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Até que o dinheiro os separe

A falta de diálogo sobre grana é o principal motivo de brigas e até de separação nos relacionamentos. Mas, com alguns ajustes financeiros (e na comunicação), é possível viver em paz com seu amor e seu dinheiro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2013 às 19h36.

São Paulo - Para muitos casais a palavra dinheiro soa como um problema sem solução. Se um quer comprar um carro zero e o outro fazer uma viagem para o exterior, a briga pode estar arranjada. E discutir com o amado por causa de dinheiro não tem nada de moderno. No século 17, Luiz 16, rei da França, vivia em pé de guerra com sua mulher, Maria Antonieta.

O casal não podia ser considerado um bom exemplo quando o assunto era finanças pessoais. Parte da discórdia era por culpa da rainha, muito perdulária. Uma vez, quando o país passava por sérios problemas financeiros, Maria Antonieta tirou o rei do sério.

Ela voltou para casa com um par de brincos que custava o preço de uma casa e por isso ficou conhecida como Madame Déficit. Mas por que o dinheiro atravessou séculos causando tantos desentendimentos entre os casais? 

De acordo com especialistas financeiros, além de o assunto ser um tabu para a sociedade, as pessoas têm receios ao lidar com sua grana, por isso elas preferem não falar sobre dinheiro, até mesmo com os amigos e parentes mais chegados.

“Conversar sobre dinheiro é exibir quanto poder você tem”, diz Joel Birman, psicanalista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Por causa disso, a insegurança é a grande vilã dos não abonados, que podem se sentir menos poderosos quando falam ou demonstram sua pouca capacidade financeira.

Já quem tem muito dinheiro na conta corrente pode achar que vai ser alvo da cobiça ou da inveja dos outros, caso exponha sua capacidade monetária. A solução para essas pessoas é o silêncio. 

A americana Victoria Collins, psicóloga e consultora financeira, escreve em seu livro Os Casais e o Dinheiro (Editora Celebris) que as pessoas falam sem restrições de assuntos econômicos globais, como as oscilações da bolsa de valores. Porém, quando se trata de falar sobre aspectos mais pessoais do dinheiro, elas se calam.


“Enquanto os assuntos de macroeconomia são ventilados sem restrição, os assuntos da microeconomia são levados para os quartos privados e são sussurrados.” O resultado é que sem diálogo fica difícil manter um relacionamento amoroso financeiramente saudável. Por isso conversar é a melhor saída para evitar brigas. 

O importante é que o casal crie uma rotina para falar do dinheiro não apenas quando as contas estiverem no vermelho. “O assunto dinheiro tem de fluir com naturalidade e deve ser tratado também nos momentos das vacas gordas”, sugere Conrado Navarro, planejador financeiro pessoal e autor do livro Vamos Falar de Dinheiro? (Editora Novatec).

Aliás, um bom momento para reavaliar os gastos e planejar os investimentos é quando a grana não é um problema para o casal. Se algo der errado — um dos dois ficar desempregado, por exemplo —, o casal vai estar mais preparado para enfrentar a situação adversa. “Se o cenário que era bom mudar de uma hora para outra, o casal que nunca teve cumplicidade para tratar do tema dinheiro vai ter dificuldades para enfrentar os problemas”, diz Conrado. 

A jornalista Marília Cardoso escreveu o livro Você Sabe Lidar com o Seu Dinheiro? (Editora Artemeios) com base no próprio relacionamento. Em 2005, quando conheceu seu namorado e atual noivo, Marília percebeu que o parceiro tinha uma vida incompatível com o salário.

“Ele me levava para restaurantes caros, comprava roupas luxuosas e pagava as contas dos amigos”, diz a jornalista. Ela, então, decidiu investigar a situação e questionou a origem de tanto dinheiro. O namorado explicou que, apesar do luxo, a sua conta corrente estava no vermelho.

Para ajudá-lo, Marília jogou duro. Ela disse que, se ele continuasse esbanjando dinheiro, seria impossível os dois terem uma vida juntos. Depois de várias conversas e algumas discussões, o namorado conseguiu, aos poucos, mudar os hábitos financeiros e hoje os dois já planejam a festa do casamento e a lua de mel.

Dinheiro é a causa de divórcios

Marília e o namorado saíram ilesos de uma possível separação, mas muitos casais não conseguem estabelecer uma comunicação franca, capaz de resolver as inquietações financeiras. Uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup nos Estados Unidos, com 1.500 casais recém-divorciados, mostrou que para 40% deles o dinheiro foi o principal motivo das brigas que levaram à separação. Aqui no Brasil, a realidade não é diferente.


