Um líder deve ficar atento quando falta motivação à equipe: estudos mostram que o clima psicólógico tem mais impacto sobre a produtividade que o ambiente (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 15h54.
São Paulo - Há anos dou uma aula chamada Ambientes de Aprendizagem e Colaboração para alunos do MBA da Fundação Instituto de Administração, em São Paulo. Nela, eu e meus alunos, muitos deles executivos, discorremos sobre os fatores que influem na produtividade no trabalho. Analisamos casos de negócios, relatamos experiências pessoais e nos aprofundamos em teorias consagradas, a começar pela pesquisa de Hawthorne, que foi conduzida por Elton Mayo de 1927 e 1932.
A pesquisa de Mayo retratava a dureza das fábricas do início do século passado. Seu experimento mais famoso, com operários da Hawthorne, uma fábrica do grupo de telecomunicação AT&T em Chicago, nos Estados Unidos, revelou o papel da motivação no desempenho. A maior novidade do estudo para a época foi a conclusão de que o ambiente psicológico influencia na performance mais, muito mais, do que o ambiente físico.
Até hoje as conclusões a que chegou esse médico australiano, radicado nos Estados Unidos, causam espanto nos gestores menos avisados. Mayo partiu do pressuposto de que a deterioração do ambiente de trabalho afeta a produtividade — o que parece bastante lógico. Entretanto, não foi o que aconteceu. Ele diminuiu a luminosidade em uma sala, e os operários continuaram produzindo na mesma intensidade das outras áreas da fábrica. "Isso não faz sentido!", pensou Mayo.
Ele só começou a entender o fenômeno quando passou para a segunda fase da experiência, em que analisou a influência não do ambiente físico, mas do clima psicológico. Percebeu, então, que o comportamento das pessoas é apoiado na conduta do grupo. Quando diminuíram a luz, o supervisor da área tratou de cuidar e motivar os operários, o que compensou totalmente a dificuldade. Mayo concluiu que o clima psicológico tem peso maior do que a luminosidade ou a temperatura — aspectos ambientais.
Na minha aula eu quero que meus alunos aprendam e compartilhem conhecimentos, o que me leva a cuidar do ambiente psicológico da sala de aula. Como eu sou o "gerente" daquele ambiente, em que a produtividade é o aprendizado, meu estado de espírito e minha disponibilidade para atender às expectativas, às curiosidades e às ansiedades dos alunos são determinantes para o sucesso da empreitada. Cada professor e cada gerente tem seu Hawthorne particular. Cuidemos dele.
Eugênio Mussak escreve sobre liderança. É professor do MBA da Fundação Instituto de Administração (FIA) e consultor da Sapiens Sapiens.