Mulher segura pasta com currículo e documentos em feira de empregos (Patrick T. Fallon/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 05h00.
São Paulo - A sensação do profissional que se vê em um momento de paralisia de carreira pode não ser de insatisfação total, mas, sim, de incapacidade de buscar algo que considere melhor. Isso tem a ver com um mecanismo cerebral de preservação da espécie, que tenta nos manter longe de situações que ofereçam "perigos".
Em outras palavras, os neurônios preferem a zona de conforto. "Como consequência, em vez de correr riscos tentando algo novo, as pessoas procuram se livrar do sentimento ruim e voltar para o agradável, passando, por exemplo, a 'viver para o fim de semana' ", afirma o engenheiro Roberto Camanho, professor de planejamento estratégico da ESPM e um dos principais especialistas brasileiros em tomada de decisão do País.
"Porém, é importante saber que o cérebro é uma máquina de sobrevivência e garante que cada um sinta primeiro e só depois racionalize", afirma. Conheça, a seguir, cinco motivos que levam você a se esquivar de mudanças – e aprenda a lidar com isso.
Muitos caminhos possíveis
Escolher dentre muitas opções é difícil e, quando finalmente a decisão é tomada, são grandes as chances de não se sentir satisfeito. O psicólogo americano Barry Schwartz chama esse dilema de "paradoxo da escolha": há tantas opções, que as pessoas se sentem paralisadas pelo medo de escolher errado.
Como lidar
"Defina o que você valoriza na sua vida e transforme esses valores em critérios de decisão", diz Eliana Dutra, diretora da empresa de coaching Pro-Fit. Assim, o universo de opções já fica reduzido.
Para Roberto Camanho, especialista em tomada de decisão, mais difícil do que escolher é lidar com as consequências. Por isso, é importante buscar o que traz satisfação, e não o que há de melhor. "Procure o que é suficientemente bom", afirma Camanho.
Pensamento negativo
A mente humana evoluiu para priorizar a segurança diante de dúvidas que podem levar a perigos. Comentários negativos sobre o trabalho, por exemplo, ficam mais registrados na memória do que os positivos. Resultado: é comum ter mais consciência das falhas e fraquezas do que das qualidades e forças.
Como lidar
Ter medo de falhar na escolha do novo emprego é natural, mas é preciso entender que não dá para ter controle total do resultado. Segundo Eliana, uma boa opção é fazer uma pesquisa com amigos mais próximos, perguntando quais qualidades eles veem em você.
"Além disso, lembre-se das grandes mudanças na sua vida, como quando se tornou adulto ou quando se casou", diz. "Você sobreviveu a isso tudo."
Prioridade no agora
A mente orienta decisões para que você fique longe de desconfortos como ansiedade, dúvidas e inseguranças. Assim, a prioridade se torna fugir das reflexões necessárias para tomar decisões mais profundas. "Como conseguimos enxergar os impactos no curto prazo, damos preferência para ele", diz Roberto Camanho.
Como lidar
Para Eliana Dutra é importante que o profissional pergunte a si mesmo: o que de pior pode acontecer? Admitir o medo faz com que ele se naturalize. A partir disso, defina com clareza desejos e necessidades a serem atendidos no novo emprego, sabendo que, sim, você vai sentir medo.
Gosto por padrões lineares
A mente busca padrões em todos os lugares, levando as pessoas a ter a sensação de que só podem fazer o que sempre fizeram. Além disso, "temos medo do fracasso nos negócios e preferimos conviver com a sensação de uma realidade mais previsível", diz Camanho.
Como lidar
Converse com pessoas que passaram por momentos de mudanças em suas carreiras, mas busque tanto as que se deram bem quanto as que tiveram insucessos. Isso ajudará a “pensar fora da caixa” que você mesmo criou. Segundo Eliana, vale desconfiar de tudo o que se tem certeza para desenvolver a criatividade e perder o apego a padrões.
Confiança na mente
A tendência é confiar no primeiro pensamento que surge, que, geralmente, é o mais cômodo. Como lidar: Se a primeira barreira que a mente coloca é "estou muito velho para mudar de carreira" ou "estou seguro neste emprego (do qual não gosto)", ceder a ela pode não ser a melhor escolha. Considere outras possibilidades.