A H2R, consultoria de pesquisa em atendimento dos consumidores, entrevistou 150 pessoas na cidade de São Paulo, com idade entre 18 e 45 anos. O estudo, feito em 2004, revelou que 38% dos casais brigavam por causa de dinheiro. De acordo com Rubens Hannun, autor da pesquisa, mesmo depois de seis anos, o dinheiro continua sendo um dos maiores problemas para quem divide o mesmo teto.

“Com a maior participação da mulher no mercado de trabalho e o envolvimento dela nas finanças, as discussões aumentaram”, explica Rubens, que é diretor-presidente da H2R.

Mas, se o dinheiro é um desafio para você e o(a) seu(sua) parceiro(a), não se desespere. Quando a dupla amor e dinheiro está em harmonia em uma relação amorosa, ela faz muito bem ao casal. De acordo com um estudo realizado pelo professor norte-americano Jay Zagorsky, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, o casamento aumenta o patrimônio de um casal em cerca de 93%. 

Converse antes, gaste depois

Não existe uma fórmula mágica para ter uma vida financeira saudável a dois. Mas, com alguns ajustes, vai ficar mais fácil resolver os problemas que acabam com a paz do seu relacionamento. Conversar sobre dinheiro ainda durante o namoro ou o noivado é o primeiro passo para evitar discussões futuras.

Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e sócio-diretor da Cerbasi e Associados, de São Paulo, fala em seu livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Editora Gente) que o melhor caminho é conversar antes de gastar. Se decidir sair com seu noivo para jantar, por exemplo, combine tudo antes.

Se ele estiver sem dinheiro, você pode pagar, e a conta fica para ele numa próxima vez. Este é um exercício para criar o hábito de conversar com o seu parceiro sobre dinheiro sempre, até mesmo depois que vocês casarem. 

Aliás, para quem está casado e não parou para pensar em como organizar as finanças, o primeiro passo é saber quanto cada um ganha — essa informação vocês jamais devem omitir um do outro. Depois, coloque em uma planilha todas as fontes de renda, as despesas, as dívidas e os investimentos financeiros.


Com isso vocês vão descobrir o percentual da receita que está comprometido com as despesas. É importante que o orçamento seja revisado, pelo menos, uma vez a cada mês. Quem cria o hábito de fazer um orçamento mensal identifica com mais facilidade os gastos que estão deixando as contas mais pesadas, ou que estão impedindo a realização de algum sonho.

“Com tudo detalhado, o casal tem mais disposição para alcançar os sonhos, como se fossem desafios”, diz Silvia Alambert, educadora financeira, de São Paulo. Você vai ver que o bate-papo e o bom planejamento vão contribuir para que vocês se sintam mais seguros na relação. 

Se em algum momento for necessário cortar as idas ao cinema, os dois vão saber por que a decisão foi necessária. Por outro lado, se apenas um está por dentro das finanças da casa e decide sozinho cortar os gastos com jantares porque a grana está curta, o outro pode achar que a atitude do parceiro foi desnecessária. “É preciso estar claro para os dois por que a decisão foi tomada”, salienta Keyler Carvalho Rocha, professor de finanças da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

Defina quem paga as contas

Os especialistas em finanças dizem que a contribuição com as despesas da casa deve ser proporcional ao salário, ou seja, quem tem uma renda maior deve contribuir mais. Se seu salário é de 5.000 reais e o de seu parceiro é de 2.000 reais e os gastos somam, em média, 5.000 reais por mês, o ideal é que um contribua com 4.000 reais e o outro com 1.000 reais.

“Uma alternativa é usar o salário de um para pagar as contas e o do outro para investir”, diz Ricardo Fairbanks, da consultoria Dinheiro em Foco, de São Paulo. E para organizar o fluxo do dinheiro abra uma conta conjunta. 

Vocês podem usá-la para pagar as despesas da casa, como alimentação, aluguel, água, luz e telefone. Mas atenção: seja transparente na hora de usar a grana depositada na conta conjunta, afinal o dinheiro é dos dois. “Os gastos não podem surpreender o outro”, aconselha o professor Keyler.

É importante que, mesmo tendo a conta conjunta, cada um mantenha uma conta corrente separada, para não acabar com a privacidade. Se você quer presentear a pessoa amada, certamente não vai querer que ela saiba qual foi o valor gasto com o presente, não é? Além disso, respeite a forma como o parceiro vai gastar a grana.

“Permita essa independência e aprenda a aceitar as diferenças”, prega a jornalista americana Justine Trueman, autora do livro Fique Rica Sem Culpa (Editora Gente). 

