Muito antes de o branding pessoal aparecer e crescer, Steve Jobs já dominava essa arte (Apple/Divulgação)
Colunista
Publicado em 24 de setembro de 2024 às 18h01.
Última atualização em 24 de setembro de 2024 às 18h03.
Por Renata Vegha, Estrategista de Carreira e Marca Pessoal e Fundadora da Farol RV
Você já pensou como seria a história da Apple sem o Steve Jobs? Esse exercício de abstração é impossível, claro, e por um simples motivo: o líder visionário, sua empresa e seus produtos estavam intrinsecamente ligados, eram inseparáveis. Ele era a empresa e seus lançamentos, e vice-versa. Não há como conceber uma parte dessa tríade sem as outras.
Quem pensa na maçã mordida, automaticamente resgata todo o universo simbólico (inovação, ousadia, pioneirismo etc.) e real (celular, tablets, lojas, eventos, entre outros) associado a um dos empreendedores mais bem-sucedidos e revolucionários da era digital. Jobs foi o grande embaixador da marca que ajudou a fundar e prosperar.
Muito antes de o branding pessoal aparecer e crescer, ele já dominava essa arte. Desde a função e o design criados para os devices, passando pela roupa que vestia, o estilo minimalista, até as aparições públicas e frases de efeito, tudo conversava, tudo fazia sentido e se encaixava dentro de um certo ecossistema. Tanta coerência e clareza garantem que até fãs da concorrência conheçam bem a trajetória da Apple e de seu fundador.
Possuir uma marca pessoal não é escolha nem sorte e muito menos privilégio de gênios. Querendo ou não, pensando nisso ou não, transmitimos valores, crenças, opiniões e afetos pelo simples fato de estarmos vivos. O tempo todo comunicamos quem somos e provocamos reações a partir disso. O X da questão é se estamos fazendo a gestão da nossa própria marca ou se ela se expressa aleatoriamente, ao sabor das circunstâncias.
Entre tantas conquistas e proezas, a marca “Steve Jobs” foi essencial também para reduzir o Custo de Aquisição de Clientes (CAC) da Apple. Sua figura icônica abria avenidas de oportunidades, alavancando o desempenho da gigante de tecnologia e mesmo salvando-a em momentos de polêmica e crise. Da mesma forma, um líder empresarial respeitado e admirado pode contribuir, e muito, para enxugar o CAC de sua empresa.
De acordo com dados da Demand Metric, marcas que são bem reconhecidas pelo público chegam a diminuir o CAC em até 70%. Esse percentual pode subir ou descer, dependendo de como a marca de uma liderança impacta a marca corporativa.
Uma liderança reconhecida e respeitada faz toda a diferença, porque ela é capaz de “emprestar” aos negócios atributos preciosos como:
Para quem ainda tem alguma dúvida sobre os efeitos do branding pessoal no CAC, a Edelman aponta na pesquisa Edelman Trust Barometer, de março de 2022, que 81% dos consumidores afirmam que para adquirir determinada marca, precisam confiar nela.
Já um estudo realizado em 2023 pela Nielsen, detectou que 92% dos consumidores acreditam mais em recomendações de conhecidos (como amigos e familiares) do que em qualquer forma de publicidade.
Destacar-se da concorrência e ganhar o consumidor é um desafio cada vez mais complexo, seja pelo número de concorrentes no mercado, seja porque eles tendem, com o tempo, a ficar bastante parecidos. Uma liderança carismática, cuja marca pessoal se sobressai positivamente, tem o dom de desempatar esse jogo.