(sorbetto/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 18h33.
Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 19h16.
Após um ano como 2020, está mais difícil do que nunca organizar a cabeça e pensar em metas para o próximo ano. Por isso, a EXAME pediu ajuda para a especialista da Qulture.Rocks, Renata Monteiro, a líder de serviços profissionais na startup e referência em OKR, para criar um guia para suas metas de 2021.
“Uma das primeiras coisas a se aprender é como sair do ciclo anual e ir para ciclos curtos de metas. A anual não funciona mais diante de tantas mudanças e um ano como 2020 provou isso. Então, a primeira reflexão antes do planejamento é o tamanho dos ciclos”, afirma ela.
Dessa forma, ao invés de pensar o que quer para o ano todo, pense que vai estruturar uma mudança de carreira, troca de área ou objetivo de um projeto para o primeiro trimestre do ano ou o primeiro semestre.
Depois, a especialista explica que momentos de incerteza pedem por priorização e focos mais claros, assim como uma inteligência coletiva nas metas dos times. “É muito importante que todos estejam unidos e focados pelos mesmos objetivos. Não adianta sair fazendo tudo, medindo tudo, é preciso pensar em prioridades”, diz.
Na metodologia usada pela startup, as empresas e funcionários estabelecem OKRs. A sigla em inglês significa Objectives and Key Results, ou seja, "objetivos e resultados-chave". Além de traçar metas, o resultados-chave ajudam a mensurar as entregas necessárias para atingir essas metas.
“A metodologia pede para você olhar o futuro e planejar o presente de acordo com o lugar aonde quer chegar. Assim, na virada do ano, você vai estabelecer aonde quer estar em março e criar um caminho para isso. Se o objetivo for correr uma maratona em agosto, tem de começar a planilha de treinos para chegar lá. Ninguém consegue terminar uma maratona do dia para a noite”, explica ela.
Segundo Monteiro, muita gente sofre para pensar no futuro — ainda mais em momento de incerteza. Para ajudar, ela oferece a lição que aprendeu com uma fala de Jeff Bezos, o presidente da Amazon.
O bilionário diz que não é possível olhar para o futuro e saber exatamente como as coisas vão estar. Então, ele se planeja pensando no que não vai mudar. E, para ele, o que não muda são as necessidades humanas.
“Por exemplo, quem trabalha com atendimento. As pessoas querem ser atendidas de forma rápida e ter seus problemas resolvidos. Na verdade, elas não gostariam de ter problemas. Se o produto chega por drone ou não, não sabemos. Mas o foco será em resolver essas demandas centrais para o cliente”, fala a especialista.
Siga o guia para fazer suas metas de 2021:
Pense no ano como uma jornada. Qual foi o ponto de partida e onde você está agora? Ao fazer essa reflexão, é bom pensar nos resultados e no caminho até eles, especialmente os erros e acertos sob perspectiva. “Prioridades mudaram e muita gente se esforçou, mas o projeto morreu na praia. Vale entender como foi sua execução diante disso. Aí, você estabelece o que precisa começar, parar e continuar a fazer”, explica Monteiro.
Essas são as três palavras de ordem para seu balanço de 2020: começar, parar e continuar.
Com o balanço, você já tem o rascunho de seu ponto de partida. Agora, chega o momento de imaginar o futuro. “Sempre comece pelos objetivos, muita gente corre um risco ao ir direito para os resultados principais, os indicadores para medir o sucesso. Você pode acabar replicando indicadores que não são importantes para o objetivo final”, conta Renata.
Um bom objetivo é claro e vem antes dos indicadores para chegar nele. Ele mostra aonde a pessoa quer chegar, o que precisa entregar ou mudar (Começar, parar e continuar, lembra?). A orientação da especialista é sempre usar verbos infinitivos junto com um aspecto do negócio, como aumentar, reduzir, manter ou melhorar.
Essa é a pergunta central para imaginar o mapa de resultados relacionados ao seu objetivo. Para pensar numa forma de mensurar seus resultados, é bom saber quais os aspectos que demonstrariam que você foi bem-sucedido. “Você pode querer contratar os melhores profissionais, mas não dá para colocar o número de currículos lidos como OKR. O sucesso nessa área tem mais relação com fechar a vaga no tempo correto ou aumentar a retenção de talentos”, explica.
Uma boa OKR vem acompanhada de um número. Você tem um dado inicial e um dado final. Dessa forma, é possível medir o progresso e quanto falta para chegar no resultado.
“Nunca acabe o planejamento nos seus resultados-chave, os key results. Também crie um plano de execução das metas”, diz Renata.
Segundo ela, é importante ter esse plano para criar hábitos que ajudam a não perder os objetivos de vista. Planos podem mudar com as circunstâncias, o que mostra seu valor diante de incertezas. Eles também ajudam a criar o hábito de conferir o progresso das metas antes do final do período determinado para alcançar os objetivos.
“Se não estou acompanhando os resultados e a execução, eu não sei se estou me afastando do objetivo central e perco a chance de corrigir a rota. Um porcento é planejamento, 99% é execução. Não adianta ter um plano lindo que não é executado. Se quero fazer um mestrado, mas não fiz um plano de estudos ou não selecionei as universidades, não vai virar um plano concreto”, diz.