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Ela saiu do subúrbio do Rio e chegou à L’Oréal nos EUA - veja os 5 passos que fizeram a diferença

Raquel Baron saiu do Brasil com 27 anos para trabalhar no Reino Unido. Desde então, tem conquistado diferentes posições internacionais. O segredo? Está nessas escolhas estratégicas

Raquel Baron, executiva do Grupo L’Oréal nos EUA: “Uma das dicas é ter um ‘growth mindset’: o olhar para problemas como oportunidades de aprendizado e exposição” (Raquel Baron /Divulgação)

Raquel Baron, executiva do Grupo L’Oréal nos EUA: “Uma das dicas é ter um ‘growth mindset’: o olhar para problemas como oportunidades de aprendizado e exposição” (Raquel Baron /Divulgação)

Publicado em 25 de março de 2025 às 16h10.

Última atualização em 25 de março de 2025 às 17h06.

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Quando a carioca Raquel Baron começou como estagiária no Grupo L’Oréal, aos 22 anos, mal podia imaginar que, quase duas décadas depois, comandaria a área de supply chain da divisão de produtos profissionais da gigante francesa nos Estados Unidos. Nascida e criada em Irajá, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, Raquel superou os desafios de uma origem humilde, usou a educação como trampolim e construiu uma carreira internacional inspiradora, marcada por coragem, dedicação e muita autenticidade.

“Eu sempre tive vontade de crescer, de sair do lugar de onde eu vim, não por vergonha, mas por saber que existia um mundo com muito mais oportunidades”, conta.

Filha de uma professora e de um profissional que trabalhava para uma companhia aérea e que cortava cana na juventude, Raquel estudou em boas escolas graças a bolsas de estudo e ao incentivo constante dos pais. “Com dez anos, eles me colocaram no curso de inglês. Eles sabiam que seria um diferencial”, conta.

Aos 18 anos, já fluente no idioma, conseguiu o primeiro estágio na Sony Music, onde teve que se comunicar com times do Reino Unido e dos EUA. Foi ali que percebeu o poder de falar uma segunda língua: “Ter inglês me abriu portas que outros estagiários não tinham”.

Raquel passou ainda por empresas como Sanofi e Shell antes de chegar à L’Oréal, onde permanece há 18 anos. “Eu entrei como estagiária e fui crescendo porque sempre via os problemas como oportunidades”, afirma. Para ela, essa mentalidade – que hoje chama de growth mindset – foi essencial para se destacar e avançar.

O salto internacional e a conquista da cidadania britânica

No Grupo L’Oréal, a carioca acumulou promoções sucessivas e ganhou visibilidade interna. Com isso, começou a falar com seus superiores sobre o seu desejo por uma oportunidade internacional. Inicialmente, ouviu que “não havia precedente” para uma brasileira ser transferida para Londres. Mas um ex-chefe francês estimulou Raquel a tentar e fez a ponte dela com o RH da matriz britânica - que após 5 entrevistas a contratou.

Aos 27 anos, Raquel se muda para o Reino Unido e vive por sete anos em Londres. “Eu lembro até hoje onde estava quando recebi a ligação confirmando a vaga: na estação de trem St Pancras. Liguei na hora para os meus pais chorando de emoção. Foi um marco”, conta.

Durante esse período, ela se especializou em sustentabilidade e supply chain na Universidade de Cambridge. Aproveitou ainda os anos de residência para conquistar a cidadania britânica. “Antes de aceitar a transferência para os Estados Unidos, deixei claro que só iria depois de concluir minha cidadania britânica. E eles esperaram, até que surgiu a oportunidade de ir para os Estados Unidos.”

Estados Unidos: novo lugar, novas expectativas

Raquel se mudou para os Estados Unidos no final de 2019, pouco antes da pandemia. Os primeiros meses foram marcados por solidão e isolamento. “Fui trabalhar em um lugar onde eu não conhecia ninguém, além da minha chefe que me contratou e que foi uma das chefes que tive no Reino Unido”, afirma.

Foi nesse contexto que ela decidiu viajar ao Brasil para congelar os óvulos, aos 35 anos. “Como eu não estava namorando ninguém e estava focada na minha carreira, queria manter a possibilidade de ser mãe no futuro,” afirma.

Foi nesse intervalo que a vida amorosa surpreendeu: um match num aplicativo de namoro com um americano apaixonado por música brasileira virou algo mais. O relacionamento evoluiu rápido: um ano de namoro, um ano de noivado e casamento marcado no Rio de Janeiro.

“A carreira internacional me trouxe outras alegrias, que vão além do trabalho”, afirma Raquel que hoje tem um filho de 10 meses com cidadanias americana, britânica e brasileira.

Raquel Baron em um dos centro de distribuição do Grupo L’Oréal nos Estados Unidos (Raquel Baron /Divulgação)

Dicas e conselhos para quem quer construir uma carreira internacional

Para quem sonha em trilhar um caminho internacional, Raquel compartilha os cinco passos que a ajudaram a construir uma carreira sólida fora do Brasil:

  1. Estude inglês no Brasil — antes de sair do país

"Não dá para esperar aprender inglês só quando chegar fora. A fluência foi o meu diferencial desde o primeiro estágio, aos 18 anos, na Sony Music", diz. “O inglês me colocou em salas onde outros estagiários não podiam entrar.”

  1. Escolha uma carreira com possibilidades amplas

Raquel cursou administração de empresas após testar direito e pedagogia. “O administrador pode atuar em vários setores: de uma farmacêutica a uma empresa de beleza. Eu disputei vaga com homens britânicos formados em Cambridge — e ganhei,” afirma a brasileira que destaca a importância de escolher uma carreira ampla e uma empresa que oferece oportunidades de trabalho no exterior.

  1. Construa networking e vocalize seus objetivos

O desejo de morar fora começou cedo, mas ela soube verbalizar. “Falei para meu chefe que queria trabalhar em Londres. Apesar de na época não ser algo tão comum, continuei acreditando e quando apareceu a oportunidade lembraram de mim — e isso mudou tudo”, afirma a carioca.

  1. Tenha mentalidade de crescimento

Sem saber o nome do conceito, Raquel já praticava o “growth mindset”: o olhar para problemas como oportunidades de aprendizado e exposição. “Eu via os problemas como caixas de tesouro. Cada um deles trazia visibilidade, aprendizado e crescimento.”

  1. Continue estudando, mesmo já estando lá fora

Mesmo já trabalhando em Londres e Nova York, Raquel continuou investindo em educação. “Fiz especializações em instituições internacionais. Isso reforçou minha credibilidade e abriu ainda mais portas.” Além do inglês, ela fala espanhol, francês e estuda italiano.

Aos 40 anos, ela diz que ainda não sabe exatamente o que virá. “Quero manter as possibilidades abertas. Talvez ficar nos Estados Unidos por mais um tempo, voltar à Inglaterra ou até ao Brasil. O importante é estar disponível para os desafios certos, que me façam crescer como profissional e como pessoa,” afirma Raquel.

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