Carreira

Como inspirar a sua equipe a desenvolver letramento emocional

Em artigo, Paula Esteves, CEO atual da Cia de Talentos, fala sobre o que é letramento emocional e como colocá-lo em prática no dia a dia

Paula Esteves, CEO atual da Cia de Talentos: Letramento emocional é quando aprendemos a reconhecer, compreender e expressar as nossas emoções de forma saudável e construtiva (Divulgação: Marcos Mesquita)

Paula Esteves, CEO atual da Cia de Talentos: Letramento emocional é quando aprendemos a reconhecer, compreender e expressar as nossas emoções de forma saudável e construtiva (Divulgação: Marcos Mesquita)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 14h26.

Por Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos, diretora da ABRH Berrini e da ONG Instituto Ser+

Quando entramos na escola, aprendemos a escrever, ao ingressarmos no mercado de trabalho, aprendemos as competências para o trabalho. Mas quando e onde aprendemos a reconhecer, compreender e expressar as nossas emoções de forma saudável e construtiva? Isso é letramento emocional, algo tão importante no âmbito pessoal e no profissional, mas infelizmente tão pouco abordado e, menos ainda, ensinado.

Eu mesma, com mais de 20 anos de experiência em projetos globais de seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas, só recentemente comecei a ver o tema na agenda de algumas empresas. O motivo? É que, em meio a tantas transformações e crises, as empresas e suas lideranças foram levadas a olhar para essa "habilidade".

Inclusive, pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o treinamento das lideranças para desenvolver a capacidade tanto de prevenir ambientes de trabalho estressantes, quanto de responder aos trabalhadores em sofrimento — e o letramento emocional certamente pode contribuir para isso.

Mais uma obrigação na conta?

Diante dessa pauta, pode ser que líderes sintam aquele peso de precisar assumir mais uma tarefa, por isso vale deixar claro que não é papel da liderança agir como terapeuta. Em vez disso, ela pode explicar a importância do autoconhecimento, incentivar as pessoas a aprenderem lidar com as suas emoções e saber encaminhar alguém que precisa de uma ajuda especializada.

Nos últimos anos, a Carreira dos Sonhos, pesquisa desenvolvida pela Cia de Talentos, vem mapeando as emoções das pessoas no seu dia a dia e, na última edição, percebemos (com preocupação) que a juventude sente, sempre ou com frequência, preocupação, cansaço, ansiedade e apatia.

O que nos chama a atenção não é o sentimento em si, afinal, é normal demonstrar, por exemplo, cansaço de vez em quando. O problema é o excesso desse sentimento dia após dia.

Esse cenário serve de alerta para que as organizações olhem atentamente para o tema do letramento. E, para apoiar essa missão, as lideranças podem ir além da questão do autoconhecimento que mencionei, preocupando-se em criar um espaço seguro e acolhedor para as pessoas compartilharem suas emoções.

Compartilhe os sentimentos 

Também é importante dar o exemplo, ou seja, compartilhar o que se passa com você em determinada situação. Não se trata de expor-se a todo momento e usar seu time como confidente, mas de naturalizar tal conversa e mostrar os seus sentimentos em um exercício de vulnerabilidade. É sobre criar um ambiente de trabalho marcado pela confiança.

Esse tipo de dinâmica ajuda a estabelecer relações baseadas na empatia, em que as pessoas sabem falar com maturidade o que sentem e acolher as emoções das outras com respeito.

E é por acreditar em tudo isso que preciso confessar algo para vocês: na minha estreia como colunista na Exame, sinto um mix de felicidade com um frio na barriga. Escrevo este artigo e fico pensando “o que os outros vão achar?”, mas, em vez de guardar esse sentimento para mim, eu compartilho com vocês para que possam participar da minha jornada de forma construtiva. É assim que, aos poucos, vamos fortalecendo o letramento emocional e inspirando o entorno a fazer o mesmo.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência emocional

Mais de Carreira

Ele trabalha remoto e ganha acima da média nacional: conheça o profissional mais cobiçado do mercado

Não é apenas em TI: falta de talentos qualificados faz salários de até R$ 96 mil ficarem sem dono

Ela se tornou uma das mulheres mais ricas dos EUA aos 92 anos – fortuna vale US$ 700 mi

Entrevista de emprego feita por IA se tornará cada vez mais comum: ‘É real, está aqui'