Marciano Testa, fundador e CEO do Agibank (Itamar Aguiar/Divulgação)
Luísa Granato
Publicado em 10 de abril de 2021 às 09h00.
“As pessoas com mais de 50 anos são esquecidas na jornada digital. Parece que essas pessoas que não são nativas digitais, elas não fazem parte desse mundo. Ninguém pensa na jornada para elas”, conta o CEO e fundador do Agibank, Marciano Testa, no novo episódio do podcast Como Cheguei Aqui, da Exame.
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O banco foi fundado em 1999 para fornecer crédito consignado e evoluiu ao longo dos anos para se tornar um banco omnichannel. Testa acredita que a tecnologia e a disrupção fazem parte do negócio, mas não adianta querer ser moderno e deixar de fora parte da população.
“Com a plataforma que vamos lançar esse ano, queremos atender do neto ao avô”, diz ele.
O empreendedor está de olho nos mais de 50 milhões de brasileiros com mais de 50 anos ao oferecer o atendimento presencial em 723 hubs pelo Brasil. E se prepara para chegar a 1.200 locais de atendimento até 2023, atento a um futuro em que essa população chegará a 98 milhões.
Com o lema de “pessoas felizes fazem clientes felizes”, Testa também promove a diversidade dentro da empresa ao criar vagas focadas em profissionais mais velhos. Em novembro, a empresa abriu vagas de atendimento abertas exclusivamente para pessoas 50+ nos estados de São Paulo, Pernambuco e Paraná.
Afinal, o envelhecimento vai acontecer para todos: clientes e profissionais. E as empresas vão precisar se preparar desde já para incluir mais esse pilar de diversidade em sua estratégia de talentos. Não apenas pela experiência de carreira, mas pela necessidade do mercado e da sociedade.
O Brasil tem tudo para ser um dos países a ter mais pessoas de terceira idade à disposição do mercado de trabalho. Até 2050, 30% da população brasileira terá mais de 60 anos. Seremos o sexto país mais velho do mundo, segundo dados do IBGE compilados na pesquisa "Longevidade" organizada pela Fundação Dom Cabral.
Nas contas do Ipea, órgão de pesquisas ligado ao governo federal, 57% da população em idade economicamente ativa no Brasil terá mais de 45 anos daqui três décadas.
O CEO conta que sua jornada como empreendedor já teve altos e baixos – o que, para ele, é de se esperar no Brasil. E ele marca o início de tudo quando começou a vender bolo no recreio da escola.
Aos 20 anos, ele já havia vendido seu primeiro negócio de sucesso e quebrado com sua segunda empreitada. “Meu segundo negócio que não deu certo foi um primeiro MBA. Empreender no Brasil é um aprendizado de como se superar e reinventar a todo momento”, conta ele.
A lição amarga foi um primeiro passo para criar resiliência e aprender com seus erros, habilidades que ele considera essenciais a todo empreendedor brasileiro. De sua maior inspiração, a Amazon, ele tirou a terceira lição valiosa:
“Aprendi que precisamos trabalhar incansavelmente para disruptar nosso próprio modelo de negócio”, fala ele.
Foi essa mentalidade que o deixou inquieto mesmo quando o Agibank era referência no negócio de crédito. E foi o que despertou sua curiosidade para entender o motivo do Facebook querer comprar o WhatsApp por 16 bilhões de dólares em 2014.
“Eu fui aprender o que tinha por trás daquele valor. E foi o que serviu de inspiração para a primeira forma de pagamento usando o número de celular como chave. Exatamente o que é hoje o PIX. Em 2016, a gente conseguiu colocar de pé o Agibank Pay. Foi um orgulho para mim”, relembra ele.