Diversidade: dados mostram um avanço na diversidade etária nas contratações (Thomas Barwick/Getty images)
Luísa Granato
Publicado em 18 de agosto de 2021 às 10h56.
Última atualização em 19 de agosto de 2021 às 12h27.
No primeiro de semestre de 2021, 10% das vagas publicadas pela Gupy foram preenchidas por profissionais na faixa etária de 40 a 50 anos. O número pode parecer pequeno, mas representa um crescimento de 217% nas contratações de profissionais 40+.
O levantamento exclusivo da plataforma de recrutamento considera uma média de abertura de 60 mil vagas por mês. E os dados mostram um avanço na diversidade etária.
No período, as áreas que mais geraram empregos para o grupo foram Operações (30,14%), Serviço ao Cliente (17,74%), Tecnologia (12,17%), Comercial (11,32%) e Finanças e Administração (9,48%).
Ao comparar com dados do mesmo período de 2020, também foi observado um crescimento significativo em Contabilidade ou Controladoria (1.261,54%), Jurídico (690%), Marketing e Comunicação (600%) e Recursos Humanos (478,26%).
“É animador acompanhar o crescente movimento do mundo corporativo na contratação destes profissionais. Gradativamente, esta ação não apenas vai incentivar um clima organizacional mais positivo, mas também será aplaudida pelos consumidores”, afirma Mauro Wainstock, sócio da consultoria HUB 40+.
Mariana Dias, CEO da Gupy, também destaca o efeito de programas afirmativos para contratação de profissionais dessa faixa etária em programas de estágio e trainee. Em comparação com contratações de todas as idades, os 40+ representam 4,33% dos novos trainees e 0,42% dos estagiários.
“É uma tendência que beneficia ambos os lados: as empresas conseguem aumentar a diversidade e contar com a experiência desses profissionais, que têm muito a contribuir em qualquer equipe em que estiverem inseridos; e por outro lado, esses profissionais têm a oportunidade de se desenvolverem em áreas novas, como tecnologia, por exemplo, e aprender a trabalhar em ambientes mais dinâmicos e inovadores”, afirma a CEO.
Quando o tema é diversidade, o pilar de idade ganhou força junto com outras frentes, mesmo que ainda fique na sombra dos temas étnico-racial ou de gênero. A chegada dos 40 anos ainda é considerada por muitos como uma barreira no mercado de trabalho. Por preconceitos etários ou até de gênero, a recolocação nessa idade é mais crítica.
No entanto, o Brasil tem tudo para ser um dos países a ter mais pessoas de terceira idade à disposição do mercado de trabalho. Até 2050, 30% da população brasileira terá mais de 60 anos. Segundo dados do Ipea, órgão de pesquisas ligado ao governo federal, 57% da população em idade economicamente ativa no Brasil terá mais de 45 anos daqui três décadas.
Segundo o especialista, a pesquisa da Gupy confirma a tendência de valorização dos profissionais que possuem habilidades híbridas. O termo é usado para falar das habilidades que misturam conhecimento técnico, comportamento socioemocionais e experiência.
“No mundo corporativo, os 40+ vem se notabilizando por agregar equilíbrio, maturidade e experiência. A rápida tomada de decisão é uma habilidade conquistada com as vivências acumuladas; a liderança e a inteligência emocional trazem a indispensável confiança e o almejado respeito, enquanto o networking ajuda na concretização de negócios”, diz ele.