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De pai para filha: a história de Beatriz Souza, que conquistou primeiro ouro das Olimpíadas 2024

Conheça como a judoca peso pesado que conquistou o seu espaço no maior campeonato de esporte do mundo – e a primeira medalha dourada para o Brasil em Paris

Beatriz Souza, atleta olímpica de judô: “Sinto que faço parte da evolução, que estou na luta com as mulheres e que estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço” (COB/Divulgação)

Beatriz Souza, atleta olímpica de judô: “Sinto que faço parte da evolução, que estou na luta com as mulheres e que estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço” (COB/Divulgação)

Publicado em 23 de julho de 2024 às 17h34.

Última atualização em 2 de agosto de 2024 às 12h45.

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O judô é um esporte de família para Beatriz Souza, que conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nas Olimpíadas de Paris este ano. Nascida em Itariri, mas criada em Peruíbe, São Paulo, a atleta se apaixonou pelo judô quando tinha apenas 7 anos. “Eu era uma criança cheia de energia, tentei natação e dança, mas nada me parava, até que eu conheci o judô”.

O primeiro contato com o esporte de luta aconteceu por meio do pai Poseidonio José de Souza Neto, que foi atleta profissional de judô por anos, chegando a participar de diferentes campeonatos nacionais. “Como eu era o terror em casa, um dia meu pai teve a ideia de me levar para assistir um treino de judô. Eu simplesmente amei ver o pessoal lutando e a grosseria da luta”, disse a atleta em entrevista concedida logo antes de embarcar para Paris.

Desde aquele dia, Beatriz luta judô de segunda a sábado. Começou em um clube de Peruíbe, passou pela Sociedade Esportiva Palmeiras e atualmente é atleta do Clube Pinheiros.

As competições no tatame começaram cedo para a judoca. Passou pelo Sul-Americano e Sul-Brasileiro, e aos 18 anos já estava disputando na categoria sênior em 2016. Na época, após passar pela seletiva olímpica, começou a viajar como atleta sênior e a competir internacionalmente. “Em 2021, na Hungria, consegui uma das medalhas mais importantes da minha carreira, a primeira medalha no Mundial Sênior”, afirma a atleta que começou e ficou no judô, sem praticar nenhum outro esporte de luta.

A luta das mulheres fora do tatame

Os Jogos Olímpicos de Paris trazem uma grande lição para o mercado de trabalho. Pela primeira vez, o maior evento esportivo do mundo será realizado com total igualdade de gênero nas competições. Dos 10,5 mil atletas participantes da Olimpíada de Paris 2024, serão 5,25 mil homens e 5,25 mil mulheres, maior participação feminina em 100 anos.

Beatriz é uma dessas mulheres que prometem inspirar novas atletas não só a lutar, mas a fazer uma atividade física e a se cuidar.

“Com o fato de termos mais medalhistas olímpicas mulheres nos últimos anos, acho que isso incentivou muito mais a mulherada a começar a lutar, a procurar um esporte e a tirar esse medo de enfrentar os desafios”, diz. “Sinto que faço parte da evolução, que estou na luta com elas e que estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço”.

O maior desafio

Para Beatriz, subir ao pódio nunca foi um grande desafio. Das 18 competições internacionais disputadas desde 2020, em Tóquio, ela conquistou o pódio 13 vezes, mas para trazer uma medalha para casa, ela precisou enfrentar a dor de diferentes lesões.

“Aprender a treinar com dor, a suportá-la 24 horas e a lidar com ela nas competições, foi e continua sendo o meu maior desafio da carreira”.

A primeira Olimpíada a gente nunca esquece

Essa é a primeira vez que Beatriz disputou o maior campeonato de esporte do mundo. O frio na barriga chega, mas não era maior que a vontade de trazer a medalha, afirmou a atleta pouco antes de embarcar para a viagem que lhe daria o ouro.

“Todo atleta que compete treina a vida inteira para chegar nessa competição. Com certeza o frio da barriga chega, mas estou trabalhando a ansiedade.”

O treinamento, à época, também estava mais intenso. “É uma preparação muito diferente das que eu já fiz na minha vida inteira, mas está sendo legal também ver a minha evolução. A vida de atleta é um investimento contínuo”, disse a judoca que possui além do Clube Pinheiros, patrocínio da Petrobras.

As lições do judô

Dedicação, disciplina e persistência – para Beatriz são as palavras que norteiam o avanço da sua carreira como atleta profissional de judô. “Ter essas características sempre valerão a pena quando você quer muito conquistar um objetivo. O caminho não vai ser fácil, nunca é, mas se a gente quer algo grande, a luta é diária. No meu caso, sempre valeu a pena, quando estou lá no pódio, fazendo o hino nacional do Brasil tocar, para mim é uma das melhores sensações que existem.”

A judoca estuda Administração, mas o plano para os próximos anos é de competir mais uma Olimpíada e de fazer história com o judô. No ano passado, o Comitê Olímpico do Brasil homenageou Beatriz com o Prêmio Brasil Olímpico, a principal premiação do esporte olímpico nacional. No judô, a peso pesado (+78kg) foi eleita a melhor de 2023.

Em 2023, além do bronze no Mundial, Beatriz conquistou ainda a medalha de ouro no Campeonato Pan-Americano de Judô Calgary 2023; ouro no Grand Slam de Baku; ouro no Open de Varsóvia; prata no Open de Perth; e bronze nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. Atualmente, Beatriz está em quinta no ranking mundial e é um dos principais nomes para trazer a medalha olímpica para o Brasil.

Sem contar as medalhas da edição de Paris, ao longo de 23 edições de Jogos Olímpicos de Verão, o Brasil conquistou um total de 150 medalhas, sendo 37 de ouro, 42 de prata e 71 de bronze. Com 24 medalhas, o judô e o vôlei (11 na quadra e 13 praia) são os esportes em que o Brasil mais conquistou medalhas. Os judocas brasileiros subiram ao pódio em todas as edições desde 1984.

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