Christina Bicalho, vice-presidente do STB: Hoje o intercâmbio é para todos os públicos e todas as idades (Divulgação: gilaxia/Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 14h04.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2024 às 14h07.
O que motiva os brasileiros a irem para outro país? Segundo levantamento do STB, consultoria especializada em educação internacional, o mercado de intercâmbio teve um crescimento de 25% em 2023, em comparação ao ano anterior, e a expectativa para este ano é de um avanço de no mínimo 20%.
Algumas tendências começaram no último ano e pretendem ter um crescimento acelerado neste ano, segundo Christina Bicalho, vice-presidente do STB. “Hoje os programas não são apenas para aprender um idioma, mas também para fazer relacionamento com times multiculturais e até mesmo descobrir novos hobbies e interesses. Hoje o intercâmbio é para todos os públicos e todas as idades”.
A demanda para este ano deve vir de alguns públicos em específico, sendo o de 50+ um deles, afirma Bicalho. “Normalmente são executivos e profissionais liberais que procuram alavancar suas carreiras com uma educação internacional ou até mesmo enxergam no intercâmbio a oportunidade de descobrir o mundo e aproveitar o tempo livre.
O público 50+ já representa 13% do movimento da agência. Antes da pandemia era de 3%, segundo Bicalho. “A pandemia fez uma mudança radical neste grupo. Ao ver isso, começamos a apostar, junto com as escolas parceiras, em programas específicos para essas pessoas, em que muitos estão aposentados.”
Muitos pais que foram intercambistas da STB, segundo Bicalho, tinha o costume de enviar os filhos e agora estão enviando os avós. “Um dia, em uma das nossas lojas, vi cinco senhoras por volta dos 70 anos que estavam indo fazer italiano em Florença com história da arte. Era algo que não víamos antes”, afirma Bicalho, que reforça que a mobilidade ficou mais fácil para esse público, incluindo o seguro saúde em que muitas corretoras começaram a estender a idade dos viajantes porque a demanda aumentou.
Outra tendência apontada pelo STB está entre as pessoas que já estão inseridas no mercado de trabalho, inclusive profissionais C-Level.
“Em busca do aprendizado e educação contínua, que chamamos de lifelong learning, eles têm interesse por cursos de idiomas em áreas específicas voltados à carreira e formação profissional, como tecnologia, business e marketing, mas também aparecem entre os cursos buscados medicina, sustentabilidade e direito.”
Outro programa que continua em crescimento é o Trabalho e Estudo, ou seja, destinos que permitem que brasileiros com visto de estudante possam trabalhar legalmente, sendo cada destino com sua regra e limite de carga horária, afirma Celso Garcia, CEO da CI, agência de intercâmbio, que espera um crescimento mínimo de 25% em programas de intercâmbio este ano.
Entre os destinos mais buscados, Garcia destaca a Austrália, que ainda é muito procurada por brasileiros, porque oferece programas técnicos/profissionalizantes que podem ser uma porta para quem tem um bom nível de inglês e quer ingressar no mercado de trabalho australiano.
“Esse tipo de programa técnico, os chamados VET (Vocational Educational and Training) costuma ter uma duração maior, de 6 meses a 1 ano, e permite trabalho de 48 horas quinzenais.”
Além disso, na Austrália, se o brasileiro vai cursar inglês por no mínimo 14 semanas e aplica o visto de estudante, segundo Garcia, ele poderá trabalhar até 48 horas quinzenais - vale lembrar que o governo australiano aplicou algumas regras neste ano.
“Outro destino relativamente novo no portfólio é Dubai, nos Emirados Árabes, com grande facilidade na emissão de visto e com possibilidade de trabalho legal sem limite de horas para estudantes”, diz Garcia.
Além da Austrália e Dubai, outros destinos que permitem estudar o idioma e trabalhar legalmente são: Irlanda, Espanha, Malta e Nova Zelândia.
Os adolescentes na faixa etária de 16 a 18 anos seguem entre os grupos de maior interesse por estudar fora do país, afirma Bicalho. “A novidade é que, dessa vez, buscam por programas voltados à preparação universitária, que são oferecidos por universidades internacionais no período de férias.”
Um deles é o Summer Discovery que oferece cursos para alunos do ensino médio durante as férias de julho nas universidades mais respeitadas dos Estados Unidos e Inglaterra. Durante o curso, o aluno pode escolher disciplinas que possibilitam, em alguns casos, o estudante obter créditos universitários.
Aprender outro idioma, além do inglês, ainda aparece entre os principais interesses dos brasileiros para intercâmbio.
“O espanhol, francês e alemão são apontados como as línguas preferidas. Em 2023, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Irlanda foram os destinos mais buscados para o aprendizado da língua inglesa”, diz Bicalho.
Para quem busca destinos considerando custo-benefício, Garcia indica Malta, Canadá, África do Sul e Reino Unido.