Carreira

Como ter um networking eficiente se você detesta "fazer social"?

Mesmo quem não tem a menor paciência para happy hours precisa investir em relacionamentos profissionais. Mas calma: não é tão difícil quanto parece

Mulher entediada em happy hour com colega de trabalho (AntonioGuillem/Thinkstock)

Mulher entediada em happy hour com colega de trabalho (AntonioGuillem/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 13 de abril de 2017 às 06h00.

Última atualização em 13 de abril de 2017 às 13h01.

São Paulo — Você acha difícil puxar conversa com estranhos? Detesta manter diálogos superficiais com (semi)desconhecidos? Tem preguiça de participar de happy hours, churrascos e outros eventos sociais com colegas de profissão?

Se esse é o seu caso, aí vai uma má notícia: “fazer social” faz, sim, toda a diferença para construir uma carreira de sucesso.

Você sempre precisará dos outros para escalar posições hierárquicas, conseguir um novo emprego, fazer política na empresa ou simplesmente para ter uma rotina mais divertida no trabalho.

Para ter um bom networking, principalmente, será inevitável enfrentar situações sociais dos mais variados tipos — do “coffee break” de um mega evento corporativo à roda de conversa no bar mais perto do seu escritório.

Nessa seara, os introvertidos realmente saem perdendo. “Profissionais mais expansivos e sociáveis têm muito mais facilidade para vender o próprio peixe, conhecer pessoas novas e manter sua rede de contatos ativa”, diz Emerson Dias, coach e consultor de carreira.

Dito isso, é importante lembrar que a quantidade de contatos importa menos do que a qualidade. E fazer networking não é apenas trocar sorrisos, falar sobre amenidades e contar piadas numa rodinha. Trata-se de um relacionamento de longo prazo, que exige seriedade, profundidade e dedicação.

Segundo Maurício Cardoso, um dos fundadores do Clube do Networking, facilidade para “fazer social” é importante, mas não basta. Afinal, os envolvidos na relação têm um objetivo a longo prazo: ajudar-se mutuamente em termos profissionais.

“Você não pode ser só ‘simpático’, precisa ser capaz de prestar atenção no outro, ter disponibilidade para ajudá-lo sem pedir nada em troca e falar com franqueza sobre aquilo de que precisa e aquilo que pode oferecer”, explica ele.

Uma saída para os mais introvertidos é enxergar o networking como um esporte, isto é, uma atividade com objetivos bem definidos que exige prática para o aperfeiçoamento. Vale uma analogia bem brasileira: enquanto fazer networking é jogar futebol, “fazer social” é correr atrás da bola — um esforço cansativo, porém necessário para o jogo.

A boa notícia é que mesmo o sedentário pode descobrir que adora fazer gols. Quando você reconhece o propósito e a recompensa de fazer contatos profissionais, a atividade pode se revelar extremamente estimulante.

Que tal começar agora? A seguir, especialistas no assunto dão 5 dicas que facilitam a vida dos introvertidos quando o assunto é networking. Confira:

1. Escolha modelos de interação confortáveis para você

Cardoso explica que muitos profissionais que não gostam de “fazer social” simplesmente não apreciam eventos tradicionais, como festas e churrascos. Mas esses não são os únicos modelos de convívio existentes. “Imagine um introvertido que ideia happy hour, mas adora esporte”, diz o especialista. “Em vez de ir ao bar no fim do expediente, ele pode convidar colegas do escritório para uma partida de futebol, por exemplo, e assim desenvolver relacionamentos”.

O autoconhecimento é fundamental para descobrir as suas preferências, e também para identificar os seus “gatilhos” de irritação em situações sociais. O que causa mais incômodo e por quê? O que é capaz de aliviar esse mal-estar? Reflexões como essas ajudarão você a saber que tipos de interação funcionam melhor para o seu perfil.

2. Esteja sempre adiantado

Vai a um evento profissional? A dica dos especialistas para os introvertidos é chegar o mais cedo possível. “Se aparecer tarde, todo mundo já vai estar interagindo e será mais difícil entrar nas rodinhas”, afirma Dias. “Se chegar com antecedência, ainda haverá poucos presentes e será mais fácil se aproximar deles”.

Para puxar assunto com essas pessoas, a melhor alternativa é falar sobre assuntos que você conhece bem. Isso, aliás, também vale para a hora de escolher os eventos que você irá frequentar: opte sempre por aqueles que tratam de assuntos que você já domina. Assim, você se sentirá mais seguro para expor suas opiniões e terá menos dificuldade para encontrar o que dizer.

3. Tenha um extrovertido como aliado

Contar com intermediários facilita muito a vida de quem tem dificuldade para iniciar contatos. De preferência, diz Cardoso, é interessante buscar um parceiro com perfil expansivo, que facilite as primeiras interações entre você e os demais em uma festa ou evento.

Além de trazer mais segurança no contato com o grupo, o amigo ao seu lado pode fazer a ponte entre você e um contato interessante. O recurso das apresentações é necessário até para os próprios extrovertidos, e é um dos pilares do networking.

4. Tenha boas perguntas na manga

Uma regra geral do networking que os introvertidos têm mais facilidade para executar do que os extrovertidos é a seguinte: fale menos e ouça mais. A capacidade de escutar atentamente o que o outro está dizendo é fundamental para conquistar sua confiança e simpatia.

Ter ouvidos disponíveis é uma competência ainda mais útil se você também é capaz de pontuar a conversa com boas perguntas. “Tenha meia dúzia de perguntas 'de bolso' que quebram o gelo com desconhecidos”, orienta Dias. "Você pode repeti-las sempre que conhecer uma pessoa nova".

5. Não finja ser extrovertido

A última dica é ser fiel à sua própria natureza: você não precisa (e nem deve) simular um comportamento que não é seu. Além de não funcionar, tentar parecer sociável pode gerar uma sensação de artificialidade e até gerar desconfiança.

“Vá aos poucos, faça movimentos suaves de aproximação, respeite os seus próprios limites e sempre mantenha a empatia”, diz Cardoso. No jogo do networking, autenticidade vale muito mais pontos do que uma centena de sorrisos falsos.

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