Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 14h07.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 14h16.
Se fosse lá em Portugal, a manchete abaixo teria outro sentido?
CABRAL ADMITE PELA PRIMEIRA VEZ QUE RECEBEU PROPINA
Proveniente do latim, "propina" é uma dádiva, uma gorjeta, uma taxa e - aqui na terra dos escândalos políticos - foi consolidado apenas o sentido pejorativo.
No famoso Aulete da Língua Portuguesa, há duas referências ao uso lusitano, português:
"Joia ou taxa que, ao ser admitido, o novo sócio paga em certas associações, agremiações, clubes etc.
Taxa com que se paga, em determinadas escolas, certos serviços como abertura de matrícula, trancamento de matrícula etc."
Aqui no Brasil, usamos o sentido depreciativo: o da gorjeta ilícita, da quantia em dinheiro que se oferece a alguém em troca de favor ou benefício quase sempre ilícito.
Na citada manchete, há algumas observações: a expressão temporal, por critérios de organização e clareza, poderia fazer o uso das vírgulas. Apesar de não haver obrigatoriedade quanto a isso, duas vírgulas ou dois travessões também dariam mais destaque a "pela primeira vez":
CABRAL ADMITE, PELA PRIMEIRA VEZ, QUE RECEBEU PROPINA.
CABRAL ADMITE - PELA PRIMEIRA VEZ - QUE RECEBEU PROPINA.
Quanto ao elemento "que", vê-se a intenção de iniciar o complemento do verbo "admitir"; com esse papel, é classificado como conjunção integrante:
ELE DIZ QUE DETESTA POLÍTICA.
NINGUÉM REDIGE QUE O ESQUEMA FATURAVA MILHÕES.
Caso o redator pretenda omitir esse elemento coesivo, um possível recurso está no uso do infinitivo:
CABRAL ADMITE, PELA PRIMEIRA VEZ, TER RECEBIDO PROPINA.
ELE DIZ DETESTAR POLÍTICA.
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DIOGO ARRAIS
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Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa
Fundador do ARRAIS CURSOS