Barris de petróleo (Regis Duvignau/Reuters)
Claudia Gasparini
Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 15h00.
Última atualização em 26 de dezembro de 2017 às 15h01.
São Paulo — Antes prestigiadas, as carreiras ligadas à indústria de petróleo e gás foram gravemente atingidas pela crise da Petrobras e pelas investigações de esquemas de corrupção no setor de infraestrutura e energia. Porém, ao longo de 2017, esse mercado passou por um processo de rearranjo e, como consequência, deve conhecer dias melhores em 2018.
Pelo menos é o que garante Raphael Falcão, diretor da consultoria de recrutamento HAYS Experts. Segundo ele, houve um movimento geral na indústria, capitaneado por mudanças estruturais na Petrobras, em direção a uma maior transparência e abertura à participação estrangeira. “Isso está trazendo muito mais otimismo sobre o futuro desse mercado, ainda que saibamos que nunca vamos voltar à euforia de 2011, 2012”, explica ele.
No ano que passou, a situação de quem trabalha com petróleo e gás foi marcada por dois fenômenos que também apareceram em outros mercados: a queda no número de contratações, a juniorização de certos cargos e a inclusão de tarefas operacionais no rol de obrigações de alguns gestores.
Outro fenômeno importante, mais específico desta indústria, foi a substituição de estrangeiros — que haviam sido contratados nos tempos áureos do petróleo — por profissionais brasileiros.
Somadas todas essas reestruturações, diz Falcão, o saldo que ficará para 2018 deve ser a retomada das contratações em algumas áreas específicas.
Uma delas é a que envolve desenvolvimento e exploração do petróleo. “Graças aos bids que tivemos em 2017 e que teremos no próximo ano, a atividade de pesquisa de exploração irá voltar e o desenvolvimento continua sendo relevante pois a produção não para”, explica Falcão.
Para se dar bem em 2018, quais características o profissional do setor deve ter? “O inglês continua sendo uma competência fundamental, sobretudo com a entrada de novos players internacionais”, responde o especialista.
Para executivos de nível sênior, também será esperada uma proximidade maior com a rotina da operação. Segundo o diretor da HAYS Experts, o líder desse mercado precisará demonstrar a capacidade de estar junto da equipe e apoiá-la nas decisões-chave do dia a dia.
Confira a seguir as 6 carreiras mais promissoras no mercado de óleo e gás em 2018, segundo projeções de consultorias consultadas pelo site EXAME:
O que faz: Estuda, analisa e interpreta dados sísmicos, gravimétricos, magnetométricos e geoquímicos para ter conhecimento profundo do bloco adquirido pela empresa. A análise dos dados coletados permite que a empresa tome a decisão da viabilidade econômica de produzir petróleo.
Perfil: Formação superior em geologia, geofísica ou engenharia de petróleo, com estudos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. O domínio do idioma inglês é exigido caso o profissional atue em empresas multinacionais.
Por que estará em alta em 2018: Segundo Jacqueline Resch, consultora da Resch RH, a valorização desses profissionais se explica pela retomada do setor de petróleo e gás, com destaque para a ocorrência da 14ª Rodada de Licitações de blocos para exploração de petróleo e gás natural da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em setembro de 2017.
O que faz: Conduz estudos que indiquem a viabilidade econômica da produção de petróleo nos blocos adquiridos.
Perfil: Graduação em engenharia ou em ciências econômicas é o mais comum. É preciso ter inglês fluente, forte conhecimento técnico dos aspectos de exploração e produção de petróleo, além de experiência com projetos financeiros e bom entendimento de assuntos econômicos, contemplando riscos e projeções.
Por que estará em alta em 2018: Assim como geólogos, geofísicos e petrofísicos, o analista econômico especializado em óleo e gás deve ser solicitado pelas empresas que apostam na retomada do setor, que deu sinais sobretudo no último trimestre de 2017, diz Resch.
O que faz: Faz a interface com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) ou uma agência específica do setor de gás, ajudando na criação e ao mesmo tempo trazendo para “dentro de casa” formas de operar dentro da legislação para ter o melhor retorno.
Perfil: Pode ser um advogado, mas também um administrador ou engenheiro. Geralmente tem um perfil multidisciplinar: tem conhecimentos da operação e, ao mesmo tempo, domina temas como legislação, tributos e finanças.
Por que estará em alta em 2018: As mudanças da lei do gás explicam a maior demanda por esse profissional no mercado, diz Raphael Falcão, diretor da HAYS Experts.
O que faz: Opera e cuida da manutenção de equipamentos.
Perfil: Formação em engenharia, com conhecimento de três âmbitos: civil, ligado à instalação; elétrica, principalmente quando envolve a questão solar; e mecânica. É importante ter inglês fluente, já que essa é a língua de todas essas empresas que atuam nesse setor.
Por que estará em alta em 2018: “O mercado de energia eólica e solar tem muito espaço para crescer, mas hoje já temos uma boa base instalada”, diz Falcão, da HAYS Experts. “Com isso, depois de certo tempo, essa base instalada já começa a demandar mais operação e manutenção”.
O que faz: É responsável por informar os produtos químicos necessários para o preparo do fluido de perfuração, bem como testar e tratar o fluido (lama de perfuração) para que ele mantenha suas propriedades físico-químicas dentro dos limites recomendados.
Perfil: Formação em engenharia de petróleo e gás, química ou mecânica. É fundamental ter experiência anterior em plataformas.
Por que estará em alta em 2018: Segundo análise da consultoria Resch RH, a nova rodada de licitações de blocos para exploração de petróleo e gás natural da ANP exigirá profissionais capazes de orientar a perfuração e outras etapas iniciais do processo.
O que faz: É responsável pela manutenção preventiva ou corretiva das máquinas das embarcações. Também gere prestadores de serviços, cuida da segurança da embarcação e implanta ferramentas de qualidade de modo a evitar paradas desnecessárias.
Perfil: Formação em engenharia naval. É necessário ter inglês e pós-graduação em gestão de qualidade.
Por que estará em alta em 2018: Segundo análise da consultoria Robert Half, esse profissional é visto como peça-chave para garantir a qualidade dos processos e, consequentemente, a rentabilidade do negócio.