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1. ATIVE O PLANO B
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1/5 (Thinkstock)
Empreender é um caminho profissional que está nos planos de oito em cada dez brasileiros, segundo o consórcio Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o mais relevante acompanhamento da atividade empreendedora no mundo. Do sonho para a prática, porém, há um longo caminho. Quase metade (48%) dos brasileiros acha que não tem experiência nem habilidades suficientes para iniciar um negócio. Receio que aumenta num ano em que a economia vai mal. Mas há duas coisas a considerar. Primeira, o risco faz parte. “O empreendedor desvia do risco, mas age”, diz Felipe Anghinoni, sócio da Perestroika, escola que oferece cursos de curta duração para profissionais interessados em empreender. A segunda coisa é que, se você não tem um plano pronto, está na hora de começar a colocá-lo no papel. Um profissional pode tomar muitas atitudes enquanto está empregado com vista a abrir um negócio no futuro. Saiba o que fazer a partir de agora.
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2. COMO LEVAR EMPREGO E NEGÓCIO EM PARALELO
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2/5 (Germano Luders)
Luciano Montezzo, de 30 anos, administrador de empresas, de São Paulo • EMPREENDIMENTOS: sócio do restaurante Brado e da startup Weview, aplicativo que publica avaliações de lugares nas redes sociais. • CARREIRA CORPORATIVA: sete anos na P&G, onde foi de estagiário a gerente. • HISTÓRIA: Luciano saiu da faculdade determinado a ser empresário. “Via a empresa como uma escola”, diz. Aos 25 anos, quando já era gerente e responsável por um projeto importante na área digital da P&G, decidiu abrir um restaurante com um amigo. Aceitou o desafio de levar o emprego e o primeiro negócio ao mesmo tempo, apesar do esforço. No momento em que sentiu que a carreira corporativa já não o motivava, pediu demissão e, pouco depois, abriu seu segundo negócio, a Weview, com outro sócio. • DADOS FUNDAMENTAIS DA MUDANÇA 1. Na P&G, Luciano teve uma ascensão rápida, o que lhe permitiu aprender muita coisa em pouco tempo. O feedback positivo da empresa também lhe deu segurança para dar vazão a um plano B. 2. Sem experiência em restaurante, foi fazer pós em gestão de negócios da alimentação. Ou seja, ele trabalhou em dois lugares e estudou ao mesmo tempo. “Foi bem cansativo”, diz. 3. Luciano tomou a providência de avisar o chefe e a área de RH de que estava prestes a abrir um restaurante. 4. Como recebia salário, foi mais fácil assumir o risco de empreender. • TEMPO: um ano trabalhando como funcionário e empresário. Pouco planejamento para o primeiro negócio. • HOJE: o restaurante tem 30 funcionários e faturou 2,5 milhões de reais em 2014. • LIÇÃO: é possível levar emprego e negócio juntos, mas o esforço é enorme. Avise a empresa para ter transparência. Em algumas situações será necessário deixar o emprego no meio do expediente para tratar de alguma emergência na empresa. É preciso manter o desempenho. Estabeleça quanto tempo pretende ficar nessa situação
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3. A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR COM UM SÓCIO
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3/5 (Alexandre Battibugli)
Fabiano Wohlers, de 36 anos, engenheiro, de São Paulo • EMPREENDIMENTO: dono da Mr. Beer, rede de lojas de venda de cervejas especiais. • CARREIRA CORPORATIVA: dez anos em bancos como Itaú e Citibank. • HISTÓRIA: Fabiano já andava cansado da vida de funcionário e procurava oportunidades de negócio. Fã de cerveja, reparou que não havia lojas que vendessem rótulos especiais e kits para presente. Foi assim que surgiu a ideia da Mr. Beer, em 2008. “Queria ter mais autonomia e vi uma maneira de ganhar mais”, afirma Fabiano. • DADOS FUNDAMENTAIS DA MUDANÇA 1. Ainda empregado, começou a estudar o mercado e a fazer um plano de negócios com o amigo Rodolfo Alves. Todo dia, saía do banco às 19 horas, e trabalhava até as 22 em casa. “Por mais que delegasse tarefas no banco, era cansativo e houve noites em que me perguntei se o esforço valeria a pena”, diz. 2. Ele e o futuro sócio, então, fizeram um acordo. Como tinha um salário menor, Rodolfo pediria demissão para se dedicar integralmente à estruturação do negócio. Em troca, sua remuneração seria garantida por 24 meses. 3. Fabiano fez as contas e viu que, na nova empresa, seus ganhos cairiam pela metade. Poupou então dinheiro para cobrir a diferença. Como era um modelo inovador, o risco de fracasso era alto, e Fabiano considerou a pior hipótese possível. “Calculei até qual seria o passivo para encerrar a empresa”, afirma Rodolfo. • TEMPO: começou a planejar o negócio em 2008. Abriu o primeiro quiosque um ano depois. • HOJE: a rede tem 80 franqueados e faturou 60 milhões de reais em 2014. • LIÇÃO: uma forma de se manter empregado enquanto o negócio não deslancha é dividir os riscos com um sócio. Ao manter o emprego, Fabiano entendeu que precisava oferecer uma compensação a seu parceiro para que ele topasse o desafio. Quando se tem um sócio, é preciso propor condições que sejam boas para todas as partes — tanto no presente quanto no futuro.
