Ellen Pao (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2015 às 11h23.
A notícia de que a ex-funcionária da Kleiner Perkins Caufield & Byers, Ellen Pao, havia processado sua antiga firma por discriminação sexual tomou conta do Vale do Silício durante as últimas quatro semanas. E a empresa de capital de risco não é a única e nem a primeira a cometer esse tipo de assédio com funcionárias mulheres.
Depois desse caso, grandes companhias como Facebook e Google também foram acusadas por cometer esse tipo de abuso. Chia Hong, que trabalhava para o Facebook, afirma ter sofrido discriminação de gênero, assédio sexual e discriminação racial.
A ex-funcionária afirma que era repreendida por seu antigo chefe, Anil Wilson, por servir como voluntária uma vez por mês na escola de seus filhos, uma prática autorizada e incentivada pela própria empresa.
Wilson também forçava Chia a servir bebida a seus colegas homens e certa vez chegou a questionar por que ela não ficava em casa cuidando dos filhos em vez de ter uma carreira.
Além disso, depois de prestar queixas sobre os assédios, Chia foi demitida em 2013 para ser substituída por um homem menos qualificado e menos experiente que ela.
A ação judicial afirma que quando a funcionária começou a trabalhar para a companhia, em 2010, ela recebia bons feedbacks, aumentos salariais e foi promovida. Depois de reclamar sobre discriminação, ela passou a ser avaliada por mau desempenho e foi dispensada.
Chia está sendo representada pela Lawless & Lawless, mesma firma que cuida do caso de Ellen Pao. A quantidade pedida no processo ultrapassa 25 mil dólares, e a ex-funcionária também buscará um julgamento.
O Twitter também foi acusado por cometer discriminação de gênero na forma como promove seus funcionários. A engenheira de software Tina Huang afirma que a empresa não tem políticas claras sobre a publicação de vagas de emprego ou promoções internas e se apoia apenas em um tapa no ombro secreto que eleva algumas poucas mulheres para posições de liderança em engenharia.
Tina trabalhou para a empresa entre 2009 e 2014 e teve de tirar licença após reclamar sobre o caso com o CEO Dick Costolo. Os documentos do tribunal afirmam que apesar de ser uma das funcionárias mais antigas na empresa, a engenheira teve sua carreira adiada por causa da reclamação.
Depois de três meses sem nenhum retorno, Tina decidiu se desligar do Twitter e está convidando outras funcionárias e ex-funcionárias do Twitter que não tenham conseguido reconhecimento no trabalho pelos últimos três anos a se juntarem a ela no processo.
O aplicativo de encontros Tinder é outro exemplo desse caso. Ele foi processado por uma de suas co-fundadoras, que conseguiu mais de 1 milhão de dólares em danos depois de ser forçada a deixar a companhia, pois um ex-parceiro e colega de trabalho estava abusando verbalmente dela.
Uma ex-funcionária do Google também afirmou ter sofrido assédio sexual por seus supervisores, chegando a citar dois funcionários sêniores da firma por serem cúmplices do abuso. No entanto, ela não planeja processar a companhia.
Falta de diversidade
Não é de se espantar que as mulheres estejam reivindicando mais reconhecimento e respeito no mundo da tecnologia.
Os relatórios de diversidade de empresas como Google, Facebook, Twitter e Yahoo! mostram que elas ocupam apenas 30% do quadro geral de funcionários globalmente.
Outras pesquisas ainda mostram que elas ganham menos que seus colegas homens com o mesmo cargo e experiência, algo que leva muitas delas a abandonarem esse mercado.
Para reverter esse quatro, muitas dessas companhias passaram a adotar políticas de incentivo e a fazer parcerias com universidades e ONGs, a fim de incentivar meninas adolescentes a seguir carreira nessa área.
No mês de março, por exemplo, o Facebook ofereceu aulas gratuitas de programação para mulheres. Outras gigantes da tecnologia, como Microsoft e Twitter, também promoveram ações em homenagem ao Dia da Mulher em São Paulo.