Se preparar e pesquisar sobre seu público é essencial para se sair bem em apresentações (Dreamstime)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 20h25.
São Paulo - Na carreira, existem algumas habilidades que o profissional precisa ter, ainda que pareçam pouco úteis no dia a dia. Dominar o idioma inglês é uma delas. Falar em público é outra. Muita gente está tão acostumada às apresentações que as encara com naturalidade. O problema é para quem não fala com tanta frequência, mas tem de estar preparado para aparecer bem quando for convocado.
Essa é uma missão que assusta muita gente. "Quem faz apresentações está em evidência e, por isso, está sendo julgado e avaliado pelas outras pessoas", diz Leny Kyrillos, fonoaudióloga, de São Paulo.
"Falar bem exige conteúdo, experiência, habilidade de contar histórias e até mesmo uma boa dose de espetáculo para encantar a plateia." A seguir, especialistas e executivos acostumados a falar em público dão orientações para quem precisa soltar a voz.
Antes
Em março deste ano, em discurso feito durante visita ao Brasil, o presidente americano Barack Obama citou o jogo do Vasco e Botafogo que ocorria naquele dia, o filme Orfeu Negro, que se passa em favelas brasileiras, o cantor Jorge Benjor e o imperador Dom Pedro II. Isso o ajudou a se aproximar da plateia, mostrando seu conhecimento do público e a preocupação em adequar corretamente a fala aos interesses dos ouvintes.
Para fazer como Obama, prepare-se com antecedência. Estudar bastante o assunto e conhecer o público, para não dar informações muito avançadas ou muito simplórias, ajudam a diminuir a ansiedade. Monte, então, uma preparação esquematizada, com começo, meio e fim, calculando quanto tempo terá de fala e, se necessário, separe recursos visuais, como vídeos ou infográficos.
Treinar em casa também ajuda. "Eu ensaio antes de cada apresentação", diz Rodrigo Vianna, diretor da Hays, consultoria de recrutamento, de São Paulo. Outra dica é conhecer o local da apresentação, quando possível, e certificar-se de que os aparelhos eletrônicos estão em ordem.
"Chego mais cedo para me ambientar ao local, ao palco e aos equipamentos", diz Alexandre Carvalho, diretor de operações da Engeform, construtora de São Paulo.
Durante
No início de uma apresentação, a descarga de adrenalina provoca nervosismo. Por isso, é preciso relaxar e metabolizar o excesso de hormônio.
"Para se acalmar, ajeite sem pressa as folhas de anotações, acerte a posição do microfone e comece a falar mais devagar, com o volume de voz reduzido, para não demonstrar sua instabilidade", diz Reinaldo Polito, especialista em comunicação e autor dos livros Perca o Medo de Falar em Público e Seja um Ótimo Orador.Quando estamos nervosos, a voz sai trêmula e entrecortada.
Isso ocorre porque desequilibramos a respiração, inspirando e expirando em intervalos curtos, o que passa uma aparência afobada. Para se livrar da respiração entrecortada, Milena Hama, diretora da Staples, distribuidora de suprimentos, de São Paulo, faz respiração abdominal (pelo diafragma). "Isso me ajuda a transformar o nervosismo em energia para projetar a voz, usando o abdome como apoio", diz.
Depois de restabelecer a confiança, lembre-se de falar com energia, disposição, entusiasmo e emoção. "Só desperta o interesse dos outros aquele que também se mostra interessado", diz Reinaldo. Lembre-se também de dar exemplos e argumentações que consolidem suas ideias. Podem ser casos folclóricos, histórias de grandes empresários ou reportagens recentemente veiculadas em jornais ou revistas.
O ex-presidente americano John Fitzgerald Kennedy, por exemplo, fazia discursos que ainda hoje soam atuais, repletos de referências à história e à literatura. Siga seu estilo, mas tome cuidado com a adequação.
"Não faça piadas se não tiver habilidade para isso, o humor é uma faca de dois gumes, pois uma piada no começo de uma apresentação pode soar engraçada, mas também pode despertar preconceito nos ouvintes, o que prejudicará toda a exposição", diz Ivo Godoi, diretor executivo da construtora Promon, de São Paulo.
Depois
Quando estiver próximo do fim da apresentação, revele ao público que está prestes a concluí-la. "Assim a audiência não fica frustrada e você diminui o risco de comprometer toda a sua exposição", ensina Reinaldo no livro Assim É que Se Fala. Ele sugere utilizar as expressões "e, para encerrar", "chegou a hora de encerrar" ou "chega o momento de concluir".
Ao término da palestra, não se esqueça de atender quem deseja tirar dúvidas pessoalmente. Não é legal acabar a apresentação e sair correndo. Mais tarde, ao chegar em casa, se julgar necessário, anote os pontos principais da apresentação e aproveite o exemplo para falar ainda melhor da próxima vez.