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Cafezinho? Papo de corredor? Os riscos da volta à firma antes da vacina

Hábitos comuns da cultura corporativa se tornaram inimigos da retomada ao trabalho presencial antes do fim da pandemia

 (Daniel Grizelj/Getty Images)

(Daniel Grizelj/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 08h00.

Para quem estava com saudades da rotina do escritório, a volta pode decepcionar. Hábitos comuns da cultura corporativa se tornaram inimigos da retomada antes do fim da pandemia.

O papo no corredor? Nem pensar. A primeira regra da nova convivência na firma é manter o distanciamento a todo momento. Em alguns lugares, setas indicam a direção que as pessoas devem andar para não se cruzar ao entrar em sala ou caminhando pelos corredores.

A simples pausa para o café, por exemplo, precisou ser repensada. O planejamento cuidadoso dos novos protocolos e pontos de risco é primordial para trazer os funcionários de volta em segurança.

Manter a distância de mais de 1,5 metro, se sentar em lugares intercalados, usar máscaras o tempo todo. Essa é a nova realidade das empresas que já resolveram voltar às atividades presenciais.

Na reportagem “Em casa e na firma” da revista EXAME, uma pesquisa da KPMG revela que 51% dos executivos planejam chamar uma parte de seus funcionários de volta ao batente presencial até o fim do ano.

Na pesquisa, 90% dos respondentes disseram que o uso de máscaras será obrigatório. Outros protocolos de segurança comuns serão a medição de temperatura (68%) e questionários de saúde (48%). E 27% farão testes periódicos de covid-19.

Como não se vive só de café, outro ponto preocupante é a alimentação. Alguns escritórios optaram por bloquear o acesso à copa, outros adotaram turnos para contornar o horário do almoço.

Na Raia Drogasil, o refeitório mudou para se adequar ao novo contexto. As refeições são servidas em embalagens individuais descartáveis e os utensílios são embalados; e o distanciamento deve ser mantido.

Sérgio Athié, dono do Athié Wohnrath Arquitetos, vê que essa é uma tendência e grande preocupação dos empregadores. Poucos profissionais voltaram ao ambiente, e a maioria dos restaurantes nas redondezas não abriram.

Em seu escritório, foi contratada uma pessoa para manejar a higienização e entrega de comidas. Eles também utilizam um aplicativo para agendar o horário de almoço e evitar aglomerações.

Athié conta que eles instalaram uma estação de reconhecimento facial para ter acesso ao local. Mas, segundo ele, isso não é regra: os investimentos e demandas para reformar o escritório são variáveis, pois muitas empresas não estão dispostas a pagar por itens que serão descartados passada a crise de saúde.

“Quando falamos de redesenhar o escritório, são poucas. Muitas vão esperar o próximo ano e a vacina para fazer algo pensando nas demandas pós-pandemia. Apenas mudando o layout e adaptando a higienização, a maioria já correu atrás disso”, fala ele.

Um exemplo de investimento de não se tornará permanente são as divisórias de acrílico.

Segundo Anarita Buffe, diretora de Desenvolvimento de Projetos e Consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein, que tem ajudado as empresas nessa adaptação, elas não são obrigatórias. O distanciamento correto de 1,5m já é efetivo.

“As maiores preocupações de quem nos procura são o espaço e as pessoas”, diz Anarita Buffe, diretora do Hospital Albert Einstein, que dá consultorias sobre a retomada.

Na cartilha do Einstein estão sugestões que devem nortear a arquitetura de escritórios no futuro, como layouts das baias em zigue-zague para dificultar o caminho do vírus.

O escritório seguro é aquele em que se evita ao máximo pontos comunitários de contato, como botões ou maçanetas. A higienização de todas as superfícies precisa ser facilitada, então as mesas devem ficar limpas de papeis ou itens pessoais.

As janelas devem ficar abertas, ou o sistema de ar condicionado precisa ser limpo ou ter filtros adicionais. Intervenções visuais servem para comunicar os comportamentos novos, como setas para separar o fluxo de entrada e saída, assim evitando que as pessoas se cruzem, ou indicações de assentos alternados para se acomodar.

Outra prática indicada é que todo o equipamento de trabalho, como computadores e teclados, seja individual e o funcionário leve com ele para casa, o que facilita no rodízio de lugares e na limpeza.

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