iPhones: operário morreu após trabalhar em turnos de 12 horas diárias, sete dias por semana, produzindo smartphones (Getty Images)
Claudia Gasparini
Publicado em 12 de março de 2015 às 14h33.
São Paulo - Um operário de 26 anos morreu por excesso de trabalho numa fábrica da Apple nas proximidades de Xangai, na China.
Tian Fulei trabalhava na produção de iPhones e sofreu um colapso após trabalhar em turnos de 12 horas diárias, sete dias por semana, segundo informações do site Mail Online.
O jovem foi encontrado morto num dormitório que compartilhava com outros trabalhadores, no dia 3 de fevereiro. De acordo com a família, Tian trabalhava sem descanso em Pegatron, uma das maiores fábricas de produtos da Apple.
Segundo a irmã do operário, Tian Zhoumei, ele parecia saudável até o dia de sua morte e o excesso de trabalho foi o motivo decisivo para seu falecimento. A Pegatron, no entanto, nega que o ambiente de trabalho tenha contribuído para o ocorrido.
A fábrica prometeu aos familiares de Tian uma indenização de 15 mil yuans (cerca de 7.400 reais), que acabou subindo para 80 mil yuans (cerca de 39.800 reais) após negociações mediadas pela polícia.
Sem dinheiro para fazer uma autópsia, a família não se conforma com a resposta da Pegatron ao caso. “A explicação da empresa foi que ele não foi trabalhar naquele dia, porque disse que estava com um resfriado e ficaria descansando no dormitório”, disse a irmã do operário ao Mail Online.
Originário de uma família de camponeses, Tian Fulei ganhava um salário mensal fixo de 1.800 yuans (cerca de 895 reais), mas fazia horas extras para conseguir pagar as despesas com seu casamento, marcado para maio deste ano.
Segundo Zhoumei, a Pegatron não lhe permitiu guardar uma cópia do documento com a carga horária de trabalho de seu irmão.
A política interna da Apple proíbe mais do que 60 horas de trabalho semanais, exceto em caso de “emergência” ou circunstâncias “incomuns”. No entanto, um relatório da ONG China Labor Watch (CLW) mostrou que os trabalhadores das fábricas da Pegatron trabalharam mais de 60 horas semanais em setembro, outubro e novembro de 2014.
A CLW também apurou que os funcionários da indústria fizeram, em média, 95 horas extras no mês de novembro - mais do que o dobro do limite de 36 horas mensais previsto pela lei chinesa.
Segundo Kevin Slaten, coordenador da ONG, ocorre uma coerção para o trabalho excessivo. “Existe uma quantidade tremenda de horas extras forçadas”, disse ele ao Mail Online.
De acordo com a China Radio International, meio controlado pelo governo, 1.600 pessoas morrem por dia de tanto trabalhar no país. Já a estimativa do China Youth Daily traz um número ligeiramente maior: o excesso vitimaria 600 mil chineses por ano.