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Empresas britânicas testam semana de 4 dias em novo experimento; veja resultado

Empresas britânicas testam a jornada de quatro dias com salário integral, buscando melhorar a produtividade e o bem-estar

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 13h33.

No Reino Unido, a adoção da jornada de trabalho de quatro dias está ganhando força. Empresas como BrandPipe, no setor de tecnologia, e o escritório de advocacia Rook Irwin Sweeney, estão participando de um experimento promovido pela organização 4 Day Week, que defende a redução da carga horária sem diminuição de salários. Esse movimento visa desafiar o modelo tradicional de trabalho e influenciar mudanças legislativas para estabelecer uma semana de 32 horas.

Após um piloto bem-sucedido em 2022, no qual 92% das empresas decidiram manter a nova jornada, o programa expandiu em 2024, envolvendo cerca de 1.000 trabalhadores. Com resultados promissores, a iniciativa já inspira debates sobre sua aplicação em países como Islândia, Nova Zelândia, Estados Unidos e Escócia, segundo reportagem do The New York Times.

Rotina de trabalho

Para os funcionários da BrandPipe, como o engenheiro sênior Matt Kimber, a quarta-feira livre representa um equilíbrio renovado. Em vez de mergulhar diretamente nas tarefas, Kimber utiliza o tempo para passear, cuidar de seus cães e reorganizar seu dia a dia. “Sinto-me mais focado quando retorno ao trabalho”, afirma.

A BrandPipe optou por um modelo flexível, permitindo que os funcionários escolham os dias de folga. Isso garantiu que clientes permanecessem assistidos durante toda a semana. A empresa estabeleceu medidas como substituições estratégicas e comunicação direta para evitar sobrecarga e manter a eficiência.

No Rook Irwin Sweeney, os ajustes também foram significativos. O escritório implementou dias de folga alternados para garantir que sempre houvesse cobertura nas operações. Além disso, períodos de foco sem interrupções e reuniões com agendas rigorosas foram adotados. A sócia Anne-Marie Irwin acredita que a medida desafia a cultura exaustiva do setor jurídico.

Resultados positivos

Os impactos das mudanças já são perceptíveis. Na BrandPipe, projetos que antes levavam semanas para serem concluídos agora são finalizados mais rapidamente. Além disso, a empresa percebeu um aumento no interesse de candidatos, atraídos pela inovação no modelo de trabalho.

No Rook Irwin Sweeney, a produtividade também foi elevada. Dados internos apontaram aumento no tempo faturável desde o início do programa. Apesar do esforço necessário para reestruturar processos, o sócio Alex Rook destaca o otimismo: “Todos estão aproveitando essa mudança e felizes com os resultados.”

Contudo, o programa exige adaptação. Funcionários como Jennifer Wright, advogada no Rook Irwin Sweeney, enfrentaram desafios iniciais ao ajustar prazos e agendas com audiências. Mas, segundo Wright, o benefício pessoal é evidente: “Ter uma tarde livre para compromissos pessoais melhora meu equilíbrio entre vida profissional e pessoal.”

O futuro da jornada de quatro dias

Os organizadores da 4 Day Week têm metas ambiciosas. Após a conclusão do piloto, planejam apresentar os resultados ao governo britânico para reforçar a necessidade de mudanças na legislação trabalhista. “Queremos que a jornada de quatro dias seja a norma até o final da década”, afirma Joe Ryle, diretor da campanha.

Enquanto empresas como BrandPipe já decidiram manter a jornada reduzida permanentemente, outras, como o Rook Irwin Sweeney, ainda aguardam mais dados para confirmar sua adesão definitiva. Para ambas, no entanto, os sinais de sucesso são claros: maior produtividade, satisfação dos funcionários e uma nova perspectiva sobre o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

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