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4. PLANEJE TODOS OS DETALHES ANTES DE SAIR
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4/5 (Jefferso)
Gildo Melo, de 49 anos, contabilista, de Porto Alegre • EMPREENDIMENTO: sócio da Way Up Brasil, empresa que oferece a pequenos varejistas produtos financeiros, como cartão de crédito e de fidelidade. • CARREIRA CORPORATIVA: 26 anos na Renner, de assistente a gerente-geral de finanças. • HISTÓRIA: Gildo é um profissional que teve a oportunidade de adquirir e testar todas as habilidades empreendedoras antes de pedir demissão. Teve uma carreira executiva completa: chefiou equipes de até 50 pessoas, liderou a criação de uma unidade de negócios e participou da compra de uma rede. Só abriu sua empresa numa fase madura da vida. O sucesso das experiências o estimulou a ir além. “Sabia planejar e administrar projetos e vi que poderia criar algo de valor para mim”, diz Gildo. • DADOS FUNDAMENTAIS DA MUDANÇA 1. Gildo tem um perfil muito racional. Por isso, aproximou-se de colegas mais criativos, dos setores de marketing e de vendas, e os chamou para ser “coaches” para aprender estratégias dessas áreas. 2. Sondou três colegas para desenvolver uma ideia: durante três meses, os quatro fizeram hora extra e se reuniam em suas casas para discutir e planejar o negócio. 3. Enquanto isso, Gildo explicou à mulher e aos três filhos que teriam de adiar alguns planos porque ficaria sem remuneração. Ele poupou o equivalente a cinco anos de salário. Quando sentiu que o planejamento estava bem estruturado, pediu demissão. 4. Gildo conta que investir em networking durante a carreira foi muito importante para se tornar conhecido para além do sobrenome corporativo e para abrir portas quando virou empreendedor no mesmo mercado. • TEMPO: em 2012, começou a preparação para abrir um negócio. O lançamento foi em 2014. • HOJE: com oito sócios e cinco funcionários, a expectativa da Way Up Brasil é faturar 8 milhões de reais neste ano. • LIÇÃO: a maior vantagem que um profissional pode tirar do emprego é a possibilidade de planejar sem pressa. Tudo o que for possível aprender, planejar e estruturar antes de pedir demissão ajuda a garantir uma transição tranquila da vida de funcionário para a de empresário.
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5. QUANDO É PRECISO SAIR
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5/5 (Germano Luders)
Danielle Brants, de 30 anos, administradora, de São Paulo • EMPREENDIMENTO: Guten News, aplicativo de notícias adaptadas para crianças. • CARREIRA CORPORATIVA: dez anos, primeiro no banco Morgan Stanley e depois na GE, onde foi diretora associada. • HISTÓRIA: a história de Danielle se parece com a de muitos profissionais que precisam ver a marca pessoal no resultado do trabalho. No caso dela, por ter passado por empresas interessantes e desafiadoras, a ficha talvez tenha demorado a cair. Ela começou a carreira no mercado financeiro e cresceu rápido. Depois foi para a GE, levando seu conhecimento de fusões e aquisições. Mesmo em empresas importantes e ocupando cargos com boa remuneração, Danielle sentia alguma insatisfação. “Não era questão de mudar de emprego. Queria colocar minha marca em algo”, diz. • DADOS FUNDAMENTAIS DA MUDANÇA 1. Usar o empreendedorismo para romper com uma carreira que não traz satisfação é algo comum. Mas especialistas recomendam preparar algum plano B enquanto está empregado para não fazer as coisas pressionado, quando estiver sem um salário fixo. Mas não há regra. Cada um precisa respeitar seu estilo de trabalhar. 2. Já que não tinha uma ideia de negócio, Danielle passou seis meses estudando o mercado. Conversou com professores e empreendedores e participou de eventos sobre o uso de tecnologia na educação até identificar uma oportunidade. 3. Como não é especialista em tecnologia nem em educação, Danielle recrutou desenvolvedores, pedagogos e jornalistas. A valorização da diversidade foi uma das lições aprendidas na GE. “Lá, coordenava projetos com pessoas muito diferentes, de áreas como logística, financeira e marketing, e precisávamos convergir para uma visão comum”, diz. • TEMPO: pediu demissão há um ano e meio. Já montou uma equipe e passou por uma aceleradora de negócios. • HOJE: ela negocia uma primeira rodada de investimentos. • LIÇÃO: a autonomia para pedir demissão sem nada em vista é do tamanho das reservas financeiras que o empreendedor tem. Com o que recebeu na GE e em bancos de investimento, Danielle tinha condições de sair e montar com calma sua empresa. Quem poupa ou recebe uma indenização após uma demissão tem maior chance de se dedicar integralmente ao lançamento do negócio.