Mas, se apenas um trabalha, essa pessoa vai ter de arcar sozinha com as contas da casa e com os investimentos. De qualquer forma, o importante é que os dois contribuam para o bem-estar da família e entendam o papel do outro na relação. Um exemplo é a mulher que abdica da carreira para cuidar dos filhos e da casa.


“Quem não trabalha tem de dar toda a estrutura para que o outro ganhe dinheiro”, diz Tatiane Menezes, professora de economia da Universidade Federal de Pernambuco. Por isso, mesmo se a receita for proveniente do trabalho de um só, os dois devem cooperar. A dica é: nunca centralize as responsabilidades das finanças pessoais, partilhe-as.

Mesmo quando um dos dois não tem receita, é recomendável que tenham uma conta conjunta. “Geralmente, quem fica em casa acaba sendo o responsável por ir ao supermercado e pagar as contas”, diz Tatiane. No entanto, se o parceiro não tem o mínimo controle das finanças, é um risco deixá-lo cuidar do dinheiro. Nesse caso, estipule uma mesada. 

Depois que vocês decidirem como organizar as finanças da casa, precisam pensar no futuro. E o primeiro passo para garantir uma vida financeira equilibrada é a disciplina. Claro que vocês vão ter de conversar sobre as metas e os prazos para alcançá-las. Saber o que o outro quer fazer com o dinheiro daqui a um, cinco, dez ou 15 anos é essencial para evitar discussões.

Se você quer usar o dinheiro em um ano, por exemplo, o ideal é investir em aplicações conservadoras. Mas, se o seu parceiro não souber da urgência que você tem para usar a grana, ele pode aplicá-la na bolsa de valores, que é um risco e tanto para quem vai usar o dinheiro no curto prazo.

O ideal é montar um portfólio que agregue o perfil financeiro e os objetivos do casal. Para isso, vocês podem buscar o auxílio de consultores financeiros, corretoras de valores e dos gerentes de bancos. 

A mulher cuida do dinheiro

Desde que a mulher avançou no mercado de trabalho, as decisões sobre o que fazer com o dinheiro da família não pertencem somente ao homem. A empresa Sophia Mind,  com foco em pesquisa e inteligência de mercado, do Rio de Janeiro, fez uma pesquisa com 2 096 mulheres no país, por meio de um questionário online.


O levantamento, realizado em janeiro deste ano, mostrou que 77% das mulheres possuem metade do poder de decisão das compras domésticas. Entre as casadas, o percentual sobe para 91%. “O dinheiro da mulher está em jogo, por isso ela quer participar das decisões que antes pertenciam apenas ao homem”, explica Bruno Maletta, sócio-diretor da Sophia Mind.

Por outro lado, a participação da mulher é menor quando o assunto é pagar as contas: 39% das casadas contribuem pouco ou nada com as despesas da casa. Mas será que é confortável para o homem ver a mulher avançar nas finanças da família? 

Para Joel Birman, da UFRJ e da UERJ, a situação é um tanto desafiadora para o homem e também para a mulher. Para ela, casar com alguém que receba um salário inferior não é algo natural, principalmente porque a mulher ainda enxerga o homem como provedor e se sente mais segura quando o parceiro participa das decisões financeiras.

Uma prova dessa dependência é que, apesar de as mulheres avançarem nos investimentos financeiros, 63% decidem onde e como aplicar o dinheiro junto com o parceiro, segundo a pesquisa da Sophia Mind. “A transformação da igualdade dos gêneros ainda está se processando”, salienta o professor Joel.

Por isso, para o homem que é casado com uma mulher que ganha mais do que ele, mas não consegue enfrentar a situação numa boa, a alternativa é pensar que a grana extra está contribuindo para que os dois tenham uma vida mais confortável. Com mais dinheiro dentro de casa e disciplina, o casal vai conquistar seus sonhos com mais facilidade.

O gastador e o econômico 

As relações amorosas estão cada vez mais efêmeras. Joel explica que o individualismo nas parcerias é um fenômeno social recente e pode prejudicar a vida a dois. Antigamente, os casais tinham como objetivo construir um patrimônio, porque acreditavam que passariam a vida toda um ao lado do outro. Hoje, a situação é diferente.


Não quer dizer que as pessoas deixaram de acreditar no casamento eterno, mas a opinião ficou mais dividida. “Na relação amorosa contemporânea, os casais dividem as contas e os investimentos.

