Harvard (Patrick morrissey/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2017 às 15h00.
Última atualização em 1 de novembro de 2017 às 15h00.
Para adivinhar qual a aula mais popular de Harvard, é possível recorrer a algumas dicas. A primeira delas refere-se aos números: a classe reuniu, em um ano só, 889 inscritos na universidade americana.
A segunda, ao ano de lançamento, em 1989, e ao fato de que, assim como o assunto ao qual se dedica, essa matéria também mudou bastante com o tempo.
A terceira dica tem a ver com o professor por trás do fenômeno: o americano David Malan.
Trata-se do CS50, curso introdutório de Harvard à ciência da computação, que já se consolidou como a aula mais popular de Harvard.
De início, o CS50 atraiu os olhares de quem chegava à universidade interessado na área, fosse como major ou minor.
Quando Malan assumiu o comando, a matéria ascendeu a outro nível, atraindo alunos de outros cursos e que não tinham base nenhuma de computação.
De 2006 para 2007, ano em que Malan assumiu o posto, o número de inscritos duplicou. Para ter uma ideia, menos de um quarto dos alunos que se matriculam têm algum background na área. Mas o que faz com que tanta gente nutra interesse por um tema considerado árido?
A resposta tem a ver com a forma como o CS50 é apresentado pelo professor — ou, melhor dizendo, pela equipe por trás da matéria.
Com um time de profissionais que chega às dezenas, o curso conta não só com as aulas de Malan, mas com uma estrutura mais complexa, que inclui videoaulas e materiais complementares.
“Funciona como um escritório, como uma empresa”, explica Gabriel Guimarães, que chegou a comandar uma equipe de teaching fellows e assistentes de curso do CS50.
O brasileiro traduziu os materiais e aulas do curso para o português, durante o Ensino Médio, e embarcou para a graduação em Harvard. Hoje, empreende na área, depois de se formar em Ciência da Computação.
Para transformar um tema árido em um assunto fácil de absorver, a aula comandada por Malan apresenta analogias e formas alternativas de pensar a programação.
Para explicar números binários, por exemplo, Malan já recorreu a uma sequência de lâmpadas que ora estavam acesas, ora apagadas (representando o número zero e o um).
A cada aula, os alunos precisam realizar uma série de exercícios sobre o tema aprendido, e têm acesso ao material-padrão e à versão “hacker” da atividade, para quem deseja resolver problemas mais avançados.
Como sintetiza a definição do curso no site oficial, o CS50 é “exigente, mas definitivamente possível de ser feito”, e ensina os alunos a pensar em termos de algoritmo, linguagens de programação e a “resolver problemas de forma eficiente”.
Durante as 11 semanas de curso, as aulas giram em torno de temas como programação em C (logo nos primeiros momentos do curso), algoritmos, Python e JavaScript.
E não é só o expert David Malan que comanda a turma, mas também convidados especiais, como Mark Zuckerberg, ex-aluno de Harvard e criador do Facebook.
O CS50 também foi transposto para o formato online, e é possível assistir a aulas gratuitas em plataformas como o edX e o YouTube.
Em média, os estudantes precisam dedicar 12 horas por semana para dar conta dos períodos em aula — em plataformas online ou ao vivo — e das tarefas de casa. Para conseguir o certificado, basta dar conta das nove tarefas necessárias e realizar um projeto final, além de pagar uma taxa de 90 dólares (cobrada apenas para emissão do diploma).
* Este artigo foi originalmente publicado pelo Estudar Fora, portal da Fundação Estudar