São Paulo - Fazer um bom marketing pessoal já é uma tarefa difícil por si só. Mas o desafio se torna maior ainda se você tem medo de parecer vaidoso.
A questão é, antes de tudo, cultural. Segundo a coach Marie-Josette Brauer, do Innovation Coaching Center, o brasileiro tende a ver com maus olhos quem valoriza as suas próprias competências.
"Para fugir do rótulo de 'convencido', é comum que o profissional assuma uma postura excessivamente humilde, como se o sucesso fosse algo feio", afirma.
No entanto, é perfeitamente possível fazer marketing pessoal sem criar uma aura de prepotência.
Para começar, é preciso entender que a prática não tem nada a ver com exibicionismo, ensina o consultor norte-americano William Arruda, autor do livro “Career Distinction: stand out by building your brand” (Editora Wiley, 2007).
“Muita gente pensa que marketing pessoal significa bater no próprio peito e dizer 'vejam como eu sou bom'. Na verdade, não se trata de dizer às pessoas que você é competente, mas mostrar isso a elas”, diz ele.
Profissionais vistos como arrogantes são, justamente, os menos habilidosos quando o assunto é construir uma imagem favorável no mercado, afirma Marie-Josette.
Afinal, construir uma boa reputação profissional depende de autoconhecimento e autenticidade - duas características que faltam a quem se enxerga (e se vende) como “bom em tudo”.
Da fala à ação
Desfeitos os mitos sobre o assunto, é preciso pensar em formas de construir a sua reputação de forma equilibrada e elegante.
O primeiro passo é fazer um exercício de reflexão para identificar os seus pontos fortes e fracos. “Só depois de uma autoanálise profunda é que você saberá o que pode e o que não pode vender para os outros”, explica Marie-Josette.
Em seguida, é preciso planejar formas concretas de divulgar as suas competências. Para Arruda, a melhor forma de fazer isso é colocar o seu talento a serviço de outras pessoas, isto é, ajudá-las a resolver problemas.
“Mais do que falar de si mesmo, o importante é dar evidências do que você é capaz de fazer”, afirma.
Outro instrumento poderoso é o que o especialista norte-americano chama de "liderança de ideias" - a capacidade de informar, esclarecer e influenciar outros profissionais da sua rede de contatos.
Para tanto, você pode escrever artigos de blog, gravar vídeos ou até fazer comentários sobre notícias de forma a mostrar seu conhecimento sobre um determinado assunto, diz Arruda.
Propaganda enganosa
Ainda assim, é preciso tomar cuidado para não exagerar na dose. Segundo Marie-Josette, muitos profissionais se excedem na hora de apresentar seus conhecimentos e talentos - principalmente na internet.
"Muita gente usa as redes sociais para engrandecer suas próprias qualidades e divulgar 'propagandas enganosas' sobre si mesmas. Isso não é marketing pessoal, porque não é autêntico e nem sustentável", diz ela.
Quando o assunto é internet, aliás, todo cuidado é pouco. Segundo Arruda, a reputação online de um profissional está se tornando mais importante do que a sua reputação offline.
"As pessoas estão pesquisando o seu nome no Google antes mesmo de conhecer você pessoalmente. Por isso, é preciso construir uma imagem digital que seja positiva, mas também coerente com a realidade”, diz o especialista.
-
1. O perfil do brasileiro, segundo o LinkedIn
zoom_out_map
1/9 (Flickr/Creative Commons/Nan Palmero)
São Paulo - Uma pesquisa global do
LinkedIn revelou algumas peculiaridades e contradições do
comportamento dos brasileiros no ambiente de trabalho. Para citar apenas um paradoxo: o Brasil é o 2º país que mais mistura contatos profissionais e pessoais na internet. No entanto, em todo o planeta, somos os mais preocupados com a opinião de nossos colegas de trabalho sobre o que postamos em
redes sociais. O estudo, intitulado "New Norms @ Work", ouviu 15 mil usuários do LinkedIn em 19 países, com o objetivo de revelar como as diversas nacionalidades constroem sua reputação profissional a partir de hábitos online e offline. Clique nas fotos para ver 7 fatos sobre os brasileiros revelados pelo levantamento.
