Ilustração de pessoas sorrindo (Breno Ferreira / VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2014 às 10h31.
São Paulo - Um dia, durante uma caminhada por Buenos Aires, nesses momentos de descanso em que se tem tempo de reparar na cidade ao redor, notei que ninguém sorria. Quando chamei a atenção do amigo que me acompanhava no passeio, ele também ficou surpreso. Faça esse exercício e provavelmente o resultado será semelhante. Quase ninguém está sorrindo.
Radical e contestador, o documentário brasileiro Tarja Branca afirma: “A máquina da sociedade, organizada do jeito que está, precisa que uma fatia considerável das pessoas tenha de fazer coisas que não goste durante 8 horas por dia para que o mundo funcione”. E joga uma luz neste mundo de escassez de tempo, escassez de espaço e escassez de tudo em um lugar onde “não há saídas, somente ruas e avenidas”.
O filme entrevista o artesão Hélio Leites, que conta como passou 25 anos carimbando cheques devolvidos de pessoas que não conhecia, até descobrir que podia sair do banco e fazer o que gostava.
Falta sorriso nas ruas. As pessoas precisam brincar mais. A brincadeira é um assunto profundamente sério. Uma pesquisa da Universidade Harvard sobre as sinapses do brincar mostra que criar um brinquedo prepara a criança para desenvolver estratégias quando adulto e que a concentração empregada numa brincadeira é do mesmo tipo que será usada no trabalho.
Um estudo polêmico, liderado pela Universidade de Oxford, aponta a existência do quociente espiritual. Vem sendo chamado de “a terceira inteligência”, que harmoniza intuição, criatividade, racionalidade, valores éticos e crenças. É ela que abre novas portas de conhecimento para qualquer assunto e atividade que envolva mais do que dois seres humanos, e prova que não basta ser um gênio das finanças e da gestão se não souber lidar com as emoções e os sentimentos.
Reserve um tempo diário para sorrir, esvaziar a mente e meditar. Invista alguns minutos para estimular as sinapses do brincar e explorar o quociente espiritual. Enquanto isso, vou ser como o Feijó, personagem de Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa — “hoje se faz o que não se faz”.
E, como uma criança, apoiarei o copo na parede e escutarei uns barulhos estranhos, que eu sei, são os velhos paradigmas caindo, para erguermos o novo. Bora lá brincar, sorrir e mudar o velho mundo dos negócios? Bora lá!