Carreira

Dia do Engenheiro: veja as áreas de atuação que mais crescerão na carreira

De acordo com a Robert Half, há três segmentos principais que estarão em alta nos próximos anos na engenharia: ESG e Sustentabilidade, Logística 4.0 e Estratégia em Compras

Engenheira: tema da complexidade em engenharia é alvo de pesquisa em universidades estrangeiras (chombosan/Thinkstock)

Engenheira: tema da complexidade em engenharia é alvo de pesquisa em universidades estrangeiras (chombosan/Thinkstock)

No próximo dia 11 é comemorado o Dia do Engenheiro, profissão que no Brasil soma mais de 1 milhão de profissionais ativos, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

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A carreira é conhecida por um ter "excesso" de profissionais formados. Dados da USP mostravam que, em 2020, o número de engenheiros formados era 2,46 maior que a perspectiva e vagas de trabalho.

Diante desse contexto, é preciso estar atento e de olho nas tendências e especializações dentro da profissão que podem fazer o profissional se destacar.

Entre as habilidades comportamentais mais demandadas estão o perfil analítico, facilitador, equilíbrio emocional, comunicação e adaptabilidade. Já dentro das habilidades técnicas, idiomas, domínio de sistema de gestão integrada, tech skills e inovação foram as mais citadas.

Um dos melhores momentos para a Engenharia Florestal

Com a valorização da agenda de sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente, a área de engenharia florestal é considerada uma das mais promissoras para os próximos anos.

A profissão tem diferentes possibilidades de atuação e envolve conhecimentos em tecnologia, elaboração de projetos, ecologia e habilidades de gestão.

Para Claudia Garcia, Gerente de Contratos Florestais da divisão de Agricultura da Hexagon, empresa de tecnologia que monitora mais de 5 milhões de hectares de floresta plantada em todo o mundo, a principal dica para quem está começando é se preparar tecnicamente para ser um profissional generalista.

“É interessante que você consiga entrar no mercado de trabalho preparado para o que der e vier. Eu tinha uma ideia de que iria trabalhar na parte ambiental e trabalho com produção, então um perfil técnico generalista auxilia bastante”.

Claudia também destaca a importância de estar atento às novidades em tecnologia. “Com Big Data, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), o setor de tecnologia está muito atrelado à nossa profissão. Então, ter conhecimento na área agrega muito”.

Segundo ela, a engenharia florestal vive um de seus melhores momentos. “Nós temos uma demanda muito grande de profissionais. Estamos vendo algumas expansões aqui no Brasil de novas fábricas, mas para ter essas novas fábricas é preciso plantar mais floresta e para plantar mais floresta precisamos de mais pessoas capacitadas”.

Cenário de transição energética demanda mais profissionais de Engenharia Elétrica

O ano de 2022 foi repleto de conquistas para o setor de energia do Brasil, entre elas a aprovação do Marco Legal da Geração Distribuída de Energia e a marca de 22 GW de capacidade operacional em usinas de energia solar fotovoltaica.

O tema transição energética também foi destaque durante a 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, e a expectativa é que na edição do ano que vem, realizada em Dubai, ele ganhe ainda mais força.

Nesse cenário, a experiência de engenheiros eletricistas é fundamental para a construção de estratégias que impulsionam o desenvolvimento de diferentes fontes de energia.

Na Edmond, ecossistema tecnológico ESG para transição energética no Brasil, o líder da área de energia é Fabrício Malagolli, engenheiro eletricista formado pela UNESP.

"Esse cenário de transição energética vai fazer com que a demanda de profissionais para a área seja muito grande nos próximos anos. Nesse cenário, sempre destaco que, além da formação em Elétrica, profissionais de áreas como Civil e Mecânica também são procurados, já que projetos de usinas passam por áreas multidisciplinares", contextualiza o especialista.

Para aqueles que estão pensando em seguir carreira na área, Malagolli afirma que estar atento a essa disciplinaridade do curso é fundamental. “Conversar com profissionais, visitar universidades, tirar dúvidas sobre os dois primeiros anos do curso, que é quando ele costuma ser mais abrangente, faz a diferença”, aconselha.

5G aumenta demanda por profissionais de Engenharia de Telecomunicações

Com a chegada de novas tecnologias, como a última geração de rede móvel 5G e o metaverso, por exemplo, o mercado de telecomunicações vem crescendo cada dia mais.

Para Paula Grando, engenheira de telecomunicações na SIPPulse, empresa catarinense que desenvolve tecnologia para o mercado de telecomunicações para provedores de internet e contact centers, é a necessidade de comunicação que mantém a área aquecida e em constante inovação.

“Com o que aprendemos na faculdade de engenharia de telecomunicações, podemos atuar em diversas áreas dentro do setor de tecnologia”, aponta Paula.

Nesse sentido, a engenheira acredita que seja uma das profissões com a maior facilidade de adequação para o futuro.

“Eu trabalho na SIPPulse, uma empresa de capital intelectual brasileiro e que atua no setor de VOIP, e saber que o nosso trabalho permite a conexão entre pessoas que estão longe e que pode até mesmo salvar uma vida através de um telefonema me enche de orgulho”, acrescenta.

Apesar de ser um ramo predominantemente masculino, Grando acredita que as mulheres têm furado a bolha.

“No caminho que venho trilhando na área, encontrei diversas pessoas dispostas a lutarem por um ambiente mais saudável para nós mulheres”. Segundo a engenheira de telecom, a formação abre um leque de opções gigantes.

“Você pode não gostar das cadeiras de programação, que é o ramo de maior destaque, mas pode atuar em outras áreas como, transmissão, sinais, gestão de projetos, gestão de equipes, etc”, finaliza.

