Bruno Braga, professor de inglês: Um vocabulário robusto é a base para uma melhor compreensão auditiva (FatCamera/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de setembro de 2023 às 10h07.
Por Bruno Braga, professor de inglês há 18 anos e Coordenador Pedagógico na Companhia de Idiomas
Como prometido, e dando continuidade ao artigo anterior sobre como melhorar o seu listening (escuta/compreensão auditiva), hoje quero falar sobre um dos momentos que mais causam medo no aprendiz do idioma: a conversa da vida real. Mas, afinal, não é para isso que aprendemos um novo idioma? Então vamos ver como podemos nos preparar melhor para que esse momento tão assombroso para muita gente se torne divertido e prazeroso.
Antes de mais nada, todas as dicas deste último artigo continuam valendo e devem ser usadas como parte desta preparação. No entanto, aqui, quero ir um pouco além delas para falarmos sobre como podemos nos preparar para eventualidades, como alguém que usa palavras muito técnicas ou que tenha um sotaque que não estejamos tão familiarizados.
O inglês é falado como língua nativa em diversos países, com muitas variações regionais de vocabulário, expressões e sotaques. Para além do inglês norte-americano e britânico, que costumamos ter mais contato no Brasil, podemos falar também do inglês australiano/neozelandês, inglês jamaicano, inglês indiano, inglês nigeriano, inglês irlandês, inglês paquistanês... todos eles de países onde o inglês é considerado idioma oficial. Não só isso, mas dentro de cada país você vai encontrar variações locais, da mesma forma que dentro do Brasil encontramos variações do nosso idioma dependendo da região.
Como se não fosse o bastante, o inglês também é um idioma global, o que nos expõe a uma variedade de nuances de pronúncia e entonação de falantes não nativos. Inglês brasileiro, inglês espanhol, inglês japonês, inglês italiano, inglês russo, inglês alemão e por aí vai. Cada um destes países tem seu próprio idioma, com características fonéticas bem particulares que, naturalmente, se refletem na maneira que falam inglês. Um sotaque brasileiro típico ao falar inglês é bem diferente de um sotaque espanhol que, por sua vez, é bem diferente de um sotaque japonês.
Percebe o tamanho do desafio? Por isso se preparar antecipadamente é essencial para que se tenha confiança na hora de se expor a uma prática real do idioma. E, para isso, vamos ver algumas dicas práticas de como esta preparação pode ser feita.
Se você souber a qual situação vai se expor, com quem precisará falar, já temos um primeiro passo importante. Conhecendo o seu interlocutor você pode descobrir sua nacionalidade, se é falante nativo ou não, e a partir daí tentar ouvir outras pessoas da mesma região falando inglês, para ir aquecendo os ouvidos.
Vai conversar com um australiano? Procure algumas entrevistas de artistas da região e tente assisti-las com foco na prática do listening. Os atores Hugh Jackman ou Nicole Kidman, as bandas AC/DC, Silverchair, a cantora Natalie Imbruglia... todos estes são exemplos de artistas que podem servir como fonte de prática de listening para o inglês australiano.
E se for um alemão? Sem problemas, faça a mesma coisa buscando alguns artistas ou personalidades alemãs que você goste dando entrevistas em inglês e se familiarize com o sotaque local. Lembrando que o Google é uma ótima ferramenta para buscar exemplos de artistas locais que você pode usar para esta prática.
Um vocabulário robusto é a base para uma melhor compreensão auditiva. No entanto, conhecendo o seu interlocutor ou sabendo em qual situação você vai precisar usar o inglês, você pode preparar o vocabulário específico.
Vai a um restaurante receber um visitante de fora? Prepare algumas expressões típicas para pedir comida, faça uma pequena lista de perguntas que você pode fazer a ele ou ela sobre seu país ou cultura, e se prepare para você mesmo respondê-las, caso o visitante pergunte "E você?" ou "E no Brasil?" durante a conversa.
E se for uma palestra que você terá que assistir? Conheça o tema dela, saiba quem será o palestrante e já anote algumas expressões importantes com as quais você pode se deparar durante o evento. Caso exista, você pode até assistir outras palestras disponibilizadas na internet do mesmo falante para se acostumar com sua maneira de falar. E se tiver um coffee break, melhor ainda. Busque uma lista de palavras e expressões que você pode utilizar para fazer o seu networking.
E para além da preparação específica, não custa lembrar: dedique tempo para aprender e revisar palavras novas regularmente. Isso não apenas ampliará seu conhecimento, mas também o ajudará a identificar palavras quando forem faladas com diferentes sotaques. Neste artigo aqui eu deixo algumas dicas sobre como expandir o seu vocabulário.
A prática é essencial para a melhoria do seu listening. Quando puder, se puder, encontre parceiros de conversação que sejam nativos ou fluentes em inglês e pratique regularmente. Pode ser em um pub, com algum colega de trabalho ou mesmo jogando um jogo online. Isso o ajudará a quebrar a barreira inicial da interação com um falante de inglês e te deixará mais tranquilo para uma situação futura.
Aplicativos como Duolingo e Babbel oferecem exercícios que incluem diferentes sotaques. Use esses recursos para se familiarizar com as pronúncias e entonações específicas de cada região. Qualquer tempinho livre que você, mesmo que 5 minutos apenas, podem ser usados para esta prática. Mas lembre-se: use sempre fones de ouvidos.
Caso você seja um pouco mais iniciante ou de nível intermediário, você pode assistir a filmes, séries, vídeos no Youtube ou outros programas em inglês utilizando legendas no próprio idioma. Isso ajudará a vincular a pronúncia às palavras escritas e melhorar sua compreensão auditiva, além de ajudar a expandir o seu vocabulário.
Sei que, como diz o ditado, easier said than done (é mais fácil falar que fazer). Mas falo da posição de alguém que passou pelo mesmo processo e sabe que, por mais que leve algum tempo e demande esforço e disciplina, esse é um processo totalmente factível e que, feito com calma e cuidado, trará resultados quando você menos esperar. Com prática e exposição, é possível melhorar significativamente suas habilidades de compreensão auditiva.
Lembre-se também de que a confiança é fundamental, e a prática regular é a chave para se sentir mais à vontade. Portanto, não tenha medo de cometer erros e continue aprimorando suas habilidades de compreensão auditiva em sua jornada de aprendizado de inglês.
Curtiu as dicas? Já tentou utilizar alguma ou algumas delas? Você tem outras dicas que usa para estas situações? Me escreva no bruno@companhiadeidiomas.com.br que eu vou adorar te ler e trocar essa ideia.
Até a próxima!