanos no país árabe.
A EDGE tem expandido rapidamente sua presença internacional, inclusive no Brasil. Em apenas 18 meses, a empresa investiu R$ 3 bilhões na aquisição da CONDOR e da SIATT, duas companhias estratégicas do setor de defesa. Para Sana, essa expansão também está diretamente ligada à busca por talentos.
"O Brasil é parte integrante de um projeto global de aquisição de talentos, no qual a empresa deseja criar e nutrir centros superespecializados nos principais mercados em que temos parcerias ou empresas operando."
A relação entre universidades e grandes corporações tem sido uma estratégia fundamental para fortalecer a formação de engenheiros altamente qualificados. Para isso, a EDGE tem priorizado parcerias com instituições de excelência para alinhar currículos com as necessidades do setor e oferecer oportunidades de estágio e aprendizado baseado em projetos.
"Nos concentramos em cursos que são estratégicos para a EDGE, como propulsão, engenharia química e robótica. Também buscamos universidades que participam ativamente de competições de robótica, porque esses eventos nos permitem identificar talentos promissores", diz Sana.
A Edge Group realizou recentemente visitas a universidades brasileiras e, para 2025, pretende formalizar convênios com algumas dessas instituições para colaborações acadêmicas e desenvolvimento de novos projetos. Uma das iniciativas é o patrocínio anual da equipe de robótica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) que é realizado desde 2024.
Uma das jovens engenheiras que simbolizam essa nova geração de talentos é Narayane Ribeiro Medeiros, de 23 anos, natural do Gama, Distrito Federal. Ela está cursando Engenharia Aeroespacial no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e simultaneamente faz mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação. "Escolhi Engenharia Aeroespacial por ser apaixonada pelo desafio de um estudo sem fronteiras, um universo infinito a ser explorado", afirma.
Atualmente, Narayane faz parte do ITAndroids, equipe de robótica do ITA. Inicialmente, trabalhou no desenvolvimento de software para robôs humanoides e, depois de um ano, passou a apoiar também as áreas de mecânica e eletrônica. Em 2024, liderou a equipe na RoboCup, na Holanda, e na Competição Brasileira de Robótica, onde conquistaram o primeiro lugar. Agora, dedica-se à sua pesquisa de mestrado, estudando o uso de robôs humanoides na colonização marciana. "Queremos desenvolver robôs capazes de realizar tarefas de alto risco para astronautas, ajudando em operações extremas e repetitivas."
A Edge Group busca por engenheiros como a Narayane e por isso está estruturando um programa piloto de estágios para estudantes de graduação e pós-graduação, incluindo brasileiros, que poderão passar um período de 6 meses na sede da Edge em Abu Dhabi.
Narayane Ribeiro Medeiros, de 23 anos, aluna de Engenharia Aeroespacial do ITA: "Escolhi Engenharia Aeroespacial por ser apaixonada pelo desafio de um estudo sem fronteiras, um universo infinito a ser explorado" (Edge Group/Divulgação)
“Estamos estruturando esse programa em mercados emergentes, como Brasil, Marrocos, Índia e Turquia. Inicialmente, ele é para um estágio de alguns meses em nossa sede nos Emirados Árabes Unidos, mas estamos buscando expandir nossa rede de contatos no Brasil para também estabelecer iniciativas em todo o país”, afirma Sana.
Entre as áreas de foco, a prioridade da companhia será em profissional com formação em engenharia aeroespacial e mecânica. Nesse momento, a companhia ainda está selecionando as universidades parceiras, mas irá lançar em breve um site específico pra receber as candidaturas.
A empresa também está de olho nas startups e pequenas empresas de tecnologia no Brasil. Segundo Sana, o apoio financeiro e as parcerias com startups locais capacitam talentos empreendedores, permitindo que eles inovem e fortaleçam o ecossistema tecnológico, ao mesmo tempo em que contribuem para os objetivos da Edge.
"Nosso objetivo é criar caminhos estruturados para que esses profissionais e empresas tenham sucesso e contribuam para projetos de alto impacto globalmente", afirma Sana.