Filha da japonesa Masa Tsuji Bezerra, e do brasileiro João Batista Gomes Bezerra, a executiva Lara Yumi Tsuji Bezerra nasceu e foi criada na capital paulista. Com os pais médicos, as histórias sobre pacientes e desafios da área da saúde sempre estavam presentes no dia a dia de Lara, seja no jantar, seja em eventos, como o Natal, em que a árvore ficava cheia de presentes dos pacientes. De alguma forma, essa vivência a levou para chefiar grandes empresas farmacêuticas, como a Bayer e a Roche, em diferentes países.

“Eu queria ter a vocação dos meus pais de ajudar a população na área da saúde. E quando eu entrei na área da indústria farmacêutica eu senti os dois lados que meus pais sempre diziam. De um lado, eu poderia ajudar as pessoas, mas tinha aquele outro lado de ser a melhor, de crescer e ser promovida nos negócios”, afirma a executiva.

Como chegar ao topo?

Várias vezes Bezerra foi a primeira mulher em altas posições. E para ganhar a confiança dos funcionários e líderes, a maioria homens, ela tentava fazer um ambiente confortável para que eles a aceitassem. “Ao mesmo tempo mostrava para eles como o trabalho poderia ser diferente e melhor. E era simples. Eu ajudava a resolver problemas e mostrava pontos de vistas diferentes.”

O foco da executiva estava sempre no seu potencial, em ser a melhor, fazer o bem e estar feliz. “Para mim, estar feliz no trabalho era poder ajudar as pessoas.”

Foi assim que Lara saiu do marketing para a administração de vendas, depois foi para controle, depois logística. “Fui passando de área em área. De repente, quando vi, eu tinha um escopo de experiência que era o que precisava para ser a presidente da companhia em diferentes países.”

O salto internacional 

Durante os seus 27 anos de carreira, Bezerra trabalhou em sete países em três continentes. Foi a primeira líder feminina nomeada presidente executiva do Grupo Bayer na América Latina (Venezuela) e a primeira mulher eleita presidente da Câmara de Comércio Alemanha/Venezuela. Em dezembro de 2019, Lara foi a CEO da Roche Pharma (Chief Purpose Officer) na Índia, empresa onde finalizou a sua missão como CEO. “Eu sempre falava que queria estar onde eu poderia ajudar”, afirma a executiva.

Entre os principais conselhos que a mentora destaca para quem busca ter uma carreira internacional, estão:

• Aprenda idiomas: além do inglês, ter conhecimento em outros idiomas, especialmente o espanhol, é crucial. Dominar múltiplos idiomas aumenta as oportunidades de trabalho em diversos países.
• Busque oportunidades em multinacionais: trabalhar em uma empresa multinacional facilita a transferência para outros países. É importante construir uma rede de contatos (networking) e se oferecer para participar de projetos internacionais. Isso demonstra flexibilidade e disposição para aprender rapidamente.
• Tenha uma mentalidade aberta: ser aberto ao novo é essencial para se adaptar a diferentes culturas. É importante apreciar e respeitar outras culturas e pontos de vista. Ser patriota é importante, mas a abertura para novas experiências culturais facilita a integração em ambientes internacionais.
• Conheça o estilo de liderança local: tenha uma clara compreensão de suas próprias características e estilo de liderança. Isso ajuda a se comunicar efetivamente com colegas de diferentes culturas e a adaptar seu estilo de liderança conforme necessário.
• Seja proativo: é importante ser proativo em buscar oportunidades internacionais dentro da empresa. Mostrar interesse em transferências e em projetos globais pode abrir portas para uma carreira internacional.

Em 2020, Bezerra fundou nos Estados Unidos a “Workcoherence”, uma empresa de consultoria, mentoria e coaching com a missão de criar mais pessoas que lideram com propósito, elevando a consciência da humanidade. Por meio do seu trabalho de consultoria, já ajudou mais de 180 executivos a encontrar o seu propósito, e neste ano será palestrante no programa Salto Alto, evento que será realizado somente para mulheres na liderança em outubro, nos Estados Unidos.

“Para mim o propósito é você sair dessa vida um ser humano melhor do que você entrou”, diz Bezerra. “O que te dá muita raiva e você briga muito, provavelmente é algo que você acredita e muitas vezes está ali o seu propósito”.