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Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2018 às 12h26.
Última atualização em 12 de junho de 2018 às 14h47.
Da aférese de enamorar, estar em amor, foi formado este verbo na língua portuguesa: namorar.
Aférese, linguisticamente, tem duas correspondências:
Indica a supressão de fonema(s) no início da palavra, como em "tá" em vez de "está"; "cê" em vez de "você". Tal recurso é uma tendência na língua falada e na informalidade.
Além disso, indica a evolução e a formação de palavras, como no par "enamorar - namorar".
Namorar COM alguém? A regência primitiva, tradicional, é de transitivo direto, ou seja, sem o auxílio da preposição:
"Dizem os delatores que ela namorava todo o Congresso Nacional."
"O ator namorava a plateia, o cenário e o palco, antes de entrar em cena."
"O alcoólatra tinha a mania de namorar os copos."
Apesar da visão purista e da tradição, são vistos muitos registros literários de "namorar com":
"E o Dr. Carmo, namorando agora com aquela sem-vergonha (...)"
José Lins do Rego
"O Promotor namorava com a filha do coronel Quincas (...)"
Bernardo Élis
Regência rara é a de transitivo direto e indireto pronominal. No sentido de "apaixonar-se", "ficar encantado", "enamorar-se", vemos o registro com auxílio da preposição "de":
"Namorou-se de uma atriz."
"Namorou-se da natureza, em criança."
"Namorou-se da capital e esqueceu-se do campo."
Em um momento formal (escrita ou fala), o verbo deve ser usado ainda como transitivo direto, apesar de haver uma corrente que já defenda o "namorar com alguém".
Se nós cobiçamos alguém, se nós desejamos alguém, nós simplesmente namoramos esse alguém.
Que assim seja!
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Diogo Arrais
@diogoarrais
YouTube: MesmaLíngua
Professor de Língua Portuguesa
Autor Gramatical pela Editora Saraiva