Isabel Pires, gerente executiva da Michael Page: “Tantos os profissionais como os empregadores têm de lidar diariamente com expectativas cada vez mais variadas para evitarem conflitos entre as gerações diferentes" (xavierarnau/Getty Images)
Repórter
Publicado em 26 de junho de 2024 às 06h24.
Três em cada dez profissionais brasileiros consideram inclusivo o ambiente de trabalho em que estão inseridos, segundo estudo global Talent Trends, da Michael Page, empresa de consultoria especializada em recrutamento de executivos. De acordo com o estudo, 32% dos respondentes do Brasil enxergam a inclusão em suas organizações atuais, ficando à frente da média global (26%) e da América Latina (28%).
“As recentes mudanças no mercado de trabalho, como a adesão ao modelo híbrido e a participação de até cinco geração diferentes em uma mesma empresa, tornaram ainda mais complexa a tarefa das organizações de implementarem diversidade e inclusão em suas rotinas”, diz Isabel Pires, gerente executiva da Michael Page.
Outro dado da pesquisa mostra que os entrevistados brasileiros lideram o ranking dos profissionais que sentem que podem ser autênticos no trabalho (42%), à frente dos indicadores globais (35%) e da América Latina (40%).
O estudo foi realizado em novembro e dezembro de 2023, em 37 países. Ele conta com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, que atuam em empresas de diferentes segmentos e portes.
O Brasil está adiantado quando o assunto é diversidade, mas há um grande desafio que o país precisa se atentar: o etarismo. Os respondentes do Brasil estão à frente no número de profissionais que já sofreram discriminação por causa da idade. Segundo o estudo, 46% dos entrevistados sofreram por causa da idade, mesmo percentual identificado na América Latina. Já no cenário global o índice é de 44%.
“Tantos os profissionais como os empregadores têm de lidar diariamente com expectativas cada vez mais variadas para evitarem conflitos entre as gerações diferentes que necessitam e esperam um olhar mais atento das companhias. Sabemos que o número de profissionais que se sentem incluídos ainda é baixo, então, ainda temos um grande caminho para percorrer não só no Brasil, mas regionalmente e globalmente”, afirma a executiva Pires.
A pesquisa apontou que 7% dos respondentes brasileiros já foram discriminados ou marginalizados em seu cargo atual, atrás das médias global (9%) e da América Latina (10%). O levantamento também procurou entender o cenário de denúncias de discriminações no ambiente de trabalho. Quem mais denuncia os casos são os profissionais do México (28%), seguidos por Chile (23%), Brasil (20%) e Peru (12%). A média na América Latina ficou em 23%.
“As empresas devem priorizar a criação de um ambiente inclusivo, em que todos os funcionários se sintam valorizados e possam ser autênticos no trabalho. Implementar políticas claras e eficazes de diversidade, equidade e inclusão é o primeiro passo para promover uma cultura aberta, com confiança e respeito, deixando os profissionais seguros para opinarem sobre o tema e denunciarem qualquer forma de discriminação”, afirma a gerente executiva da Michael Page.