Bolsa de Londres: salários dos britânicos aumentaram 0,6% nos últimos 12 meses (Leon Neal/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 10h20.
Londres - Os diretores das empresas com papéis negociados no principal índice da Bolsa de Londres têm um salário em média 143 vezes superior ao de seus funcionários, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira.
"Estes dados mostram o aumento incrível das remunerações dos diretores em comparação com as dos trabalhadores britânicos nas últimas três décadas", estimou o instituto High Pay Centre, organização que fez o relatório.
Em 1998, a diferença entre as remunerações era apenas de 1 a 47, estimou a organização.
Para calcular estes resultados, os autores do estudo compararam a remuneração total declarada das empresas do índice FTSE-100 com o salário médio dos empregados.
Por exemplo, o diretor geral da empresa de restauração Compass, Richard Cousins, ganhou em 2013 5,5 milhões de libras (6,85 milhões de euros, 9,2 milhões de dólares), 418 vezes o salário médio de um trabalhador.
O da cervejaria SABMiller, Alan Clark, ganhou 6,5 milhões de libras (8,1 milhões de euros, 11 milhões de dólares), 360 vezes o salário médio de seus funcionários.
"As estatísticas oficiais mostram que os salários dos trabalhadores comuns diminuem, mas nem todos estão sofrendo", ironizou Deborah Hargreaves, diretora da High Pay Centre.
Os salários dos britânicos aumentaram 0,6% nos últimos 12 meses, muito menos que a inflação (1,9%), o que levou a uma perda de poder aquisitivo.
"Quando os chefes ganham centenas de vezes mais que a mão-de-obra, emerge um profundo sentimento de injustiça", sustentou Hargreaves, que apelou ao governo britânico que "adote medidas radicais para construir uma economia justa na qual as pessoas comuns possam acreditar".
As empresas que negociam na bolsa declaram em um relatório anual a remuneração de seus diretores, receitas que incluem o salário e os prêmios e outros elementos variáveis.
Para o salário médio dos funcionários, o High Pay Centre recorreu aos dados da consultoria Pensions and Investment Research Consultants (PIRC).