Engenharia de software: “você só aprende na prática"

Desde pequeno, João Paulo Busche era um grande fã de jogos. Costumava passar muito tempo no computador e, durante o ensino médio, a relação próxima com a tecnologia trouxe uma curiosidade: a forma como os aplicativos são desenvolvidos.

Por causa desse impulso, escolheu cursar Engenharia de Software. Atualmente, Busche trabalha como desenvolvedor na Aurum, empresa de tecnologia pioneira na criação de soluções para advogados autônomos, escritórios de todos os tamanhos e departamentos jurídicos.

Quando chegou ao curso de Engenharia de Software, Busche esperava uma carga de estudos essencialmente teórica, mas conta que foi surpreendido positivamente.

“Minha faculdade era muito prática e eu desenvolvi vários projetos em diferentes áreas de criação e desenvolvimento de softwares, desde a concepção e desenvolvimento até a manutenção e encerramento”. Segundo o engenheiro, o curso é bastante abrangente e permite que o profissional atue em todas as fases exigidas para um bom trabalho de desenvolvedor.

Para aqueles que planejam ingressar na profissão, o engenheiro de software reforça: “O ideal é você colocar a mão na massa. Não ficar preso somente a tutoriais, mas pensar em um projeto e desenvolver. Esta é a melhor coisa para o profissional e é isso que o mercado exige: capacidade de se adaptar a tocar projetos independente da linguagem e da tecnologia. Só se aprende na prática. Por mais que a teoria seja uma base, só se aprende na prática.”

Momento de reestruturação na Engenharia de Controle e Automação

Impactada pelos avanços tecnológicos, a engenharia de Controle e Automação passa por um momento de reestruturação nos postos de trabalho e geração de oportunidades.

Para Hugo Fagundes, que tem formação na área e hoje atua como Product Manager na divisão de Agricultura da Hexagon, as ferramentas estão cada vez melhores e isso vem mudando a maneira com que os engenheiros trabalham e também como as oportunidades estão distribuídas no mercado.

“Eu vejo o futuro da engenharia com muito bons olhos. Com a evolução das ferramentas eu espero que os trabalhos de engenharia sejam cada vez mais inovadores, rápidos e com melhor qualidade”.

Como dica para quem está dando os primeiros passos na profissão, Hugo recomenda o estudo sobre software e desenvolvimento de produtos como um todo.

“São áreas que estão crescendo muito e eu espero que cresçam cada vez mais. Muitos postos de trabalho no mercado hoje estão sumindo ou mudando a forma como são executados e eu vejo que uma excelente maneira de lidar com a mudança é fazendo parte dela, promovendo a evolução da tecnologia. Destaco o desenvolvimento ágil, que traz um mindset de adaptabilidade, o qual é essencial para lidar com a evolução rápida do mercado e tecnologias”, recomenda.

Engenharia também abre portas para outras posições

Formado engenheiro eletricista pela Universidade Federal de Santa Catarina, Diego Ramos hoje é empreendedor e vice-presidente de Relacionamento da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia). Para ele, a formação em Engenharia desenvolve um raciocínio lógico que permite a atuação de engenheiros em diferentes setores.

"Na tecnologia, vemos engenheiros em cargos de liderança e à frente de grandes entidades, empresas e unicórnios, por exemplo. Uma formação de qualidade possibilita que os profissionais atuem em diferentes frentes. Por isso, é preciso que a qualidade do ensino se mantenha com excelência, e esse é um desafio no Brasil tanto quanto o acesso ao ensino superior", explica Ramos.

Diretor da Teltec, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para telecomunicações, ele conta que empreendeu seguindo os passos do pai — o engenheiro eletricista Glauco Brites Ramos — e que esse caminho poderia ser explorado por mais pessoas formadas nos cursos de engenharia.

"Desenvolvi soft skills fora da universidade, por exemplo. Essa é uma necessidade muito importante não só dentro do empreendedorismo, mas do mercado como um todo. Embora a carreira seja versátil, temos muitos bons profissionais formados tecnicamente, mas com muitas dificuldades em habilidades comportamentais. Olhando para o ecossistema de tecnologia, há uma grande demanda de vagas abertas, por isso, aconselho investir no desenvolvimento dessas skills", completa.

Para além do conhecimento acadêmico

Formado em Engenharia Elétrica, Felipe Heineck é coordenador da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos da Frahm - indústria de equipamentos de áudio.

“Os dias de trabalho são repletos de desafios, pois sempre queremos nos superar e inovar no que fazemos, seja através de uma nova tecnologia ou mesmo buscando outras maneiras de fazer o que fazemos com maior eficiência. Felizmente, é isso o que nos move, pois quando superamos estes desafios nos sentimos realizados, assim como quando inovamos no que fazemos e temos nosso trabalho reconhecido, pois vemos que aquilo que era apenas uma ideia distante na etapa inicial se materializou em um produto ou em uma função inovadora através do nosso trabalho”.

Aos estudantes que pretendem seguir carreira na indústria, ele reforça a importância do desenvolvimento de soft skills como colaboração e flexibilidade.

“A formação profissional não nos dá todos os conhecimentos necessários para o mercado de trabalho, mas sim a base de conhecimento que permitirá construir novos conhecimentos no futuro. Para entrar no mercado de trabalho é preciso destacar soft skills como a colaboração, pois ninguém faz nada sozinho e o trabalho em equipe é fundamental; a flexibilidade, pois vivemos em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), portanto, precisamos estar sempre dispostos a mudar e buscar outras perspectivas; e a criatividade, que é característica fundamental para quem busca a solução de problemas e inovação”, aponta.

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