Mãe e filha: é difícil que pessoas de determinada geração consigam imaginar o cotidiano de um desenvolvedor de software, por exemplo (michaeljung/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2015 às 20h16.
“Silêncio, mãe. Fale mais baixo. Mãe, você está fazendo muito barulho”.
Foi assim que Natalie Kitroeff, uma repórter da Bloomberg, passou boa parte do Dia de Levar os Pais ao Trabalho na semana passada.
Infelizmente, a mãe de Kitroeff ignorou a maioria dos pedidos da filha.
Como muitos feriados falsos, o Dia de Levar os Pais ao Trabalho foi criado por uma marca.
A LinkedIn elaborou o conceito há três anos, quando alguns funcionários perceberam que seus pais não sabiam como era um dia de trabalho deles.
Na verdade, conforme uma pesquisa encomendada pela LinkedIn, um de cada três pais não entende o trabalho realizado pelo filho.
É difícil que pessoas de determinada geração consigam imaginar o cotidiano de um desenvolvedor de software, de um gerente de marketing móvel ou até de quem escreve para a internet.
Na LinkedIn, o Dia de Levar os Pais ao Trabalho é um dia de trabalho sancionado em que os pais podem conhecer o trabalho dos filhos.
Neste ano, mais de 70 empresas abriram suas portas aos pais e mães, em comparação com menos de 20 no primeiro ano.
Na sede da LinkedIn, em Mountain View, o dia começa com um café da manhã, as boas-vindas do CEO Jeff Weiner e um painel em que alguns funcionários descrevem seus trabalhos.
Depois do almoço há mais atividades, como um passeio pelos escritórios e oportunidades de fazer contatos.
Para as empresas que pretendem organizar um dia assim, o LinkedIn oferece um “kit de ferramentas” que inclui um convite para os pais, um pôster promocional e uma agenda de atividades sugeridas.
A ideia é que os pais possam oferecer conselhos profissionais mais fundamentados aos filhos.
O dia também deveria fazer com que os pais sintam que todo o tempo e o dinheiro investidos no filho valeram a pena.
“É um momento de gratidão”, disse Catherine Fisher, especialista em carreira da LinkedIn. “A sensação de orgulho que vemos na cara dos pais quando eles conhecem o chefe do filho e passam o dia aprendendo sobre o que os filhos fazem dia a dia”.
Na Bloomberg
A Bloomberg não comemora oficialmente o Dia de Levar os Pais ao Trabalho e só soube que isso existia na quarta-feira, 4 de novembro, um dia antes da festividade.
Mas Kitroeff convenceu a mãe dela, Anita Isaacs, a passar um dia no escritório. Ou, pelo menos, parte do dia – ela teve que sair cedo para ir para o Pilates às 15 horas.
Depois de algumas apresentações, Isaacs e Kitroeff se sentaram para trabalhar em mesas adjacentes em nosso escritório sem divisórias.
Ao contrário de um entre cada três pais, Isaacs não teve dificuldades para entender os detalhes específicos do trabalho da filha, que não é muito diferente do trabalho dela: Isaacs é professora universitária e está escrevendo um livro. Ela levou seu laptop na esperança de escrever um pouco.
O que ela não conseguiu entender foi como Natalie conseguia fazer alguma coisa em meio a tantas distrações.
“Eu ficaria assistindo futebol o dia todo”, disse ela, apontando para os televisores suspensos acima das mesas de trabalho.
Ela também ficou impressionada com os conjuntos duplos de monitores, com a transmissão do Twitter de um lado e os e-mails piscando do outro. “Acho incrível que vocês consigam se concentrar tanto e que sejam produtivos”. (Ela nem imagina...).
Cerca de uma hora depois de começado o trabalho, Kitroeff tinha uma reunião com o editor. “Posso ir?”, perguntou a mãe.
“Não, mãe. Não!”.
Kitroeff perdeu a batalha e mãe foi com ela para a reunião.
Essa acabou sendo a parte mais esclarecedora do dia para Isaacs, mas não porque ela tenha aprendido algo sobre o trabalho da filha.
Isso lhe mostrou os benefícios da colaboração. Seu trabalho é muito solitário. “Ela me ajudou tanto em minha carreira”, disse Isaacs, enquanto o telefone dela vibrava pelas menções do Twitter.
Ela tinha escrito recentemente um artigo no New York Times, algo que ela nunca teria feito se não fosse pelo estímulo da filha.
O dia terminou abruptamente quando Isaacs teve que ir para a aula de ginástica.
Kitroeff defende a presença dos pais no trabalho. “Deveria haver mais pais no trabalho. Gosto de pais”.
Quanto a Isaacs, ela disse que já tinha uma boa noção de como era o fluxo de trabalho da filha. “Não tenho nenhum conselho para dar”, disse ela.
“Vou embora admirada”.