Carreira

Apresentações de Power Point estão chegando ao fim no trabalho?

Executivos como Jeff Bezos e Steve Ballmer são 'haters' do modo clássico de apresentações

Mesmo criticado, o uso de slides ainda é muito presente nas empresas hoje (10'000 Hours/Getty Images)

Mesmo criticado, o uso de slides ainda é muito presente nas empresas hoje (10'000 Hours/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 10h19.

Quase quatro décadas após o lançamento do PowerPoint, a apresentação em slides continua sendo uma força considerável no mundo do trabalho.

De pitches de startups a cronogramas de compras do Pentágono, de reuniões trimestrais do conselho a treinamentos anuais sobre assédio, bilhões de apresentações são feitas a cada ano em um único formato rígido de informações: no PowerPoint ou em seus imitadores Keynote, Google Slides ou agora Figma Slides.

Segundo reportagem do Business Insider, "a humanidade continua a enfiar informações convincentes e vitais em slides de ideias únicas". Raramente o deck de apresentação — que por design dita um estilo unilateral de conversa — provoca perguntas profundas ou conversas com o público.

Mas alguns executivos importantes estão querendo sair desse esquema tradicional.

Jeff Bezos, Elon Musk, Sundar Pichai têm falado mal e até mesmo proibido apresentações de slides em reuniões, preferindo memorandos ou mesmo discussões aos moldes antigos sem recursos visuais. A Rippling, que faz software de RH e folha de pagamento, fez o impossível: concluiu uma rodada de financiamento de US$ 45 milhões sem nenhum slide.

Como tudo começou

Durante a maior parte do século XX, as reuniões no local de trabalho eram discussões pequenas e informais com alguns colegas. Na década de 1980, a revolução dos computadores estava gerando muito mais informações para cada empresa digerir e agir. Isso significava mais e maiores reuniões entre departamentos, o que significava mais apresentações, o que geralmente significava projetores de slides. Mas essas apresentações eram desajeitadas, complicadas e trabalhosas.

Então, em meados dos anos 80, uma startup de software em dificuldades chamada Forethought desenvolveu um programa gráfico pioneiro no qual os usuários de computador podiam encadear uma série de slides. Originalmente chamado de Presenter, foi lançado em abril de 1987, como PowerPoint. A Microsoft viu imediatamente seu potencial de mudar o mundo e comprou a Forethought apenas quatro meses depois por US$ 14 milhões.

Por um milésimo dos quase US$ 14 bilhões que a empresa investiu na OpenAI, a Microsoft adquiriu um programa que continua sendo indiscutivelmente mais presente na forma como as empresas operam.

Em 1993, a Microsoft estava arrecadando US$ 100 milhões com vendas de PowerPoint por ano; em 2003, US$ 1 bilhão. Na época, a empresa estimou que 30 milhões de apresentações de PowerPoint estavam sendo feitas todos os dias.

Haters

Mas os inimigos das apresentações por slide são muitos, incluindo alguns titãs da indústria de tecnologia. Há 20 anos, o então CEO da Amazon, Jeff Bezos, proibiu o Power Point nas reuniões entre altos executivos.

Em seu lugar, a empresa desenvolveu o que ficou conhecido como Amazon Six-Pager: um memorando detalhado descrevendo — em prosa narrativa, não em tópicos — as conversas e os problemas de negócios que fizeram surgir a necessidade de uma reunião.

"Eu odeio a maneira como as pessoas usam apresentações de slides em vez de pensar", falou Steve Jobs certa uma vez, acrescentando que "pessoas que sabem do que estão falando não precisam do PowerPoint".

Até mesmo Steve Ballmer, dono do Los Angeles Clippers em parte por causa do dinheiro do PowerPoint, xingou decks enquanto era CEO da Microsoft. "Eu não acho que seja eficiente", ele disse em 2011, acrescentando: "Na maioria das reuniões hoje em dia, você me envia os materiais e eu os leio com antecedência. E eu posso entrar e dizer: 'Eu tenho as quatro perguntas a seguir. Por favor, não apresente slides."

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