J.K. Rowling: ela chegou a depender de benefícios sociais para viver (.foto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2017 às 19h00.
Última atualização em 6 de julho de 2017 às 19h00.
Há quem goste de comparar a história de JK Rowling, a autora de Harry Potter, a um conto de fadas. É fácil entender o motivo: Rowling era muito pobre e dependia de benefícios sociais para sustentar sua família quando o primeiro livro foi publicado, em 1997. Quase instantaneamente, ela se tornou milionária e, depois, bilionária.
Mas essa é uma visão simplista. A trajetória de JK Rowling é muito mais calcada em persistência, resiliência e propósito que num final feliz repentino – traços que, não por acaso, também aparecem no protagonista da série.
No começo dos anos 1990, Rowling fez as malas e voltou para a Escócia após um casamento infeliz com um marido abusivo em Portugal. Sem emprego e com um bebê para criar sozinha, começou a receber ajuda do governo e tentar sobreviver.
É uma época dura e que ela não esconde de sua biografia. Em seu bem humorado discurso para formandos da Harvard University, em 2008, ela disse que foi o mais perto que chegou da miséria em seu país sem morar na rua. “Eu era a maior fracassada que conhecia”, falou.
A depressão não tardou e, às voltas com pensamentos suicidas – que mais tarde inspiraram os dementadores da série –, ela decidiu buscar ajuda psicológica e continuar escrevendo uma história que tinha surgido na sua cabeça anos antes, numa viagem de trem: a vida de um bruxo chamado Harry Potter.
Ainda sem emprego, se sentindo um grande fracasso, JK Rowling não desistiu de seu sonho de infância – ser uma escritora – e terminou os dois primeiros livros, que foram escritos à mão num café barato perto de sua casa.
A autora fez o melhor que pode com as circunstâncias difíceis que tinha: vendo um lado positivo em seu tempo livre, simplificou sua rotina e focou em avançar como podia enquanto fazia o que amava, tornando-se mais produtiva e criativa.
“O fracasso eliminou o que não era essencial. Parei de fingir para mim mesma que era qualquer outra coisa que não eu e dirigi minha energia para o único trabalho que me importava”, disse ela em Harvard. “Meu maior medo tinha se tornado realidade e eu ainda estava viva, tinha uma filha que eu amava, uma máquina de datilografia velha e uma grande ideia.”
Foi assim que ela mudou sua perspectiva. “O fundo do poço se tornou a base sólida sobre a qual reconstrui minha vida.”
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Quando se deu por satisfeita com o resultado, Rowling começou a tentar emplacar Harry Potterem alguma editora.
Foi mais um baque. As mais de dez editoras que rejeitaram o manuscrito até hoje não devem se perdoar, visto que foram mais de 400 milhões de livros vendidos e uma bilionária adaptação cinematográfica, mas para Rowling o impacto foi pior.
Ainda muito pobre, ela colocou tudo que tinha em seu trabalho. Vê-lo rejeitado, de novo e de novo – afinal, era um livro infantil ou adulto? Quem leria algo sobre bruxaria?, questionavam os editores –, deixava-a ainda mais fragilizada.
Sabendo que não tinha nada a perder e apaixonada pelo trabalho, Rowling persistiu. Finalmente, encontrou uma pequena editora britânica, a Bloomsbury Publishing, disposta a arriscar. Hoje, a mesma companhia vale 110 milhões de libras, muitas delas graças a Harry Potter.
Conhecedora de fracassos e da desesperança que os fracassos trazem, Rowling também é uma defensora da persistência, da resiliência e da busca pelo seu propósito, mesmo que outros queiram que você tome um caminho diferente.
“Saber que você ressurgiu mais sábio e mais forte de adversidades significa que você garantiu, para sempre, sua habilidade de sobreviver”, continuou em seu discurso. “Esse conhecimento é um verdadeiro presente, mesmo que dolorosamente adquirido, e vale muito mais que qualquer qualificação que recebi.”