-
2. Colegas ou amigos?
zoom_out_map
2/9 (Flickr//jasonahowie/CC)
Se você costuma adicionar colegas de trabalho em redes sociais como Facebook ou Instagram, não está sozinho. No Brasil, 40,9% dos profissionais não veem problemas na prática. Empatados com a Malásia, somos o 2º país mais propenso a misturar contatos pessoais e profissionais, perdendo apenas para a Indonésia (47,6%). A média mundial é de 33%. Mas toda essa aparente tranquilidade tem uma ressalva importante: os brasileiros são os mais preocupados do planeta (28,8%) com o que os colegas pensam a respeito do que eles publicam em seus perfis.
-
3. Mais do que mil palavras
zoom_out_map
3/9 (Thinkstock/Rawpixel Ltd)
Trocar regularmente a foto de perfil é uma preocupação para 27,1% dos brasileiros que estão no LinkedIn. A proporção não é tão alta se comparada a outros países, como a China, em que 38,1% das pessoas acreditam na importância da imagem para criar uma boa impressão inicial. O país mais preocupado com o assunto é a Indonésia (51,1%). Lá, dois em cada cinco profissionais visualizam a foto de perfil das outras pessoas antes de uma reunião.
-
4. Não tem perfil? Adeus!
zoom_out_map
4/9 (David Paul Morris/Bloomberg)
Segundo a pesquisa, 31,3% dos brasileiros disseram que não contratariam alguém que não tivesse perfil no LinkedIn. A média dos demais países é de 11,9%. Não é para menos: com 20 milhões de usuários, o Brasil é o 3º país mais presente no LinkedIn, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.
-
5. Informalidade x formalidade
zoom_out_map
5/9 (Thinsktock/Hung_Chung_Chih)
No Brasil, mais da metade dos profissionais gasta alguns minutos na frente do guarda-roupa antes de sair para o trabalho. De acordo com o estudo, 54,7% dos brasileiros se vestem mais formalmente quando sabem que terão reuniões importantes ao longo do dia. A Índia é o país com o código de vestimenta mais formal (24%). Enquanto isso, os suecos são os menos adeptos às roupas tradicionais (3,2%).
-
6. De olho nas roupas (delas)
zoom_out_map
6/9 (Thinkstock/Jupiterimages)
Cerca de 25% dos profissionais ouvidos em 19 países pelo LinkedIn acreditam que mulheres são mais julgadas do que homens no trabalho quando o assunto é o vestuário. Ouvidas apenas as mulheres, 31,9% concordam com a afirmação. Entre as brasileiras, o número é ainda maior: 48% das entrevistadas têm essa percepção.
-
7. Mentiras sobre demissões
zoom_out_map
7/9 (Thinkstock/nito100)
Cerca de 70% dos brasileiros que estão no LinkedIn dizem que não mentiriam a respeito de demissões em sua trajetória. O cenário é bem diferente nos Estados Unidos. Lá, 56% dos usuários prefeririam esconder essa informação a fim de proteger sua reputação profissional.
-
8. Cumpridores de ordens
zoom_out_map
8/9 (Thinkstock/stokkete)
Entre os brasileiros entrevistados pelo LinkedIn, 57,1% tendem a aceitar ordens de superiores sem questioná-las. Apesar disso, 53,3% dizem que atualmente dialogam mais com seus chefes do que no início da carreira, e contribuem com opiniões e ideias. Globalmente, os funcionários mais obedientes são os suecos (64,7%). No outro extremo, estão os franceses: apenas 19,4% deles acatam decisões sem fazer perguntas ou ressalvas.
-
9. Veja agora o que 13 estrangeiros pensam sobre trabalhar no Brasil
zoom_out_map
9/9 (Getty Images)