Carreira

As estratégias para descobrir mentiras nos currículos

Antecedentes criminais, dados do Serasa e até salário pode entrar na mira dos recrutadores na hora de checar informações

Dependendo da mentira no currículo a chance de conseguir um emprego pode diminuir (Getty Images)

Dependendo da mentira no currículo a chance de conseguir um emprego pode diminuir (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 11h08.

São Paulo – Que algumas pessoas não resistem e acabam mascarando alguma informação no currículo, não é novidade. Os recrutadores sabem disso. E têm ao seu dispor uma série de ferramentas para pegar candidatos mentirosos em flagrante.

Pesquisa realizada neste ano pela Robert Half em 11 países, mostra que, aos olhos dos recrutadores, os currículos não são tão confiáveis. Dos 2.500 executivos de finanças e recursos humanos entrevistados, 48% afirmam que os candidatos exageram.

No Brasil, o dado é que 42% dos 208 ouvidos não confiam nos currículos. E, para a maioria dos executivos, os candidatos mentem mais na hora de descrever suas reais responsabilidades na carreira.

Para evitar armadilhas desse tipo, Marcelo Braga, sócio da Search Consultoria explica que na maioria dos casos, a checagem de referências é realizada na etapa final do recrutamento. Entretanto, segundo ele, há outras checagens “informais” que acontecem ao longo da seleção.

“Normalmente conhecemos a estrutura e trajetória das empresas. Como entrevistamos muitos profissionais, é relativamente fácil descobrir se fulano está mentindo sobre o cargo ou a remuneração cruzando as informações e dados que eles fornecem de uma mesma empresa”, explica Alexandre Fantozzi, sócio da empresa de recrutamento e seleção Fantozzi & Associates.

De acordo com o consultor de recrutamento da Robert Half Alexandre Attauah a comparação das informações do currículo ocorre também em redes sociais (Facebook e Orkut) e profissionais (LinkedIn).


Outra maneira é a busca de informações com superiores, pares, funcionários das empresas recentes ou anteriores que o candidato listou. “As abordagens sempre são confidenciais e não recorremos somente às pessoas indicadas pelo candidato, entramos em contato com qualquer pessoa que possa ter contato com ele”, explica.

“Teve um episódio em que o candidato listou um curso de MBA no mesmo período em que o nosso cliente tinha feito. Só que ele não se lembrava de ter tido ele como colega. No fim, descobrimos que ele fez um curso de uma semana e não MBA como tinha afirmado”, diz Braga.

Fantozzi alerta que o candidato que mandar dois currículos para a mesma consultoria, com informações contraditórias ou diferentes, é desconsiderado do banco de dados.

“Temos contato com as principais faculdades e acesso à lista de formandos, sabemos se o profissional tem um curso inacabado em vez de completo. É um trabalho parecido com o de detetive”, afirma. O especialista explica que se, no currículo, ele passar uma imagem e na entrevista presencial passar outra, a checagem é refeita.

Attauah ressalta que muitas empresas são proibidas por lei de fazer determinadas checagens, mas as consultorias podem. Fantozzi completa que às vezes são levantados até antecedentes criminais ou consulta ao Serasa, por exemplo. Por isso, a recomendação é clara: que a verdade seja dita sempre. Alerta aos mentirosos: o Projeto de Lei 6561/09 que tramita na Câmara dos Deputados, do deputado Carlos Bezerra (PMDB/MT), prevê pena de dois meses a dois anos para quem mente no currículo.

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