Pedro Vinicio, artista: Já sou o que eu queria ser como artista (Renato Parada/Divulgação)
Repórter
Publicado em 27 de março de 2024 às 16h29.
Última atualização em 27 de março de 2024 às 19h29.
“A parte mais difícil de se relacionar com as pessoas, são as pessoas”; “Vivendo ou apenas gerando material para a minha psicóloga?”; “Ainda bem que é um dia de cada vez, dois eu não aguentaria”. Essas são algumas das frases que são acompanhadas por ilustrações feitas por Pedro Vinicio, pernambucano de 18 anos que um dia, no começo da pandemia, postou um desenho com uma frase engraçada que remete falas do cotidiano. No dia seguinte, o post viralizou.
Pedro vive com os pais em sua cidade natal, Garanhus, PE. A paixão por desenhar chegou aos 4 anos, e ele ainda guarda o primeiro desenho que, inclusive, é parecido com os bonecos que ele posta hoje na rede social. “Meu pai e minha irmã também desenham, mas só por hobby mesmo. Não tenho nenhum artista na família”.
O gosto pela arte, entretanto, não se estendeu para os estudos. O pernambucano estudou em escola particular até os 14 anos e após repetir três vezes, os pais decidiram transferi-lo para uma escola pública. “Apesar da situação, foi legal ter mudado de escola, porque lá conheci uma professora que era artista plástica e aprendi muito com ela”.
“Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada”, essa frase faz parte de uma música gravada por Gal Costa que fez muito sentido para Pedro durante a pandemia e acabou estimulando a continuidade de sua arte nas redes sociais.
Os desenhos dos bonecos “tronchos”, como Pedro se refere aos bonecos com traços tortos, são feitos no celular e buscam retratar os desafios da realidade de forma humorística.
“Simplesmente, no começo da pandemia, postei três desenhos no Instagram e fui dormir. No outro dia, vi que o post viralizou com visualização de Fafá do Belém, Bruna Marquezine e outros artistas”, afirma Pedro que comenta que a frase que mais viralizou foi a ‘A vida é feita de obstáculos e eu tropeço em todos’ junto com o desenho de um moleque tropeçando ficou tão conhecida que estampada em camisetas.
“Acho que as minhas ilustrações e frases foram meio que um escape em um momento difícil que foi a pandemia. Recebi mensagens de pessoas que perderam parentes e que disseram que conseguiram rir com os meus desenhos”.
O mercado formal está descartado dos planos de Pedro. Ter uma rotina de trabalho de segunda a sexta, 8 horas por dia, não é para ele.
“Para mim, a maneira que eu funciono é em uma rotina mais leve. Vejo muita gente cansada e esgotada com o trabalho. Acredito que o caminho é a gente levar a vida com menos o trabalho e estresse”, diz Pedro que acredita que a tendência de sua geração é largar o trabalho quando ele ficar chato, antes mesmo de se tornar doentio.
Desenhos de Pedro x charge: “Eu tô numa fase da vida que eu não sei que fase eu tô”
Pedro chegou a participar no ano passado de um painel com Laerte Coutinho, cartunista e chargista brasileira, que inclusive escreveu a sinopse do livro de Pedro. Neste encontro de gerações, Pedro percebeu a diferença entre as ilustrações que ele faz com a arte de um chargista, trabalho que ele admira muito.
“O chargista, por exemplo, desenha um cenário que está acontecendo e é muito voltado para política, que daqui um ano, não vamos entender se não souber do acontecimento. Já o meu trabalho é tipo café, serve para hoje e para amanhã”.
“Ninguém imaginava na escola que eu um dia escreveria um livro”, diz Pedro que já viajou por vários estados do Brasil divulgando seu primeiro livro “Tirando tudo, está tudo bem”, com o apoio da editora.
A expectativa para este ano é levar a obra para fora do país e o primeiro destino já está sendo sondado: Portugal. Além do livro, Pedro já conta com novos planos para este ano.
“Já sou o que eu queria ser como artista, mas penso em cursar mais para frente antropologia ou cinema. Enquanto não decido a faculdade, vou planejar um novo livro e lançar neste ano uma coleção de 30 telas autorais”, diz Pedro que reforça que diferente dos desenhos das publicações, os quadros serão pintados no ateliê e o valor da obra vai variar de acordo com o tamanho, entre 1.400 e 2 mil reais. “Zeca Camargo comprou o meu primeiro quadro, depois dele já vendi para outras pessoas famosas, inclusive jornalistas”.
A nova série de telas será lançada nesta quinta-feira em seu canal no Instagram. “Gosto da minha arte e não quero moldá-la com novos cursos”, diz Pedro que busca crescer em sua carreira sem apostar em faculdade ou em um trabalho fixo. “Eu vou ficar bem, se eu não ficar não tem problema, eu finjo”.