Citi: "no mercado financeiro é preciso ter paciência também, porque há o timing pessoal e o da empresa" (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2015 às 15h04.
“Na escola eu estava longe de ser um bom aluno em matemática”, lembra Eduardo Fernandes, 32 anos, formado em marketing pelo IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais). Curioso que ele tenha ido parar justo no mercado financeiro, atualmente responsável por uma das áreas de serviços para bancos parceiros do Citi, em São Paulo. Para chegar até lá, o caminho foi longo, claro. “Tive que aprender a fazer conta”, brinca.
O trabalho no Citi, um dos maiores grupos financeiros do mundo, começou como um primeiro emprego: Eduardo entrou, como prestador de serviço, para fazer atendimento de telemarketing em um projeto temporário do Citibank, em 2004.
Nessa época, ele ainda estava na faculdade e tinha todo interesse em ser contratado como efetivo. “Eu pensava ‘quero fazer parte desse prédio’”, lembra. Ao término do projeto, ele foi efetivado como prestador de serviços e assim permaneceu por quatro anos, passando por diversas áreas: operações, atendimento, controle, auditoria.
O conhecimento que Eduardo tinha em tecnologia garantiu uma vaga efetiva e com contato próximo das grandes empresas. Movido por desafios, passado um ano e meio ele começou a pensar em qual seria seu próximo objetivo na empresa. Surgiu o interesse em trabalhar em vendas, atendendo empresas, e Eduardo buscou conhecer o que o banco oferecia para investir nessa área.
“Eu conhecia o produto e achava que era bom de relacionamento, então fazia sentido me candidatar à uma vaga”, lembra, bem-humorado. Passar por vendas também fazia parte do seu projeto carreira, mas a posição a que ele se candidatou foi congelada. “Para trabalhar em mercado financeiro é preciso ter paciência também, porque há o timing pessoal e o da empresa”, explica.
Quando a posição voltou a estar disponível, era no Rio de Janeiro, sendo que Eduardo estava em São Paulo. Assim, foi necessário tomar a difícil decisão pela mudança. O momento não era o mais fácil, pois ele estava casado e com uma filha pequena, mas valeu a pena e a família passou quatro anos no Rio.
Neste tempo, Eduardo desenvolveu sua habilidade na área comercial e se sentiu mais confiante como representante do banco. Há dois anos e meio de volta a São Paulo, ele saiu do front office (o contato com os clientes corporativos) e está gerenciando o time de relação do Citi com outros bancos.
Carreira, ética e competitividade
Apesar da mudança de cidade não ser algo que Eduardo buscava, ela fez sentido para a trajetória de carreira que ele queria. Segundo ele, isso faz parte do balanço de interesses que existe na relação do funcionário com a corporação.
“Acredito que a gestão da carreira seja do profissional. Se o seu empregador precisa de você na área x, veja se é parte do que você espera para a sua carreira e estar preparado para o próximo passo”, diz. Para Eduardo, é importante sempre comunicar o que se está disposto a negociar, como tempo e dinheiro, para que não existam frustrações de ambos os lados.
Em um jogo, como War, se todos os competidores do tabuleiro disputam o mesmo território, a competição é alta e as relações se acirram. Mas no ambiente corporativo, Eduardo explica, é comum que exista mais de uma vaga pro que se quer e a competição pode ser moderada. “Se você tem um objetivo de carreira, comunique ao seu gestor, ao gestor do gestor e ao RH, pois são as pessoas que vão te ajudar nesse processo e te orientar a desenvolver habilidades para o seu objetivo”, ele explica.
Ou seja, a competitividade existe, mas ela não precisa ser desleal. As equipes dependem umas das outras e, ao final do dia, os colegas vão compartilhar o happy hour, então o melhor é que as relações sejam amistosas e respeitosas.
Ser ético é o mínimo que se espera na empresa, o foco do banco é o relacionamento. “Isso se aplica ao trabalho sempre: pode ser que não ganhemos um cliente por taxas, por exemplo, mas podemos ganhá-lo por uma questão de estrutura e de como oferecemos o serviço”.
Dia a dia e motivações
O time de Eduardo é responsável por empréstimos em dólar no mercado interbancário brasileiro. Por exemplo: Uma grande empresa precisa antecipar um recebimento em dólar ou alongar um pagamento em dólar e pede isso um banco X, mas o banco X precisa captar este volume em dólar para acomodar esta operação, então ele consulta o Citi para esta captação, financiando assim o comércio exterior.
Como há outros serviços que envolvem interação entre bancos de países diferentes, o inglês é essencial e o espanhol vem se tornando também importante. Desde que está no Citi, Eduardo fez dois assignments fora do País, que o ajudaram neste aspecto.
“É cultura do Citi investir no funcionário”, ele conta. Quem entra como trainee hoje, pode passar por Nova Iorque para aprender mais sobre como é ser funcionário do banco global.
Se perguntado quanto custou pessoalmente a sua carreira no Citi, a resposta de Eduardo é: “O que eu estava disposto a pagar: não trabalhar além do horário com frequência e nem aos finais de semana”.
O dinheiro é importante, mas, para Eduardo, a partir de determinado momento deixa ser o elemento que faz diferença. As maiores motivações são os líderes inspiradores. “O vice-presidente tem 34 anos, o banco confia nele, acho isso demais! Me sinto realizado, e tenho duas pessoas, uma delas mulher, muito inspiradoras acima de mim”.
Como próximos passos, ele aponta a possibilidade de carreira internacional como um dos caminhos para consolidar conhecimentos. “Meus gestores e RH já estão informados sobre meus planos e timing, agora é uma questão de tempo” — afirma Eduardo.
* Esta matéria foi originalmente publicada pelo Na Prática, portal de carreiras da Fundação Estudar