São Paulo - Em meio às incessantes reviravoltas da política nacional, vale atualizar um questionamento antigo: até que ponto o poder e a influência podem (ou devem) ser usados para avançar na carreira?
A resposta passa pela diferença essencial entre dois conceitos antagônicos, defende a coach Eva Hirsch Pontes: uma coisa é política, outra é politicagem.
Pejorativo, o segundo termo descreve o uso desonesto de informações, contatos e situações no ambiente de trabalho para conseguir vantagens pessoais. “É quando você usa o seu poder para ameaçar, manipular e constranger outros profissionais, ou então não cumpre com a palavra prometida”, diz a coach.
A constante exposição a escândalos de corrupção no governo e nas empresas contribui para que muitos brasileiros criem uma ojeriza à ideia de fazer política - como se qualquer mobilização tática ou estratégica para alcançar um objetivo fosse necessariamente antiética.
Não é bem assim, afirma José Augusto Figueiredo, presidente da consultoria LHH/DBM. “A política é intrínseca às relações humanas, e sempre vai mediar os códigos de conduta de um grupo, seja numa cidade, país ou empresa”, explica. Fugir dela não é o caminho, a não ser que você não tenha muitas ambições profissionais.
A chamada “agudeza política” é uma das competências básicas de um profissional, de acordo com o livro “FYI: For Your Improvement - A Guide for Development and Coaching”, dos gurus de coaching Michael M. Lombardo e Robert W. Eichinger.
“Todo profissional precisa entender que há recursos escassos numa organização, e que a luta por esses recursos é inevitável e se articula por meio de jogos de poder”, explica Eva.
Mas como ser um jogador político no contexto do trabalho sem atropelar a ética e a responsabilidade?
Segundo os especialistas em carreira ouvidos por EXAME.com, o primeiro requisito é basear as suas ações num alinhamento entre interesses pessoais e coletivos.
Na prática, isso significa se empenhar apenas em movimentos que tragam visibilidade para a sua carreira, mas não firam os objetivos estratégicos da empresa e nem prejudiquem colegas, chefes ou subordinados.
“Fazer política de forma ética significa mobilizar recursos e articular relações de forma benéfica para a o grupo e para você”, explica Eva. “Se só você se dá bem, não passa de politicagem”.
Parcerias ou conchavos?
A necessidade de respeitar o interesse coletivo também se aplica às alianças firmadas no ambiente de trabalho.
Na visão de Eva, mobilizar a sua rede de influência, formando parcerias com pessoas estratégicas dentro da empresa, é uma atitude perfeitamente lícita - desde que os resultados dessa união não visem estritamente à ascensão dos integrantes da aliança.
“É importante identificar os formadores de opinião dentro da empresa, conquistar a confiança deles e tê-los como parceiros”, diz Figueiredo. “Mas essas associações não podem ser mediadas pela falsidade e nem ter um fim egocêntrico, ou viram um toma lá, dá cá”.
Intenções cristalinas
A transparência é outro ponto fundamental. A agenda política de um profissional deve estar sempre “em cima da mesa”: suas intenções precisam estar claras para todos os envolvidos em uma negociação.
“Sente com as outras pessoas para descobrir o que elas podem ganhar com as suas propostas, discuta os benefícios recíprocos e simultâneos de um determinado movimento, sempre de forma honesta”, orienta Eva.
Ainda assim, diz ela, um bom jogador político não comete “sincericídios”. Embora a transparência seja fundamental, é preciso ter habilidades sofisticadas de comunicação e negociação para não perder oportunidades.
“Você deve ser franco, mas cuidar da forma como fala para não ser mal interpretado”, afirma Eva. “É importante saber conversar com o outro com delicadeza, fazer com que ele se sinta ouvido, envolvido, respeitado, considerado para a decisão”.
Para essa calibragem fina da linguagem, ganha pontos quem tem inteligência emocional. Não à toa, profissionais com autocontrole e hábeis em ler as nuances do comportamento alheio costumam ser os melhores “políticos” do escritório.
Mas há um cuidado essencial para não ferir a sua reputação nesse processo: manter-se a uma distância segura da prática da bajulação.
“Quem faz afagos ao ego alheio esperando obter vantagens não se sustenta por muito tempo na empresa”, diz Eva. “Mais cedo ou mais tarde essa postura acabará minando a credibilidade do profissional, que é de longe o seu maior ativo político".
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1. Lições que resistem ao tempo
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São Paulo - Quando tinha 15 anos de idade,
Warren Buffett encontrou um
livro na biblioteca de seu avô, assinado pelo orador e escritor Dale Carnegie. Desde então, "Como fazer amigos e influenciar pessoas", lançado em 1937, é
citado pelo megainvestidor norte-americano como uma grande influência para sua vida e carreira. Livros mudam vidas -e, quanto maior seu poder de influência, mais facilmente eles se estabelecerão como clássicos. Nesta galeria, você verá 7 obras sobre carreira,
liderança, riqueza e inteligência emocional que têm resistido ao tempo e servem como referência para especialistas e leigos. Os títulos foram indicados pela
coach Marie-Josette Brauer, presidente do Innovation Coaching Center. Confira a seleção nos slides a seguir.
