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Cargos de gestores intermediários estão sumindo — e quais são as consequências disso?

Restruturações em grandes empresas eliminam vagas de supervisores, dificultando a recolocação de profissionais experientes

Grandes empresas nos EUA enfrentam desafios operacionais após eliminarem cargos de supervisores intermediários. (Anchalee Phanmaha/Getty Images)

Grandes empresas nos EUA enfrentam desafios operacionais após eliminarem cargos de supervisores intermediários. (Anchalee Phanmaha/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 07h59.

Nos últimos dois anos, empresas americanas têm promovido uma reestruturação acelerada de suas hierarquias corporativas, eliminando cargos de gestores intermediários em nome da "eficiência". A Meta, sob a liderança de Mark Zuckerberg, cortou camadas de supervisão que ele descreveu como "gerentes gerenciando gerentes". O movimento foi seguido por outras grandes corporações, como a Citi, que reduziu de 13 para 8 suas camadas de gestão, e a UPS, que eliminou 12 mil cargos de supervisores.

De acordo com a Business Insider, essas mudanças, chamadas de "grande achatamento", vão além das demissões: os cargos eliminados não estão sendo recriados. Segundo dados da Revelio Labs, uma provedora de análises de força de trabalho, as vagas de gestão intermediária continuam 42% abaixo do nível de abril de 2022, mesmo após uma recuperação no mercado de trabalho.

O impacto histórico e os desafios atuais

A eliminação de cargos gerenciais começou na década de 1980, quando a globalização impulsionou uma filosofia de gestão focada na redução de custos. No entanto, estudos mostram que gestores intermediários desempenham papéis essenciais, como motivar equipes, comunicar informações críticas e resolver problemas operacionais. Apesar disso, gestores experientes estão enfrentando dificuldades para se recolocar.

Dados mostram que, em 2022, 32% das demissões nos Estados Unidos foram de gestores intermediários, comparados a 20% em 2019. Muitos desses profissionais estão agora competindo por vagas não gerenciais, mas enfrentam barreiras, como serem considerados "superqualificados".

O impacto para as empresas e perspectivas futuras

O impacto dessa redução é sentido não apenas pelos gestores dispensados, mas também pelas empresas. Supervisores remanescentes estão sobrecarregados, enquanto funcionários juniores, privados de mentores, demonstram maior desengajamento. Especialistas apontam que, a longo prazo, a falta de gestores intermediários pode afetar negativamente a produtividade e o desempenho organizacional.

A recuperação das vagas de supervisores dependerá de como as empresas avaliarão os resultados dessas mudanças. Embora alguns CEOs defendam que estruturas menos hierárquicas aumentem a eficiência, a realidade operacional pode levar à revalorização do papel dos gestores intermediários.

O desafio dos profissionais no mercado atual

Profissionais como Rick, ex-gestor de 54 anos, relatam a frustração de enfrentar rejeições frequentes no mercado. "Só quero uma oportunidade de mostrar meu valor", disse ele, cuja experiência agora parece ser mais uma barreira do que um diferencial.

A tendência de achatamento corporativo revela um paradoxo: o conhecimento e a experiência, que deveriam ser ativos valiosos, tornam-se obstáculos em um mercado que elimina as posições que esses profissionais ocupavam.

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