Carreira

Como as empresas vão lidar com a saúde mental de funcionários no pós-covid

Os danos da Covid-19 poderão ser sentidos no local de trabalho muito depois de a doença ter diminuído

 (sorbetto/Getty Images)

(sorbetto/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 6 de maio de 2021 às 08h55.

Última atualização em 6 de maio de 2021 às 10h18.

De sextas-feiras informais a drinques depois do trabalho, os rituais semanais estão voltando, à medida que os americanos retornam ao escritório. E embora máscaras e salas de conferência vazias alterem o cenário, os empregadores, no entanto, estão empenhados em fazer as coisas voltarem ao normal - ou pelo menos o mais normal possível.

A vida está mais complexa, a rotina mais intensa, mas a EXAME Academy pode ajudar a manter a mente em foco

Mas isso não será fácil. Os danos da Covid-19 poderão ser sentidos no local de trabalho muito depois de a doença ter diminuído. Isso é graças ao peso mental e emocional que a pandemia cobrou de funcionários que, como todo mundo, passaram o último ano vivendo com medo, isolamento e tristeza.

“Estamos vendo números bastante alarmantes”, disse Vaile Wright, diretora sênior de inovação em saúde da American Psychological Association (APA), que supervisiona a pesquisa “Estresse na América“. Dados da APA mostram extensos esforços cognitivos e comportamentais não saudáveis — incluindo sono interrompido, aumento do consumo de álcool e baixa atividade física. Além disso, cerca de 61% dos adultos relatam ganho ou perda de peso indesejado.

Geralmente, a APA e outros especialistas encorajam alimentação saudável, sono e exercícios, com abundantes conexões sociais, tudo isso combinado para construir uma “base sólida” que permite que as pessoas suportem a pressão diária - como a encontrada no escritório. Essa base normalmente depende de rotinas: hora de dormir e acordar consistentes, exercícios regulares e horários das refeições.

“Estamos ouvindo, tanto a partir dos dados quanto de forma anedótica, que as pessoas simplesmente não são capazes de fazer essas coisas”, disse Wright.

E não é apenas no escritório onde esse mal-estar está se manifestando. De acordo com o professor Lawrence Katz, economista da Universidade de Harvard, isso está acontecendo nas salas de aula, com os alunos de graduação.

“Eles querem o básico - você sabe, o tipo de curso genérico onde você apenas faz os exames e não tem que fazer nada extra”, disse Katz. Os seminários para jovens, que normalmente apresentam projetos mais expansivos, viram as inscrições cair pela metade, disse ele. “Eles parecem estar menos dispostos a fazer coisas desafiadoras.”

Para os funcionários, essa dinâmica pode se traduzir em menor capacidade de trabalho do que em tempos pré-pandemia - tornando a abordagem disso um imperativo econômico para as empresas.

Cathleen Swody, psicóloga organizacional da consultoria Thrive Leadership, disse que os chefes precisam estar cientes de que muitos funcionários estão - pela primeira vez na vida - enfrentando um surto de excessos, ansiedade, depressão ou até mesmo uso de substâncias.

“Saiba que isso vai variar de pessoa para pessoa, dependendo de suas circunstâncias pessoais e experiências de pandemia”, disse ela. “Alguns estarão ansiosos para voltar ao escritório, e outros terão muita resistência porque simplesmente não estão preparados para isso.”

Wright, Swody e Dowling concordam que, conforme os trabalhadores voltam, os empregadores devem facilitar o acesso aos recursos de bem-estar. As empresas devem subsidiar aulas de ginástica online, associações a academias e programas de saúde mental. Isso inclui gerenciamento de estresse, terapeutas e programas de assistência ao funcionário. Novas estratégias exclusivas para a pandemia podem incluir chats de vídeo ao ar livre e “caminhadas e conversas” com profissionais de saúde mental.

No entanto, essas ofertas podem não ser utilizadas se os gerentes não explicitamente normalizarem seu uso durante a jornada de trabalho. Isso, dizem os especialistas, é uma consideração crítica para os funcionários cujas manhãs e noites são ocupadas com obrigações, como cuidar dos idosos ou das crianças.

Mary-Alice Vuicic é diretora de pessoal da empresa de informações de negócios Thomson Reuters. Ela disse que sua empresa expandiu seus recursos de saúde mental e bem-estar. “Queremos tornar o acesso mais fácil para as pessoas em todo o mundo, muitas das quais podem vir por meio da telessaúde e da variedade de provedores”, disse ela.

Uma opção pronta para os empregadores que buscam facilitar o retorno dos funcionários ao escritório é garantir que eles tirem todas as férias que acumularam. Presos em casa sem nenhum lugar para ir e nada para fazer, americanos que foram sortudos o suficiente para permanecer empregados em 2020, invariavelmente, acumularam muitos dias.

“Muitas empresas vão se encontrar em uma situação muito estranha, com problemas gigantescos de acumulação de férias”, disse Dowling.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEXAME-Academy-no-Instagramsaude-mental

Mais de Carreira

Lifelong learning: o segredo para crescer profissionalmente pode estar fora da sua área de atuação

Pedido para cidadania italiana ficará mais caro a partir de janeiro; entenda a nova lei

Brasileiros que se mudaram para Finlândia compartilham uma lição: a vida não é só trabalho

Como usar a técnica de Delphi para tomada de decisões