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2. "A ciência de ficar rico"
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Autor: Wallace D. Wattles
Ano de lançamento: 1910 Wattles talvez seja o primeiro autor na História a expressar a ideia de que a riqueza pode resultar de uma certa maneira de pensar e agir, diz a coach Marie-Josette Brauer, presidente da Innovation Coaching Center. O livro oferece coordenadas práticas, divididas em 17 capítulos, para vencer resistências mentais involuntárias e encontrar sucesso financeiro na carreira.
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3. "Como fazer amigos e influenciar pessoas"
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Autor: Dale Carnegie
Ano de lançamento: 1937 Citado pelo megainvestidor Warren Buffett como uma importante influência em sua carreira, este clássico escrito pelo orador e escritor norte-americano Dale Carnegie serve como guia para melhorar as suas relações interpessoais em qualquer contexto. Sucesso instantâneo nos anos 1930, o livro acabou vendendo 15 milhões de cópias pelo mundo. Segundo a coach Marie-Josette Brauer, o interesse é justificado: o livro de fato traz conselhos eficazes para desenvolver o poder de encantar e liderar os outros. Para Carnegie, apenas 15% do sucesso advém das competência técnicas. Os 85% restantes dependem da capacidade de expressar ideias e gerar entusiasmo nas outras pessoas.
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4. "Pense e enriqueça"
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Autor: Napoleon Hill
Ano de lançamento: 1937 O livro se debruça sobre as histórias de vida de diversos milionários norte-americanos, tais como Henry Ford e Thomas Edison, na tentativa de responder à seguinte pergunta: por que algumas pessoas são tão bem-sucedidas, e outras não? Essa investigação serve como subsídio para chegar a certas afirmações universais e atemporais sobre o sucesso. Napoleon Hill fala com propriedade sobre dinheiro e poder: ele foi conselheiro de dois presidentes dos Estados Unidos e contou com a parceria de Andrew Carnegie, uma das pessoas mais ricas de seu tempo, para concluir o livro. Após a leitura, é fundamental fazer os exercícios propostos pelo autor, recomenda a coach Marie-Josette Brauer.
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5. "Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes"
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Autor: Stephen R. Covey
Ano de lançamento: 1989 Desde sua publicação no final dos anos 1980, o livro vendeu mais de 20 milhões de cópias e se tornou o audiobook de não-ficção mais vendido na história nos Estados Unidos. Na obra, são apresentados os princípios éticos definitivos que conduzem à independência na vida pessoal e na carreira. Segundo o autor, quem costuma praticar os 7 hábitos descritos em sua obra tem uma rotina mais feliz, saudável e produtiva. O trabalho de Covey produziu um dos livros de carreira mais influentes de todos os tempos,
segundo publicações como Time e Forbes.
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6. "Inteligência emocional"
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Autor: Daniel Goleman
Ano de lançamento: 1995 Psicólogo, escritor e jornalista, Daniel Goleman é considerado um dos maiores expoentes do mundo no estudo da inteligência emocional e suas aplicações dentro do universo corporativo. Nesta obra seminal, ele argumenta que as competências não-cognitivas, ligadas ao comportamento e ao relacionamento interpessoal, importam tanto para o sucesso quanto o celebrado QI. “O livro revela uma nova definição de inteligência, com base no autoconhecimento e no respeito ao próximo”, diz a coach Marie-Josette Brauer.
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7. "O monge que vendeu sua Ferrari"
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Autor: Robin Sharma
Ano de lançamento: 1997 Neste best-seller de ficção, o personagem Julian Mantle é um advogado bem-sucedido e vaidoso que decide jogar tudo para o alto para fazer uma viagem espiritual pela Índia. Seu disciplinado assistente, John, fica perplexo com a decisão do chefe - mas sua surpresa é ainda maior quando ele finalmente regressa da aventura esbanjando sabedoria, força e jovialidade. A história é uma metáfora sobre a importância da disciplina para o sucesso e para o bem-estar, afirma a coach Marie-Josette Brauer. Escrito pelo canadense Robin Sharma, o livro também propõe um olhar mais leve, sereno e alegre sobre o trabalho.
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8. "A estratégia do oceano azul"
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Autor: W. Chan Kim and Renée Mauborgne
Ano de lançamento: 2005 Este livro tem pouco mais de 10 anos de idade, mas já pode ser considerado um clássico sobre estratégia. Escrito por dois professores da escola de negócios INSEAD - cujo programa de MBA foi considerado o
melhor do mundo em 2015 pelo "Financial Times" - ele apresenta uma metodologia para criar o seu próprio espaço estratégico, seja você um profissional ou uma empresa. Para neutralizar a ameaça da concorrência, o segredo é criar “oceanos azuis”, isto é, espaços de crescimento que ainda não foram descobertos pelos demais. Neste livro, indicado pela coach Marie-Josette Brauer, os autores explicam como fazer isso, com base numa pesquisa feita com 150 pessoas em 30 setores de atuação.
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9. Quer ir além? Conheça 14 livros que valem por uma sessão de coaching
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