Eles desconfiam, de maneira consciente ou inconsciente, que a relação pode não ser para sempre”, diz Joel. Para esses casais, com todas as contas separadas, o risco de ter algum problema financeiro depois de uma separação conjugal é menor. Porém, resultado do excesso de individualidade é o distanciamento. 

A jornalista Justine Trueman afirma que os casais com prioridades diferentes e que não conversam sobre dinheiro se concentram em realizar apenas os desejos individuais. Esse é o passo inicial para falir um casamento. “As esposas podem começar a gastar mais do que sabem que poderiam gastar e os maridos talvez passem a investir separadamente sem contar para elas”, escreve Justine no livro Fique Rica Sem Culpa.

Mas quem tem o hábito de colocar as cartas na mesa consegue interpretar o tipo de relação que o parceiro tem com o dinheiro. Esse é o momento ideal para entender que existem diferenças, sim, e enxergar que as prioridades talvez sejam diversas também: a prioridade para um homem pode ser a compra de gadgets e equipamentos eletrônicos; já para uma mulher pode ser a aquisição de bolsas e sapatos. Se você poupa metade do salário e se relaciona com alguém que gasta tudo o que ganha, tenha calma. 

Os especialistas dizem que o ideal é fazer concessões, por isso nunca diga “não concordo” antes de analisar uma situação. “Caso contrário, um começa a tomar decisões escondido do outro e o resultado é a infidelidade financeira”, diz a educadora Silvia Alambert. Se o seu parceiro costuma viajar todos os fins de semana e esses gastos  pesam no final do mês, busque um equilíbrio: proponha diminuir a frequência dos passeios. “Se um é gastador, o ideal é que o outro haja com racionalidade”, diz Ricardo, da Dinheiro em Foco.

Outra solução é delegar responsabilidades. Fazer com que o gastador cuide do orçamento da família é um bom começo. A cada 15 dias o esbanjador pode ficar responsável por guardar os recibos e alimentar a planilha de gastos, por exemplo. Há ainda a possibilidade de ele se comprometer com a compra de um bem que será usado por toda a família.


“Quando há essas tarefas, o casal cria um pacto financeiro que aos poucos contribui para o controle dos gastos”, diz Conrado Navarro, planejador financeiro. Além disso, quem tem exemplos concretos de que cuidou bem das finanças possui um ótimo argumento para desestimular o esbanjador. Se você poupou para fazer um curso de especialização fora do país, por exemplo, mostre ao seu parceiro que o sonho só foi alcançado porque houve disciplina financeira. Quem não gosta de ouvir e praticar bons exemplos, não é? 

Para a vida toda

Os nossos pais são os principais influenciadores dos nossos hábitos financeiros. Quem não poupa e vive cercado de dívidas pode criar uma criança que não terá o hábito de guardar dinheiro quando for adulto. A jornalista Justine conta que em alguns relacionamentos amorosos as pessoas não falam sobre dinheiro porque se sentem culpadas por hábitos perdulários.

Uma culpa que pode vir desde a infância. “Talvez seu companheiro já tenha tentado conversar sobre dinheiro, mas você pode ter desconversado e fingido que tudo estava bem, quando na verdade não estava”, diz Justine.

Se este é o seu caso, saiba que reviver o passado é a melhor maneira de mudar os hábitos financeiros. “Assim, você consegue verificar se o que aprendeu está ou não ajudando”, diz Valéria Meirelles, psicóloga e terapeuta de casais, de São Paulo.

Se você não quer que seu filho cresça sem disciplina financeira, faça com que participe das decisões sobre dinheiro em sua casa. Dar um cofrinho para guardar moedas e mostrar que todo dinheiro economizado pode ser usado para comprar algo de que goste muito, como um videogame, é um bom começo.

“Os filhos vão aprender a guardar grana para ter uma reserva financeira no futuro”, diz  Valéria. Além disso, os pais que têm uma comunicação franca e rotineira sobre dinheiro contribuem para que os filhos cresçam com a mesma disciplina financeira. 

A especialista em educação financeira, Cássia D’Aquino, de São Paulo, explica que as atitudes dos pais influenciam as crianças muito mais do que um discurso. “É nas nossas atitudes que mostramos aos nossos filhos a ética e os valores que temos”, diz ela. Então fique de olho na maneira como você está se comportando perto de suas crianças.

Uma mãe que esconde do pai a compra de uma bolsa nova ou de um sapato extra não está se preocupando nada para que seu filho cresça e aprenda a ser um adulto financeiramente educado. No futuro é provável que a situação volte a se repetir: um adulto que prefere não falar sobre dinheiro, até mesmo com os amigos e parentes mais chegados.

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