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O tipo de "popularidade" que realmente importa na sua vida

Nossa "popularidade" na juventude explica muito do que ocorre pelo resto de nossas vidas. Mas o que realmente importa não é a sua posição social

HIGH SCHOOL: autor de livro defende que há dois tipos de desejos por popularidade competindo dentro de nós / Al Messerschmidt/ Getty Images

HIGH SCHOOL: autor de livro defende que há dois tipos de desejos por popularidade competindo dentro de nós / Al Messerschmidt/ Getty Images

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2017 às 07h25.

Última atualização em 18 de setembro de 2017 às 11h13.

Popular: The Power of Likability in a Status-Obsessed World

Autor: Mitch Prinstein

Editora: Viking

288 págs

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O ensino médio nunca nos abandona completamente. Carregamos não só memórias, mas também nossa forma de ver e de interagir com o mundo. E não é tanto pelas ideias e discussões que travamos na adolescência, por mais formadoras que tenham sido. Aquilo que mais nos marca é a posição social que ocupávamos nos anos de formação. Em poucas palavras, aquilo que pode ser descrito como “popularidade”.

Nossa popularidade na juventude ajuda a explicar muito do que ocorre – e do que fazemos – pelo resto de nossas vidas. Este é o tema central de “Popular: The Power of Likability in a Status-Obsessed World“, do psicólogo acadêmico Mitch Prinstein.

O argumento do livro se centra sobre dois tipos diferentes de popularidade. O primeiro é o que nos vem automaticamente à mente: ocupar o topo da hierarquia de poder num dado grupo. O capitão do time de futebol, a cheerleader (estamos falando dos EUA…).

Esse tipo, felizmente, não importa tanto assim no longo prazo. Aliás, pode até ser negativo: o desejo de estar no topo produz ansiedade e pode levar a comportamentos autodestrutivos, além do status relativo ser algo muito variável.

A popularidade que realmente importa, argumenta Prinstein, é a habilidade de fazer os outros gostarem de nós; o ser visto como uma pessoa legal, confiável, cuja companhia é prazerosa. E essa sim é uma características com implicações significativas no longo prazo. Pessoas mais populares nesse sentido vivem mais, têm mais sucesso acadêmico e profissional e estão até mesmo menos suscetíveis a doenças.

Esse tipo mais produtivo de popularidade se manifesta em ações do dia a dia: ser capaz de conversar com outras pessoas sem monopolizar a fala; não perseguir o benefício individual a todo e qualquer custo; ter prazer em ajudar os outros.

Pessoas que carecem dessas habilidades têm maior chance de viver sozinhas, mais dificuldade em conseguir ajuda alheia e, para completar, tendência maior de culpar seus fracassos nas outras pessoas. Por isso, serão também menos dedicadas e se autossabotarão com mais frequência.

Esses dois tipos de popularidade competem dentro de nós, e Prinstein mostra os componentes biológicos e cerebrais por trás da busca por status ou por ser uma pessoa boa para os outros. No mundo atual, o primeiro tipo tomou a dianteira de forma inegável: redes sociais, reality shows, esportes e shows de talento todos nos levam à guerra constante pela atenção alheia: por ser o mais visto, o mais curtido, o mais desejado. Isso tem um efeito deletério na qualidade de vida. Deixamos as pressões que se iniciam na adolescência falar mais alto do que as noções básicas de decência e boa fé aprendidas na infância.

No final das contas, seu livro é um chamado a uma postura mais razoável do indivíduo frente à sociedade. Se encararmos a popularidade como um campeonato, apenas alguns poderão vencer, e aí o resultado envolverá necessariamente frustração e derrota para a maioria. Mas se ao invés do status, as pessoas buscarem ser amadas umas pelas outras, podemos viver vidas mais felizes e de uma forma que inclua a todos.

Não há muito que objetar na tese de Prinstein e ele faz um bom trabalho de levantar as evidências científicas de tudo o que fala. Contudo, é difícil escapar da lógica da busca por status; ela ativa nossos centros de recompensa cerebrais de uma maneira muito intensa.

E ela gera alguns ganhadores. Estar no topo por alguns instantes, ainda que a roda da fortuna gire e nos derrube mais tarde, pode justificar o risco de fracassar e não chegar a lugar nenhum. Pelo bem da sociedade, espero que pensamentos como os de Prinstein cheguem longe e persuadam as pessoas a competir menos e a se tornarem indivíduos mais cooperativos. Suspeito, contudo, que dentro de cada um de nós, morará ainda o adolescente do ensino médio, cujo ímpeto competitivo é também essencial para dar algum sal à vida.

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